14 | Regret

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Capítulo yulia bem cute

YUNA

— Por quê? Por que depois de mais de dez anos? — Questionei em voz alta, o rosto afundado nas mãos e meu coração em caos dentro do peito. — Por que agora?

— Talvez ela queira recuperar o tempo perdido. — Jisu murmurou agachada diante de mim, suas mãos pousadas suavemente nos meus joelhos.

Eu ri sem humor contra minhas palmas frias, a emoção ruim entalada na minha garganta e praticamente obstruindo as palavras de saírem. Ainda não sabia porque concordei em encontrá-la depois que a mulher que abandonou eu e meu pai implorou por uma chance de conversar comigo. Ainda não entendia o que eu tinha na cabeça. Não queria vë-la. Não queria. Qual seria o sentido?!

— No fundo você quer uma explicação, Yu. Foi por isso que comprou a passagem dela pra Los Angeles e foi por isso que concordou em vê-la. Você quer uma explicação, por mais que não admita pra si mesma.

Eu quis rir outra vez, mas me impedi, pois eu sabia que a risada se transformaria em choro. E eu odiava chorar. Na frente de pessoas ou sozinha, minha repulsa pelo choro permanecia a mesma. Não fazia parte de mim. Especialmente chorar por causa de alguém que nunca se importou comigo, mesmo dividindo o mesmo sangue que eu. No fim das contas, o que era o sangue? Nada. Era só pegar como exemplo o pai de Yeji.

— Eu posso ir com você se quiser. — Lia se ofereceu baixinho, seus dedos deslizando carinhosamente pelas minhas coxas. — Caso não se sinta bem o suficiente pra ir sozinha, eu posso te acompanhar.

Tirei o rosto das mãos e busquei seus olhos com os meus. Estavam recheados de compreensão, uma compreensão que mascarava seu nervosismo — já que estávamos prestes a ir rever a família dela no jantar ao longo do rio. Depois que lhe expliquei que foi a mulher que me trouxe ao mundo quem ligou, ela dissipou a raiva e compreendeu minha saída repentina do café da manhã. E por mais que as coisas tenham se voltado à minha mãe durante todo aquele resto de dia, Lia sabia que no fim dele, tudo tornaria a ser sobre a família dela outra vez.

— Você está bem? — Perguntei num murmúrio, querendo esquecer o tópico
"minha mãe" por um tempo.

Choi ficou de pé, respirando profundamente. Vi linhas irregulares se formarem em sua testa quando ela ajeitou a saia do leve vestido branco que escorria por seu corpo.

— Sim, estou ótima. — Ela afirmou momentos depois, me concedendo um sorriso pequeno que nem sequer chegou aos olhos. Me deu as costas e se aproximou da cômoda que ficava diante da cama, mexendo em sua caixinha de joias preferidas. Pegou um par de brincos de diamante e os ergueu no ar, me olhando em seguida. — Acha que esse combina com meu vestido?

Minha mandíbula travou enquanto eu fitava seus olhos opacos e amedrontados, me perguntando em pensamentos porque ela não abria o jogo comigo nunca. Será que ela não confiava em mim o suficiente pra me dizer o que estava sentindo? Éramos namoradas, não amigas. Não que ela tivesse obrigação de me contar absolutamente tudo, mas se chegamos àquele patamar, deveria haver um nível de confiança suficientemente grande para que sentimentos fossem falados e não reprimidos. As vezes eu tinha a impressão de que continuávamos apenas naquela coisa de "amigas que transavam". A única diferença era que diferente de quando não estávamos oficialmente juntas, daquela vez eu sabia que éramos exclusivas. Mas só. Eu quase perguntei se ela não confiava em mim o suficiente, mas então me contive. Não era momento pra levantar outros problemas quando já tínhamos um bem ali, apenas esperando pra ser lidado. Quando voltássemos ao hotel mais tarde, eu tentaria colocar em prática aquilo o que Yeji me falou sobre honestidade e transparência.

Leaving My Love Behind | RYEJIOnde histórias criam vida. Descubra agora