IV

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Boa tarde, cobrinhes. Sei que demorei mais do que havia prometido, mas escritor também é gente e eu surtei legal esses últimos tempos.

Ser trans no país mais transfóbico do planeta não é fácil, vocês não são obrigados, mas deixaria esse autor aqui muito feliz se fossem no meu fixado do twitter e me dessem uma forcinha com a rifa da minha cirurgia ><

Sem mais delongas, boa leitura! <3

___ Ω ___

Por tudo o que era mais sagrado para os gregos, Lauren odiava com todas as forças a dramatização fora das grandes histórias épicas. Não entendia como um estúpido como Eudorus se sentia demasiadamente deleitado em assistir seu infortúnio. Ela esperava pacientemente para que seu maldito meio-irmão desmanchasse seu asqueroso sorriso e lhe dissesse seu preço.

Autolycus gostaria de simplesmente intervir, declarar guerra contra o general e ponto, mas sabia que Lauren não o perdoaria. Conhecia gênios como os de sua teimosa irmã e ela jamais aceitaria ser ajudada em uma situação como aquela. Entendia e respeitava que era uma batalha sua. Somente sua. Entretanto, estava apto a largar tudo e empunhar sua espada para defendê-la como defenderia seu amado e seus homens se ela o pedisse.

— Seja o que for, eu aceito. Contanto que ela esteja bem – disse mais uma vez, esperando que Eudorus finalmente desse como encerrado aquele cenatório ridículo.

— Irá empunhar minha espada e com a lâmina dela irá decapitar o monstro Medusa. Traga sua cabeça e a mortal será liberta. Sem meio-termos.

— Dê-me. – A filha de Hermes se limitou a estender sua palma para que Eudorus entendesse que ela estava disposta a aceitar a tarefa. Com um sinal de cabeça o general deu a ordem para que dois dos cavaleiros entregassem uma bainha de couro preta a Lauren, que a puxou com austeridade.

— Minha menina, por favor, esse homem mente! – A mulher dizia em desespero, assistindo sua filha aceitar o trabalho que a mataria como matou tantos outros.

— Calada, mortal imunda! – Eudorus grunhiu irado e a acertou um tapa cheio no rosto, colocando o saco de palha novamente sobre a cabeça de Agnes.

— Se tocar nela de novo eu não farei droga nenhuma para você, desgraçado.

Ele se absteve de falar qualquer coisa, indicando a seus homens que a colocassem de volta na biga, se posicionando para montar em seu cavalo.

— Preciso da górgona antes da lua cheia, irmãzinha. Se o Kraken emergir dos mares e eu não tiver minha arma comigo, considere a alma desta serva inútil como presente para Hades.

O metal em seu punho não possuía peso algum. Era leve como uma pluma. Circuncidou seus dedos ao redor da bainha e retirou a espada. Eudorus observava tudo cuidadosamente, tendo a certeza de que era a garota certa. O gládio não sairia de sua capa protetora se não tivesse sangue divino.

As orbes determinadas da jovem mulher eram a resposta que precisava. Ela seria leal àquela que lhe acolheu e lhe deu amor por toda sua vida. Havia deixado Agnes para trás uma vez, mas isso não significava que a queria morta, pelo contrário. Era por sua causa que ela estava naquela situação, em primeiro lugar. Se certificaria de dar ao homem que se recusava a chamar de irmão, aquilo que ele desejava para que sua verdadeira e única mãe voltasse para a segurança de sua vida pacata e seguisse fazendo o que amava até seus últimos dias.

Subiu os olhos do objeto em sua mão para ver a biga se afastar. O general cantava vitória internamente, lançando-lhe uma última vistoria em soslaio e virou para seguir os demais soldados.

Medusa (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora