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Olá, cobrinhes! Madrugada, né? Não me matem, me senti em dívida e não poderia dormir sem postar. Sei que não foi na quinzena e eu prometi que não seria, de toda forma.

Sei também que foi prometido que Medusa seria introduzida nesse capítulo, porém relendo percebi que algumas coisas poderiam ter sido melhor abordadas, então acrescentei o que achei que enriqueceria mais a leitura.

Sem mais enrolação, vejo vocês lá em baixo <3

___Ω___

Astrid parecia extremamente animada com a decisão de Lauren de voltar atrás e contatá-la, e ela, por sua vez, não se sentia à vontade para explanar o motivo que a levou a procurar por ela, disse apenas que precisariam chegar em um prazo pré determinado e que por via marítima seria bem mais veloz. Parte dos homens iria por terra caso algo desse errado, enquanto elas, o casal e mais quatro homens iriam na embarcação. Era o máximo que caberia de toda forma.

— Rapazes, tomem cuidado e façam uma boa viagem, nos encontraremos em breve! – Phílippos dava uma última palavra com os homens que em uma fila desajeitada e carregada de afeto esperavam sua vez para abraçar seus líderes. Autolycus não disse de boca para fora quando afirmou tê-los como uma família, existia carinho de verdade entre todos eles.

Lauren tinha a companhia rotineira dos beberrões do simpósio, mas jamais poderia chegar perto daquilo quando sua vida se resumia a fugir da guarda e comer e dormir na estalagem da senhora que conhecia tão bem. Pensar em dona Ágatha e na ajuda que teve dela fazia seu rosto ensaiar um sorriso, porque sentia que era verdadeiro, era como a relação de uma avó e neta. Prezava por isso.

Terminada a despedida entre os ladrões, eles rumaram para descansar longe dos domínios da cidade. Os que ficavam, organizavam o que havia ficado no barco de Astrid. Tinham escudos, espadas e armadura de couro, estas roubadas de soldados que cruzaram seu caminho. Mortos não precisariam daquilo. Tendo tudo pronto, e sem saber exatamente como faria para enfrentar a fera, Lauren deixou que Autolycus e Phílippos se entretessem no interior do barco ao lado de Astrid. Eles analisavam um mapa antigo que já fora usado para fins militares, traçando por onde e como fariam para otimizar a viagem. Seu bisavô podia até ser o grande Titã senhor do tempo, mas ela sabia que ele certamente não estava a seu favor. Quanto antes pudessem traçar a rota mais favorável, melhor para sua mãe que seria resgatada a tempo.

Lauren estava na proa, apoiando as mãos nas laterais enquanto divagava ao observar aquelas centenas de pontinhos brilhantes como bolas de fogo distantes. Do Monte era bom observá-los, mas do mar com certeza deveria haver algum tipo de magia porque a sensação conseguia ser profundamente etérea. Como se as ondas fossem como as nuvens fofinhas pelas quais ela atravessou seu corpo plasmático durante a visão.

Sentia flutuar.

Novamente, o pássaro sobrevoa acima de sua cabeça, sem gritos dessa vez.

Que não fosse nenhum deus bisbilhotando seu momento de paz antes da tempestade.

Se sentia como Teseu a caminho de Creta, onde com toda sua bravura enfrentaria o terrível Minotauro perdido por entre o labirinto de Dédalo. Se sentia mais como aquela pobre criatura que nasceu de uma maldição doentia do que com o herói que tão confiante, negou as velas negras para seu barco crente de que seria vitorioso. Se pudesse, era o que colocaria, mesmo sabendo que não poderia falhar ou perderia sua mãe mortal para o submundo para sempre.

"Mortal".

Que escolha interessante de palavra, pensou. Poderia ter falado apenas "mãe".

Torceu o nariz ao sentir o gosto amargo da percepção que estava se corrompendo ao pensamento de um deus. Ela podia ser uma semideusa, mas era tão mortal quanto aquela mulher.

Medusa (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora