IX

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Oi, gente, tudo bem? Uma amiga, a @kcnandz, me convenceu de que quantidade não é sinônimo de qualidade então dessa forma as atualizações serão mais frequentes. Cá estamos com mais um.

Vejo vocês lá embaixo com um aviso importante <3

___Ω___

Quando Autolycus a pediu para que tirasse Medusa do acampamento, não conseguiu pensar em qualquer outro lugar que não fosse o rio. Um Sol e uma Lua havia se passado desde a última vez que havia visto sua avó e ela desejava vê-la de novo, nada mais justo do que vê-la mais uma vez antes de partirem e de quebra ainda levar Medusa com ela para que aqueles garotinhos medrosos pudessem acabar a arrumação.

Não falou mais com Astrid, deixou que ela ficasse por conta própria em sua barraca, refletindo sobre seu próprio momento de insanidade. O que faria ela com o fato de que a mercenária havia baixado a própria guarda e se deixado machucar pela górgona? Nada poderia fazer e com essa deixa, voltou para a mulher-górgona sentada no tronco, esperando pacientemente por ela.

- Venha - chamou-a baixo, seus olhos em pura diversão enquanto os ladrões a assistiam tirá-la de lá.

- Para onde? - Não se moveu um centímetro sequer, mantendo-se sentada sobre a madeira.

- Faz alguma diferença? - Com um som nasal em negativo, Lauren continuou: - Então, vamos.

- Pelos malditos deuses, você é sempre assim? - Não era um tom incisivo, era mais provocativo, com sua ex inimiga lhe acompanhando de perto até estarem adentrando a floresta que contornava a caverna.

- Assim como? - perguntou sem olhar para ela, e como a mesma havia lhe contado antes, sua capacidade de caminhar sem precisar de uma muleta era real, guiava-se sozinha perfeitamente bem, as dezenas de línguas e olhos em sua cabeça farejando tudo o que pudesse ser um obstáculo.

Medusa não a respondeu, e a ladra, bem, tentou não demonstrar sua insatisfação caminhando em direção ao centro das árvores, mal sabendo ela que sua companhia sabia exatamente para onde iriam.

- Por que estamos indo para o lar da ninfa? - Suas unhas raspavam vagarosamente pela superfície das cascas das árvores, provocando aquele som seco e irritante, chegando ao canal auditivo da semideusa de maneira incômoda. Parecia proposital.

- Agora você decide falar? - Lauren virou e espremeu seus olhos, analisando-a naquele manto preto que caía tão bem nela.

- Não venha com essa, a muda é você.

- Bom, então aparentemente tiraram sua cauda e sua capacidade de fala.

O farfalhar das folhas secas sob seus calçados e pés descalços preencheram a rota até que os sons do riacho fossem audíveis. O ar umedecia e o solo também. Sem olhar para trás, Lauren escutava o inspirar profundo que Medusa executava para sentir o lugar. Parecia gostar dele tanto quanto sua avó - na medida do possível.

- Se essa bacia não fosse sua prisão, Maya gostaria ainda mais dela. - Sua voz saindo suave como uma divagação, as sobrancelhas levemente arqueadas, e a cabeça inclinada para o lado, como uma saudação àquele curso d'água.

- Lê mentes também? - perguntou sem arrodeios, evidenciando seu próprio pensar.

- Seria útil. Assim não precisaria lhe implorar por respostas.

Lauren quis rir, mas finalmente haviam chegado às margens. Agachou-se e com as mãos em concha capturou uma quantidade segura de água e tomou, enxugando os resquícios com o antebraço. O que ela viu em seguida foi a cena mais curiosa que poderia presenciar em suas duas décadas de existência. A górgona estava sentada sobre os calcanhares, suas mãos sobre a terra molhada e sua cabeça quase alcançando o chão, os cabelos a um fio de serem acariciados pela água corrente. Suas meninas tomavam água pacificamente, algumas muito distantes para tal, mas tomavam.

Medusa (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora