Entre as árvores

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Sandeul, 1983

— Seunghyun, você não é o dono dessa fazenda! — O patriarca da família Park gritou para que todos da casa escutassem. Um clima de terror tomava conta de cada cômodo, transformando em um ambiente aterrorizante para toda a família. — Como ousa tratar mal os meus clientes? Você tem noção do quanto faturo com esses milhos? Nunca em minha vida tratei um cliente dessa forma.

— Me desculpe, senhor Park... — Era visível o tremor na voz do rapaz, que estava cabisbaixo, completamente envergonhado por estar sendo exposto daquela maneira, recebendo um grande sermão na frente de todos. — Acabei deixando me levar pela raiva, não deveria ter feito isso.

— Todos de Ilchul estavam sabendo sobre isso, menos eu! — gritou com raiva, apontando para si mesmo. — Seunghyun, se eu perder os meus clientes, pode apostar que nessa casa você não fica mais!

— Pai! — Yoora interferiu. Colocou as duas mãos calmamente sobre os ombros do pai, tentando acalmá-lo e botando-o sentado na poltrona. — Ele já entendeu, está bem? Por favor, é de manhã cedo... Não vamos começar o dia dessa forma.

Do lado de fora, na parte de trás da residência, Park Chanyeol escutava tudo com muito cuidado para não fazer barulho. Tinha acabado de chegar, e sabia que se seu pai o visse chegando àquela hora, teria o seu estresse triplicado. Mas, aquela discussão havia sido a dose perfeita de serotonina para começar o dia. Não tinha noção de como aquilo havia chegado aos ouvidos de seu pai, mas estava satisfeito com a atitude dele, porque tinha medo de que ele colocasse o próprio negócio em risco para passar a mão na cabeça de Seunghyun.

— O que está fazendo aí? — Chanyeol pulou de susto quando escutou a voz de Junmyeon bem perto do seu ouvido e logo desferiu um soco no ombro do rapaz, que fez uma careta. — Não precisava disso.

— O meu pai está brigando com Seunghyun, parece que ele descobriu sobre o que aconteceu em Ilchul. Foi você quem contou? — Junmyeon arqueou as sobrancelhas e bufou, entregando-se apenas com aquela atitude e Chanyeol riu da situação. — Obrigado por isso! Acho que eu não conseguiria contá-lo sobre. Pelo menos, ele está começando a perceber as garras sujas do Seunghyun.

— Na verdade, quem contou foi o meu pai, pedi a ele para fazer isso — respondeu Junmyeon num sussurro. — O seu pai ficou irado, por isso vim até aqui para ver a discussão. Claro que eu não perderia isso.

Os dois amigos gargalharam.

— O que vocês dois estão fazendo aí? — Pela segunda vez, Chanyeol quase morreu de susto ao ouvir a voz ríspida de seu pai que havia o flagrado escondido atrás de casa.

— Bom dia, senhor Park — Junmyeon cumprimentou com receio, mas foi retribuído de volta enquanto Chanyeol recebeu apenas um olhar. E Minsik foi até o seu próprio carro, deixando os dois rapazes para trás. — Cara, seu pai dá medo.

Embora ficasse triste com o tratamento que recebia de seu pai, Park Chanyeol não se sentiu abalado com a situação. Sua noite havia sido perfeita, se divertiu como nunca antes. E começou o dia com Seunghyun sendo humilhado na frente de toda a família, mesmo que não estivesse presente no mesmo cômodo. Precisava de um banho gelado para começar as tarefas do dia.

Entrou em casa pela porta da frente e viu Seunghyun sentado no sofá, com uma expressão nada agradável, e ela tornou-se pior quando o rapaz viu Chanyeol passar a sua frente. Um sorriso de vitória apareceu nos lábios cheios de Chanyeol que parecia se divertir cada vez mais com a situação. Não tinha nada melhor do que ver o seu inimigo provando o próprio veneno.

Antes que fechasse a porta para buscar uma muda de roupas em seu quarto, sentiu a porta ser travada e reconheceu os sapatos de Yoora. Respirou fundo, sabendo que aquilo poderia ser um teste contra a sua felicidade para aquele dia que estava sendo tão maravilhoso. Abriu a porta e sua irmã entrou com os braços cruzados, sustentando uma expressão nada legal. Ela colocou as mãos nas duas cinturas antes de soltar a pergunta.

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