Capítulo 1

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-Boa tarde, mãe. – falei ao chegar da escola com o meu amigo, Gabriel. Minha família já o conhecia a muito tempo, pois não tinha permissão de conversar com qualquer pessoa. Meus amigos eram muito bem selecionados pelo dinheiro que tinha em suas contas bancárias.

-Você veio para estudar aqui de novo, Gabriel. – Assim foi o cumprimento dela para ele. Gabriel era filho de um importante deputado federal, e sua mãe era uma filantropa muito conhecida na cidade. Geralmente ele vinha comigo para estudarmos na minha casa, pois alguns assuntos eram somente de cunho pessoal da família dele. Então, minha entrada não era bem-vinda o tempo todo por lá.

-Sim, mãe. Estamos em período de provas. – Falei, mas ela levantou a mão me parando no caminho.

-Estou falando com você, Leon?

-Não, senhora. – Abaixei a cabeça e era meu erro, meus pais me criaram para manter minha cabeça sempre erguida não importa o que acontecesse. Então não foi novidade que ela foi até onde eu estava parado, no meio da sala e segurasse meu queixo com suas unhas grandes e a apertasse a ponto de deixar marcas no local e a erguer.

-Assim é melhor. – falou ao encará-la nos olhos. Senti o cheiro forte de bebida em seu hálito. – Então, Gabriel. - falou novamente. Voltando a atenção para ele.

-Estou aproveitando a boa vontade do Leon em me ensinar a matéria que estou tendo dificuldade, Loren. – respondeu, seguro. Minha mãe assentiu e nos deixou passar. Guiei meu amigo para a escada e fomos em direção ao meu quarto no segundo andar da casa.

Eu tinha um medo terrível dela, assim como tinha medo do meu pai. Alec e eu não podíamos pisar fora da linha, ou éramos castigados com bastante rigidez. Eu já tive mais ferimentos nos meus quinze anos de vida do que a maioria dos meus amigos poderiam imaginar. E eu morria de medo que eles descobrissem.

-Por que seus pais têm uma marcação tão cerrada com você? – ele me perguntou segurando no meu pulso de forma íntima. E aquilo me apavorou. Gabriel se tornou meu amigo logo que troquei de sala quando meu pai descobriu que tinha amizade com o meu primo Lui. Ele era da parte renegada da família e nas palavras do meu pai aquilo era uma falta gravíssima. E paguei caro. Eu tinha dez anos na época.

-É somente cautela. – falei e me afastei da sua mão. – Ela tem medo de que alguma pessoa se aproxime de forma interesseira.

-Nem meu pai sendo político, me trata assim. – falou debochado. Ele tinha um jeito eloquente e sagaz, e seu sorriso de lado encantava até serpente. Eu não era imune a ele. E Gabriel sabia disso, mas eu tentava a todo instante me afastar dessa tentação.

Esse era meu segredo, eu só conseguia olhar para músculos e peitorais masculinos.  Garotas não me chamavam a atenção. Nunca chamou.


Lui foi o primeiro garoto que reparei, mas não era sexual, pois éramos crianças, mas fazia de tudo para ter a atenção dele, só que seu amigo, Benício, o garoto mais popular do colégio, não dava espaço para a minha amizade com meu próprio primo. Ele estava em tudo que era atividade escolar.

E foi em uma dessas disputas ridículas que ele e eu travávamos, que aceitei competir contra ele em uma corrida ao longo da pista de atletismo do campus. Nosso colégio é maior que muitas faculdades na cidade e tinha uma variedade infinita de atividades extraclasse. Algumas dessas atividades eram feitas a noite para atender a todos os gostos de alunos da classe A.

Eu nunca fui um modelo de atleta, mas fazia atividades físicas como complemento de carga horário, e ao me colocar na posição de corredor, vi que Benício queria testar meus limites. Ele queria cinco voltas completas, inseguro de voltar atrás, aceitei, mas sabia que nunca conseguiria fazê-lo.

Meu castelo de cartas - Spin-off de Má conduta( Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora