Capítulo 6

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Alguns anos depois

Eu tinha uma dívida com meu primo, e meu irmão estava sendo um filho da puta ao ficar falando sobre a relação atual dele, o tempo todo e em todas as reuniões e encontros da família.

Lui, que já era casado, conheceu uma mulher e ele e seu marido estavam vivendo um relacionamento de três vias. Eu mesmo não a conhecia, mas até filho eles tinham juntos.

Meus avós, meus pais, e meu tio eram os carrascos que não tinham escrúpulos para falar de ninguém, mas se achavam no direito de massacrá-lo pelo modo que escolheu viver.

Victor me mantinha atualizado sobre as coisas. Ele sabia o quão forte era a corrente nos meus pulsos dentro daquele inferno que eu vivia.

Camille era outra que me mantinha em corda curta, após descobrir meu relacionamento com o Victor. Só que eu tinha descoberto com a ajuda de um detetive o nome e sobrenome do seu amante, com direito a fotos e tudo mais. Ela teria uma surpresinha muito em breve, quando pedisse o divórcio, pois não pretendia ficar casado com ela por mais tempo. Eu só precisava fazer as coisas de forma correta ou o meu amor seria muito prejudicado.

Como todos os anos, a festa de nosso aniversário de casamento estava marcada para a comemorar uma felicidade que nunca vivemos. Camille estava receosa, ela tinha feito um aborto logo que descobriu a minha esterilidade.

O resultado dos meus exames, saíram no mesmo dia que ela chegou com um resultado de gravidez positivo. Eu cheguei a cogitar assumir seu filho, mas aquela criança não merecia ter pais terríveis, por isso deixei a decisão nas mãos dela do que ela queria fazer.

Ela sentia que nada de bom daria nessa festa que ela preparou, mas manteve a postura como uma dama. Cerca de cem pessoas estavam presentes na mansão dos meus avós naquela noite, incluindo meu amor. Era por ele que me libertaria daquele mau.

- Boa noite a todos os presentes. – falei ao bater na taça que estava na minha mão, com um garfo. – Agradeço a presença de cada um de vocês que acompanha nossa vida matrimonial desde o início. Foram nove anos de casados. Tivemos muitos altos e baixos, mas quem não tem? – Falei. – Só que isso não é suficiente para manter um casamento. E cada festa durante estes nove anos, foi uma farsa para disfarçar que Camille e eu nunca deveríamos estar juntos. E ela sabe disso. Eu tentei inúmeras vezes terminar nosso casamento de maneira pacífica, mas eu preciso de testemunhas, porque no privado não consigo.

-Cala a boca, Leon. – Meu pai gritou de onde estava.

-Cala a boca você, pai. Eu estou formalizando aqui meu pedido de divórcio. – Só se ouvia cochichos no salão. Camille começou a chorar, seus pais me xingavam e minha mãe via tudo como se estivesse assistindo a uma peça de teatro muito boa.

Foi tudo muito rápido, meu pai voou em minha direção e sua máscara de homem da alta sociedade caiu na frente dos convidados, com o soco que me deu. Só não esperava ver meu irmão também fazendo o mesmo comigo. Meu namorado, pois recusava chamá-lo de amante, tentar me defender e ser acertado na perna, por um bastão de ferro que era usado como enfeite do lugar. Aquele objeto era para ter me acertado em seu lugar. O barulho de osso se partindo pode ser ouvido por todos e meu irmão e pai foram contidos pelos seguranças.

Passei a mão na minha testa e tinha sangue no local. Meu supercílio abriu ao bater na quina da mesa. Me levantei mesmo tonto e me coloquei na frente do Victor para que não recebesse outro golpe. Preferia morrer a vê-lo morto.

Katinha, chamou a polícia, que chegou rapidamente, levando meu pai e irmão para a delegacia. Fiquei sentado no chão ao lado do meu amor que estava desmaiado, esperando a ambulância chegar. Olhei em direção da minha mãe e ela apenas puxou a fumaça do seu cigarro e soprou em minha direção como a vadia que ela sempre foi.

Oficialmente eu estava fora do armário e um dia seria o homem mais feliz do mundo, fazendo aquele homem ao meu lado ser o meu marido.

As notícias voaram longe. Meu primo veio me ver e pedi ele o apoio que nem sei se merecia. Lui era diferenciado e me auxiliou no que foi necessário. Victor ficaria internado, mas não precisou de cirurgia o que agradeci muito. Benício queria meu fígado pelo que houve, já que se tratava do seu assistente e os dois se davam muito bem. Tessa, minha cunhada, quase me proibiu de ver seu irmão, mas eu daria o tempo necessário para ela se acostumar, pois de agora para frente eu seria o namorado e futuro marido do seu irmão.

Meu avô me demitiu e nem me deixou retirar meus pertences pessoais do meu consultório. Dele já esperava isso. Mas, a maior surpresa veio quando Katinha, que foi minha babá e trabalhava com meus avós como governanta, se demitiu ao presenciar a minha surra, e veio me visitar, contando sobre a morte da minha mãe. Tudo no mesmo dia. Eu não consegui derramar uma lágrima se quer, ela nunca me amou. E foi a causadora de muitas das minhas feridas.

***

Dei entrada no divórcio e apresentei a minha digníssima esposa as fotos de suas indiscrições, ela aceitou assinar os papéis sem escândalo, desde que tudo ficasse no sigilo. Ela estava protegendo as costas do meu primo Robert, que era o seu amante.

No meio de tanta comoção, Tessa precisou ser internada, pois tinha entrado em trabalho de parto antes da hora. Os bebês não estavam prontos para nascer e seria necessário o monitoramento até o dia do parto.

Fui convidado para o casamento do trio. Na verdade, era a benção que os avós do Benício dariam para a união deles, visto que o casamento desta magnitude não era reconhecido diante da lei. Fui sem meu agora namorado, que se recuperava e estava acompanhando a irmã no hospital.

Voltei no mesmo dia do local onde foi o casamento, indo direto para o hospital, Tessa precisou fazer o parto e meu namorado precisava de mim.

Só que as coisas não saíram como planejado. Eu ainda levaria mais uma rasteira da vida.

Meu castelo de cartas - Spin-off de Má conduta( Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora