Capítulo 3

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Lui aceitou trabalhar no hospital Italian, mesmo depois de ser humilhado por meus avós. Nem mesmo os pais dele aceitaram uma vaga no local, mas meu primo queria provar algo e tentei de todas as formas me aproximar dele, mas a ofensa que fiz no meu casamento foi a gota d'água para ter uma aproximação novamente.

Eu tinha inveja da sua felicidade, pois ele encontrou sua alma gêmea no seu amigo de infância que nunca o abandonou, diferente de mim que aceitei cada uma das imposições que meu pai deu.

Antes de ir para a Austrália, minha mãe tinha sido internada e fui visitá-la. Perguntei o porquê de ela não ter me defendido do meu pai naquele dia que ele me flagrou no quarto. Ela riu e falou que tinha sido ela a contar para ele, por ter visto primeiro. Que já desconfiava da minha sexualidade e que não queria um filho bichinha. Se recusava a ser associado comigo.

Saí da clínica de reabilitação chorando como a muito tempo não fazia. Os enfermeiros do lugar se preocuparam comigo por estar tão fragilizado ao ver minha mãe. Ainda me consolaram que ela sairia dessa, mal sabendo que meu problema é ter uma mãe que me odiava tanto, ao ponto de infringir dor ao próprio filho.

Depois dessa internação outras tantas vieram. Minha mãe começou com drogas ainda na minha infância, mas não me recordava com exatidão. Foram tantas idas para clínicas e hospitais que perdi as contas. Chegou um tempo que ela não respeitava nem mesmo a nossa casa e trazia suas carreiras de pó para o meio da sala para quem quisesse ver. Meu pai fazia olhos cegos, e eu nunca intendi o motivo.

***

- Eu quero uma festa para comemorar nosso aniversário de casamento, Leon. – Camille estava com o telefone na mão e falava sem ao menos olhar na minha cara. Minha esposa era fútil e mimada. E era um poço sem fim de gastos. Sorte a minha que recebia os dividendos da minha parte do hospital Italian. Meu avô deu para cada um dos filhos e netos um percentual de participação dos lucros do lugar, exceto tio Caleb e o Lui, que não receberam nada.

Eu tinha um bom saldo em minha conta bancária, e tinha conseguido comprar dois apartamentos com o que eu economizei na minha temporada de faculdade.

-Porque você quer uma festa, Camille. Não temos muito o que comemorar neste um ano de casado.

-Você viu a festa do seu primo. Porra, foi muito mais luxuosa do que a nossa. – Ri, pois o nosso casamento custou os olhos da cara. Sorte que meus pais e os pais dela bancaram tudo. – Você está rindo por qual motivo?

-Eu preciso ter um motivo, Camille. – respondi. – Meu primo teve uma festa chique no qual não fomos convidados, e não faz diferença. A nossa festa também foi um luxo.

-Eu quero uma festa. – bateu o pé no chão com birra.

-Eu não quero.

-Se não tivermos essa festa, vou querer o divórcio, pois seus pais vão saber que você não dá conta do nosso casamento. – Ela pegou certinho onde me doía, mesmo eu fingindo muito bem uma relação familiar que não existia. Caso me separasse, meus pais me matariam. E meu avô saberia meu segredo.

-É isso que você quer Camille?

-A festa, sim. Eu sei que sairia perdendo se eu me separasse de você, por ter me obrigado a assinar um acordo. E para mim é muito vantajoso me manter casada com um Gregorinni.

No final aceitei essa porcaria de festa, mas Camille era uma mercenária do caralho, e todos os anos me obrigava a fazer a festa para fingir ter o casamento dos sonhos que nunca existiu.

***

Fui convidado para um coquetel de inauguração do residencial San Remo, onde comprei um novo apartamento. O lugar era um luxo no qual precisei quase zerar a minha conta para adquiri-lo. O público do lugar era bem selecionado e muito endinheirado.

Meu castelo de cartas - Spin-off de Má conduta( Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora