{06} Recomeço.

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“Uma garota corria o máximo que conseguia, ou talvez até um pouco mais. Estava indo além de seu limite. Enquanto corria, obrigava sua própria mente a evitar olhar para trás, pois sabia que um pequeno deslize seria fatal.

Tudo ao seu redor gritavam os mais sombrios medos.

Seu corpo estava prestes a atingir uma temperatura altíssima, entretanto, se parasse agora ele poderia não suportar. Ou a coisa lhe matava ou poderia ter um ataque cardíaco.

O famoso ditado: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

A garota não conseguia gritar, mas seu maior desejo naquele momento era pedir socorro, queria alguém para ouvir sua súplica pela sobrevivência, queria alguém para salvá-la daquela situação agonizante, ou que aquela coisa simplesmente lhe devorasse de uma vez.

Correr pelo desconhecido nunca foi um desejo seu.

Existem erros irreparáveis e foi no instante em que olhou para trás e em seguida voltou a olhar para frente, seu corpo pequeno se chocou fortemente com algo ou melhor, com alguém.

Algo quente como lava caiu sobre os ombros de ambos, tão quente que não só queimou a pele, como suas almas. Uma marca que ficaria para sempre na lembrança.

Alguém bateu na cabeça da garota tão forte que quase quebrou seu pescoço, apagando-a completamente.”

Elysia gritou ao acordar do terrível pesadelo. Sua cabeça rodava, enquanto sentia náuseas. Era a primeira vez em anos que aquele pesadelo voltava a assombrar suas madrugadas.

Sentou na ponta da cama, observando o quarto iluminado apenas com a luz fraca do abajur e as cortinas balançando suavemente com a brisa fresca do lado de fora.

O relógio marcava 4:30 da manhã, suspirou, infelizmente voltar a dormir não era uma opção. Sabia que não conseguiria, no passado quando tinha esses pesadelos passava a noite em claro, sem pregar o olho. Era quase como uma cansativa e perturbadora rotina

Ao que parece aqueles tempos sombrios estavam de volta depois de tantos anos. Não era um bom sinal.

A pergunta que rondava a cabeça de Elysia era: qual foi o gatilho que sofreu para desencadear esses pesadelos depois de tantos anos? Demorou tanto tempo para superar e seguir a vida sem precisar de acompanhamento e agora estava de volta à estaca zero.

Sabendo que não conseguiria dormir novamente, saiu caminhando pelo pequeno apartamento acendendo todas as luzes possíveis, odiava escuro. Quanto mais luzes tiver, melhor será sua vida.

Tentou distrair a mente com alguma coisa, enquanto o sol nascia e desse o horário de Brian passar em sua casa para irem trabalhar. Assim que o sol nasceu, sua primeira parada foi o banheiro.

Entrou desanimada, estava exausta por não conseguir dormir, mas precisava trabalhar. Enquanto tirava a roupa, observou a cicatriz no ombro, tocando levemente. Sentiu o nariz arder, sonhar com aquilo a fazia olhar profundamente para a cicatriz e a deixava triste e com raiva.

Respirou fundo, voltando a se concentrar no banho. A vida tinha que continuar de qualquer forma.

Brian chegou em cima da hora em seu apartamento, com a desculpa que tinha conversado com Kairo até tarde. Seu chefe sempre ficava mal quando o irmão ia à empresa.

— Eu o vi ontem, assim que sai da sala de Kairo. — Elysia disse, olhando para a paisagem do lado de fora do carro. As montanhas estavam quase sem a cobertura da neve.

— Ele fez ou falou algo para você? — Brian perguntou, preocupado.

— Ele sequer olhou para mim, passou e entrou na sala do irmão. É um completo rude! — Aquele cara exalava soberba e superioridade. No entanto, quanto mais longe ele ficasse dela, melhor seria e mais segura estaria sua vida.

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