{08} Aceitar.

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Ver mulheres chorando nunca foi algo tão comum na vida de O'Malley, observar sua funcionária agora não era uma cena muito agradável, entretanto, queria mostrar um certo apoio moral, enquanto Elysia colocava toda sua dor com intensidade para fora.

Sentia o quão assustada ela ficou ao assistir a cena dele socando outra pessoa e ser tratada daquela forma. Esperaria o quanto fosse possível ela parar de chorar e assim tentar, de alguma forma, animá-la um pouco.

Depois de bons minutos com a cabeça entre os joelhos chorando, ela parou e foi fungando aos poucos, até estar totalmente “bem”. Timidamente, ela levantou a cabeça e olhou para frente envergonhada.

— Desculpa por chorar em sua frente e por te fazer esperar. — Kairo entregou um lenço para ela secar as lágrimas.

— Você está melhor agora? Fiquei preocupado com seu estado de choque, srta. Elysia — ainda mantinha seu olhar na loira, Elysia estava sem jeito, como podia ter chorado na frente dele?

— Estou bem, sr. Kairo — insatisfeito, Kairo segurou o queixo de Elysia e trouxe o rosto dela até perto do seu, analisando se tinha algum hematoma.

— Pois então olhe nos meus olhos, não fique envergonhada por chorar em minha frente. — Elysia arregalou os olhos, mas franziu o cenho em seguida ao notar um pouco de sangue no canto dos lábios dele.

— Você se machucou por causa de mim? — Tocou levemente os lábios dele, Kairo fez uma leve expressão de dor.

— Não. Só machuquei minhas mãos. — Elysia não entendeu — Isso foi em uma briga com meu irmão.

— Hoje era seu dia de brigar? — Kairo negou, abaixando a cabeça. — Vamos a um lugar.

— Aonde?

— Vou te dizer no caminho.

Elysia o levou até seu apartamento, pelo horário não tinha mais ninguém perambulando pelos corredores. Ela abriu a porta e deu uma leve analisada vendo se tudo estava organizado. Kairo entrou timidamente, olhando com curiosidade o local.

Tinha inúmeros quadros e diversos porta-retratos por ali. A maioria era de Elysia com uma senhora que julgou ser sua avó.  E tinha alguns com Brian. A casa dela era organizada e cheirosa. Além de ter muitas plantas.

— Sua casa é bem aconchegante, srta. Elysia. — Bellerose mostrou um sorriso satisfeito, o melhor elogio sem dúvidas era quando falavam bem da sua casa.

— Muito obrigada! Sente aqui enquanto vou buscar curativos para esses cortes — Kairo ficou sozinho na sala, observando cada detalhe do apartamento. Elysia vivia em um local pequeno, mas aconchegante. Enquanto sua casa era grande, mas vazia.

Elysia voltou segurando uma caixa pequena cheia de remédios, sentou ao lado de Kairo e analisou os ferimentos das mãos primeiro. A culpa era presente em seu peito, aquilo parecia doer. Ele se machucou por causa dela.

— Se doer, aperte a manga da minha blusa — ele deu um leve aceno. Bellerose começou a limpar os ferimentos lentamente e com cuidado. Kairo ficou admirado com a delicadeza dela ao cuidar de si.

Sem disfarçar o olhar, analisou os traços dela. A sensação de familiaridade era crescente cada vez que seus olhos encontravam a figura dela. E não se tratava de Belle. Era algo mais profundo, mas que quando parava para pensar e sentir, causava uma sensação ruim.

Algo em Elysia despertava curiosidade, mas também medo. Tinha vontade de desvendar os mistérios que rondavam a mulher em sua frente, entretanto, havia um receio desconhecido de seguir em frente.

Apertou a manga da blusa de Elysia ao sentir uma pontada de dor em sua mão, ela sorriu e parou um pouco.

— Desculpa. Pode me dar a outra mão? Terminei essa — colocou a mão em cima da dela lentamente, estava começando a ficar tímido. Sempre cuidou dos próprios ferimentos, mas agora tinha alguém cuidando deles.

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