Capítulo 2

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                             Vittoria

Tranco a porta do meu quarto e solto outro gemido, acho que estou morrendo. Estou tão malditamente acabada, sinto meus ossos estalando, minhas articulações parecem drogadas, meus músculos doloridos além do que um humano normal deveria ter de suportar. Em vez de ir no banheiro, a porcaria do certo a se fazer nesse meu estado mal cheiroso e suado, eu manco até a cama e caio nela, como uma folha seca - ai, como eu gostaria de ser uma folha seca, frágil e simples. Sem ossos, veias ou qualquer coisa que se recinta de qualquer tipo de atividade física. Detesto Educação Física, ainda, eu detesto meu professor de Educação Física, o homem parece ser meu carrasco tendo se comprometido a me torturar desde que deu uma olhadinha em minhas canelas finas. Eu não entendo o porquê de tanta perseguição, não sou obesa ou anoréxica, ou coisa deste tipo - e não tenho nada contra quem seja, não conheço sua história de vida então não posso e nem tenho o direito de julgar, ainda mais sem experimentar sua pele. Mas eu sou só uma mulher um pouco miúda, com o peso em dia, de acordo a minha estatura e biótipo.
Meus olhos tremulam um pouco ansiando se fecharem, mas o som de celular me deixa em estado de alerta e confusão até que estou me contorcendo e pegando o aparelho do bolso traseiro do meu shorts de exercícios.
- Oi, atendi sem dispensar um olhar para a tela, até minha saudação é sem vida porque meu rosto também está malditamente exercitado depois de eu ter rangido os dentes umas cem vezes.
- Vitó, cadê você? A voz doce, ansiosa e exigente de Afrodite se fez ouvir.
- Acho que estou morrendo, digo chorosa.
- Ótimo, espero que já esteja pronta.
- Pronta para quê? Dite bufa,
- espero que não tenha esquecido que me prometeu ajuda nos preparativos para o aniversário do papi. Solto um gemido estrangulado ao recordar meu pequeno erro, não acredito que serei castigada tão grandemente por ter inadvertidamente me comprometido a ajudar a comprazila Afrodite nos preparativos para o aniversário do padrinho. E apesar de eu adorar meu padrinho, meu amor não é tão maior assim para ansiar meu sofrimento sendo arrastada de um lado para o outro por Dite.
- Por favor, Dite, estou morta, chame outra pessoa para acompanhar você, peço.
- Por favor, Vittoria, larga de ser mole, foi só um exercício de resistência, a maioria foram aquecimentos, você precisa deixar de ser tão fraca no quesito físico.
- Não fala assim comigo. O professor Ossi me odeia, ou simplismente me converteu em seu projetinho de carreira, provavelmente planeja me moldar até me transformar em uma halterofilista, uma daquelas mulheres bombadas e musculosas para mostrar a seus colegas maníacos por saúde e corpos sarados meu antes e depois.
- Tanto faz, você prometeu, te espero em dez minutos no meu quarto para irmos ao shopping. Reviro meus olhos, - sério que não está ligando para o facto de que estou acabada?
- Sério que você achou que eu daria a mínima para seu chororó sua mimada? Baby, tenha cuidado, senão eu vou designar você como minha colega de corridas matutinas...
- Dez minutos! estarei aí - desliguei o celular antes que qualquer outra praga relacionada a tortura física se abastece sobre mim, suspiro soltando o celular ao meu lado - com amigas assim, você não precisa de mais nada...

- Porra, Vittoria! Acordo de sobressalto ao ser sacudida... por um anjo.
- Eu apodrecendo de tanto esperar e você aqui, cochilando! Pisco meus olhos tentando focar na figura loira inclinada sobre mim.
- Ah, garota, vá se lavar e se arrumar porque apesar de minha importância não estou a fim de mexer meus pauzinhos para disponibilizar uma loja se está fechar antes de chegarmos lá. Tampo um bocejo antes de reclamar: - você me deu dez minutos.
- Errado, eu te dei quinze, e agora se passaram mais três. Disse e começou a dar tapinhas em minha bochecha.
- O que tá fazendo? Pergunto afastando as mãos dela de mim,
- despertando você... funcionou. Agora vá se lavar ou eu juro por Deus que vou atormentar você com coisas fúteis pelo resto de sua vida prestável. Minha mente começou a rodopiar, imaginando todos os cenários do martírio que seria ter Afrodite como carrasca. Levantei de um pulo e sai correndo, deixando peças de roupas pelo caminho, a gargalhada gostosa de Afrodite se fez ouvir pelo quarto.
- Rápido, sua bagunceira... e não se preocupe, vou pegar algo para você vestir enquanto isso. Ouvi ela falando do outro lado do meu banheiro e quis gritar um não obrigada mas a massagem da água morna em meu corpo maltratado me fez gemer e fechar os olhos, doce paraiso... isso é muito, muito bom.

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