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Jaekyung terminava de estacionar, com um pouco de pressa. Pela manhã, as coisas pareciam um pouco fora do controle desde que uma nova luta seria marcada em alguns meses. O alfa se apressava, as íris escuras sabendo que o certo seria ter planejado melhor o tempo e aquela conversa não seria das melhores. Não da forma que ele queria. Sabia que não estava se esforçando ao máximo para manter tudo sob equilíbrio. Vez ou outra escutava colegas falarem sobre o quanto os parceiros reclamavam dos atrasos deles, do comportamento que apenas gerava insatisfação. Mesmo assim, por algum tempo escutava deles "Você sempre ganha tudo, sua vida é bem fácil, huh?".

Mas ter tudo agora o deixava com o pensamento vago de que era também muito a ser perdido. Correu para dentro do colégio, seguindo os corredores. Sabia que estava atrasado e que o normal seria levar um sermão de um ômega irritado. Mas... Era Kim Dan. Correu pelos corredores até o auditório, passando pelas pessoas, embora fosse cômico um lutador do tamanho dele tentando passar despercebido entre as fileiras de cadeiras até o lugar reservado, se sentando ao lado do ômega.

Olhando discretamente, era notável o quanto que Dan estava especialmente bonito, mesmo que soubesse que, se elogiasse, o ômega coçaria a nuca e diria que é bobagem.

Mas era uma situação hipotética. Jaekyung escolheu olhar o palco onde a apresentação acontecia, por mais que as coisas sempre tivessem sido tão ruins, tinha que admitir que fizeram duas coisas muito bonitas. Os gêmeos estavam ali no palco, admirou como Hajoon e Yujin eram duas crianças tão adoráveis. Yujin com os mesmos olhos castanhos tão doces, e Hajoon, que quando ficava emburrado, lembrava tanto Jaekyung. O lutador cruzou os braços, sabia que estava atrasado, mas o que deveria dizer? Não dizia muitas coisas por todo o relacionamento. Ele e Dan sempre foi um assunto delicado.

Foi Dan quem se declarou primeiro, e talvez soasse como Jaekyung tendo a satisfação de ter para si um ômega que todos olhavam, e que apenas Dan não percebia a quantidade de alfas que daria tudo por aquele sorriso doce. O silêncio costumava ser algo comum, após o sexo ou nos jantares que o ômega fazia. Nem se lembrava da última vez que o elogiou, Jaekyung ignorou a irritação crescente com isso, seria como perder uma luta. Afinal, era verdade, sempre teve tudo. Não dizia muito quando Dan pediu que ficasse mais tempo em casa. E o olhando agora, pensou no que aconteceria. Qualquer ômega já estaria o olhando em fúria por ter se atrasado para uma apresentação, ainda mais quando o alfa foi avisado repetidamente "Por favor, pode não se atrasar? Hajoon ensaiou muito e ficou falando a semana inteira que queria te deixar orgulhoso".

De alguma maneira, era pior quando Dan não reclamava.

— Olhe, é agora. — Dan dissera, o sorriso encantado com a parte de Hajoon, mesmo o pequeno apertando a folha, cantando a parte dele da peça. O pai ômega manteve o olhar fixo no palco, os lábios se movendo junto.

"Você ensaiou com eles" Jaekyung pensou, olhando para a mão do ômega, tocando seu braço por alguns instantes. "Há quanto tempo não me toca assim?". O toque não durou muito, Dan aplaudia junto com os demais pais, fechando os olhos ao sorrir. O alfa suspirou, algumas vezes queria que Dan ficasse furioso, que gritasse quando fossem para o estacionamento. Mas Dan sempre foi assim, alguém que engolia a própria frustração. Ao se endireitar na cadeira, olhou por cima do ombro, franzindo o cenho. Firmou o olhar frio para um dos alfas que olhava Dan. Sempre tinha alguém olhando. Propositalmente, se inclinou, sussurrando no ouvido de Dan.

— Esse final de semana as crianças ficam comigo, certo?

Dan se arrepiou com o sussurro, corando levemente, tentando disfarçar as mãos inquietas enquanto concordou.

— Não os deixe dormir tarde. — Dan desviou o olhar — E, hm, seria bom se você me apoiasse naquela ideia. — O ômega o olhou, com aquelas íris castanhas tão dóceis, esperando por um momento onde Jaekyung pudesse dar o que ele tanto precisava. O alfa, no entanto, franziu o cenho, estavam perto demais, podia sentir o aroma de Dan, ver as feições delicadas, os lábios rosados. Mas Dan ainda tentava se manter sério — Eu não quero que eles fiquem mimados, a festa de aniversário deles deveria ser algo... Simples. Entende? E-eu nunca tive muito e cresci muito bem.

I'll Call you MineOnde histórias criam vida. Descubra agora