I'll Call you Mine

2

Dan sabia que isso ridículo, e provavelmente qualquer pessoa teria rido da situação. Mesmo assim, o coração se inquietava com o fato de se sentir tão bem com Jaekyung perto. Custava a se lembrar dos efeitos negativos que era ser um ômega marcado, mas insistir em viver separado. Nunca parecia um grande desafio, até perceber que aquela era algo impossível de ser ignorado. Encarou o teto, pensando sobre isso. Afinal, antes não existia distância entre eles, quando trabalhava como fisioterapeuta e moravam juntos. Sempre esteve perto, aos poucos até as roupas e pertences carregavam a presença do alfa.

Piscou lentamente, recordando quando fez as malas e se mudou. A sensação de vazio dentro do peito. Ele sabia bem que todos os ômegas esperavam um dia ter um parceiro para compartilhar uma vida. Mas ninguém explicava que, ao ser marcado, estar longe do alfa era tão insuportável assim.

Dan constantemente tinha de se acostumar com aquela sensação de algo faltando. Por vezes acreditava que era mais psicológico já que sempre foi dependente dele. Mas era evidente que a diferença era gritante, mesmo agora, com Jaekyung também encarando o teto, bufando como se de fato, a ideia fosse ridícula e humilhante. O ômega virou o rosto, corando intensamente. Jaekyung queria dormir na mesma cama, mas Dan não cederia fácil. Porém, não soava aceitável para o lutador ver a barreira de travesseiros entre eles.

— Isso é ridículo.

— Você é ridículo. — Dan bufou, se sentando na cama, sem encarar muito a imagem do ainda marido. Por mais que sempre existisse uma reunião dos advogados, nada era resolvido. Jaekyung se recusava a assinar os papéis e por lei, Dan não podia o obrigar. E sabia que era questionável ver o alfa ali, deitado sem camisa, apenas com uma calça escura. Os músculos expostos e o corpo que quase não cabia na cama, bem menor do que ele estava tão acostumado.

— Você que insistiu em dormir aqui.

— Fala como se eu nunca tivesse dormido aqui.

Dan agarrou um dos travesseiros, batendo no alfa ao murmurar que não falasse aquilo tão alto. Fechou os olhos, bufando baixo ao alisar os cabelos para trás. O fato de Jaekyung ter roupas ali complicava tudo, situações como a depois do jantar não eram algo que aconteceu uma ou duas vezes. O ômega se odiou por isso.

— Pode se vestir e ir embora? Não quero as crianças tendo a ideia de que isso vai se repetir. — Dan se ajeitava para sair da cama, apoiando as mãos nos lençóis para sair dali. Sentiu o rosto se corar intensamente ao que foi aprisionado pelo abraço do alfa. Jaekyung o manteve ali, fazendo com que as costas fossem de encontro com o peitoral dele.

Os dedos do lutador deslizaram sobre a barriga de Dan, coberta pela camisa do pijama azulado.

— Isso não te lembra nada? Quando estava grávido e eu te abraçava assim, o seu aroma ficando ainda melhor. — Sussurrava contra o ouvido do ômega, a voz mais rouca pela manhã. A sonolência ainda afetava o corpo menor, a ponto de ele não ter forças para lutar contra aquele toque ou os lábios de Jaekyung passeando pelo pescoço, tocando com devoção à marca. — Vamos, eu me comportei a noite toda. Ao menos eu deveria ficar e tomar café da manhã.

— Pare. Eu tenho que fazer o café da manhã, acordar as crianças... — Dan se sentia cansado apenas de pensar. Inclinou o corpo para frente, saindo dos braços do alfa e preguiçosamente saindo da cama. Os dedos passando pelos cabelos castanhos um pouco bagunçados, reprimindo o pensamento que sentia falta da cama de Jaekyung, de todos os travesseiros macios e do calor dele. A pele ainda arrepiava com o mínimo toque, como se cada parte ainda pedisse por Jaekyung.

Dan olhou a mesinha redonda perto da janela ainda fechada e com as persianas fechadas, se aproximando do relógio e do calendário. Contava nos dedos tudo o que tinha de fazer. A casa era velha, mesmo que isso fosse uma gentileza. Era um lugar caindo aos pedaços e que sempre precisava de um reparo e infelizmente, não existia tempo. Dan virou o corpo, olhando Jaekyung ainda relaxado na cama pequena demais para o corpo muscular.