Capítulo VII | INÍCIO

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DIA DO ASSASSINATO

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DIA DO ASSASSINATO


NÃO CONSIGO TIRAR OS OLHOS DELE. 

Não consigo arrancar os sentimentos que esfaqueiam meu coração.

Dor e paixão.

É o que sinto toda vez que vejo Taylor.

Ele desliza os dedos entre as madeiras loiras enquanto ri com os amigos.

O copo recheado de cerveja está enrolado em sua mão, ele não levou a bebida aos lábios durante o tempo que estive o observando. 

Diferente de mim. Penso.

Já havia esvaziado copos o suficiente para perder a conta.

Minha visão escurece por alguns segundos, tateio a escuridão em busca de um suporte ao ser atingida por uma onda de tortura.

Agarro firmemente um tecido macio. Meu coração pulsa furiosamente contra o peito, a quase queda havia provocado uma adrenalina por todo o meu corpo.

Ergo a cabeça, pronta para me desculpar. Então, o estranho agarra meu braço e pressiona nossos lábios.

O beijo é desajeitado e faz meu estômago se contorcer.

No entanto, a imagem da minha paixão secreta ainda está fresca na mente, penso que é sua boca na minha.

Imagino um almíscar de hortelã ao invés do gosto de álcool e cigarro que invade a boca.

Não sinto nenhum calor envolver meu corpo, parecia que meu corpo estava beijando o vazio.

Meu primeiro beijo. Um beijo que eu havia guardado para Taylor.

Me afasto.

Observo a silhueta do cara, a escuridão engolia sua imagem; mas reconheci os cabelos que tocam o ombro e o corpo musculoso.

Willian.

O namorado de Andrea.

Abro a boca e depois fecho. Felizmente, ele se perde na massa de pessoas dançando ao redor.

Volto a atenção para Taylor.

Ele ainda está sentado no sofá de couro com os amigos.

A bebida impulsiona meus pés para frente, a timidez deixava meu corpo a cada passo que eu dava em sua direção.

Havia boatos do fim do relacionamento dele sendo sussurrados na internet.

Infelizmente, Lilian chega antes de mim. Não perco o olhar ameaçador que ela me dá antes de envolver seus braços em Taylor.

Ele se afasta.

A satisfação percorre meu corpo. Não tento me aproximar dele de novo, apenas o observo na escuridão.

Evitar cair de amores por Taylor é como segurar a respiração. Não posso fazer isso sem perder a vida.

Lambo os lábios. Sinto o gosto dos lábios de Willian, meu estômago se agita.

Sugo as escadas correndo e entro no primeiro banheiro que encontro. Coloco tudo para fora.

— Que sujeira.

Tiro o cabelo úmido dos olhos e observo a garota no batente da porta. Preciso de um momento para reconhecê-la. Andrea. 

Minhas bochechas queimam e a culpa começa a trazer um pouco de sobriedade.

— Eu tenho roupas novas no meu quarto. — Ela continua.

Fico surpresa, Andrea não era conhecida pela generosidade. Na verdade, ela era constituída de desprezo e raiva.

A inquietação começa a rastejar pela minha mente. Algo está errado, mas o álcool correndo no meu sangue não se importou.

A voz da minha mãe ecoa na minha cabeça: o que tiver que acontecer, acontecerá.

O quarto de Andrea é conforme eu esperava: rosa e caro.

— Pra que é aquilo? — Aponto para a faca na escrivaninha.

Ela dá de ombros.

— Ratos. Eles estão por toda a parte, precisam ser eliminados antes de virarem uma infestação.

Franzo o cenho, confusa.

Enquanto Andrea vasculha o guarda roupa, alguém entra.

Lilian.

— Qual é o seu problema?!

Observo o seu rosto vermelho e a respiração ofegante. Além, é claro, do vestido cor de sangue encharcado.

— Eu poderia ter morrido! Eu não sei nadar, você sabe!

Andrea fecha o guarda-roupa calmamente.

— Eu sei que está dormindo com meu namorado. Eu vi.

O medo cintila nos olhos de Lilian, ela parecia saber como aquilo iria terminar.

— Sempre roubando o homem das amigas, não é? Dessa vez você mexeu com a pessoa errada. — Continua.

Dou um passo em direção a porta, o som do salto contra a piso atrai a atenção das duas. 

— Alexandra? — Lilian diz, há um resquício de suavidade em sua voz.

Minha garganta aperta.

— Desculpe... Preciso voltar para a festa.

Andrea me impede.

— Taylor passou o fim de semana todo chorando, com o coração despedaçado após receber um vídeo de Lilian com outro homem.

Eu não deveria sentir isso, sabia que não deveria; mas a raiva começa a faiscar no meu peito.

— Eu preciso ir. — Repito.

Andrea me mostra o vídeo do ato pecaminoso, consegui reconhecer seu amante, ele é um dos estudantes da nossa escola.

Fecho as mãos em um punho.

— Qual é o seu problema?! — Vocifero para garota que um dia chamei de amiga.

Lilian parecia um animal recuado, olhando para os lados procurando uma saída.

— Eu... Você sabe que eu amo o Taylor, isso não é verdade.

— Você me enoja Lilian, me arrependo do dia que fomos algo além de estranhos.

Tudo aconteceu rápido, entre suspiros.

Andrea pega a faca e golpeia Lilian no peito.

Vejo seus olhos se arregalarem e a vida deixando seu corpo lentamente.

Eu não faço nada.

Eu vi a pessoa, que um dia foi minha melhor amiga, morrer.

Talvez fosse pela raiva que ainda corria pelo meu sangue ou o choque que atingiu meu corpo.

Eu não a ajudei.

Eu não a salvei.

ASSASSINA.

AS MENTIRAS DE ANDREAOnde histórias criam vida. Descubra agora