Capítulo 1 - Garoto

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Boa leitura🥺

Uma casa isolada do restante da cidade, localizada no meio da floresta perto de riachos e animais selvagens, vivia Fourth Nattawat, um jovem de 19 anos que compartilhava a casa com sua madrasta e as filhas dela.

Brin, uma madrasta terrível que só se importava com os próprios interesses e com ela mesma, diria até que tão pouco suas filhas eram sua prioridade, mas a mulher fazia questão de mostrar à sociedade que eles se amavam apesar de qualquer coisa, e que viviam em harmonia dentro daquela maldita casa.

A verdade por trás disso é que o jovem Fourth sofria constantes maus-tratos, privações e humilhações dia após dia, e Brin só havia se casado com seu pai por questões financeiras por ele ser comerciante, não por amor, então esperar qualquer demonstração de carinho vindo daquela mulher seria exigir o impossível. Mas qual o motivo de o odiarem tanto? Nem ele tinha respostas para aquilo, e com o passar dos anos deixou de se perguntar.

O problema não era só ter que enfrentar a mulher mais velha, suas filhas também vinham de brinde para aplicar suas exigências e desgostos constantes, quer dizer, aquilo fazia parte de sua rotina desde então. Fourth as servia como se não tivesse o nome de proprietário na documentação da casa, aquilo era dele por direito.

Mas todos os dias levantava cedo para assumir o papel de empregado do lar: cozinhava, lavava, passava, limpava e ajudava as mulheres em várias atividades que não era da sua conta. Como agora que apertava as mãos no tanque de roupa enquanto esfregava os vestidos delicados de uma de suas "irmãs", a irritante Drisella.

— Anda logo garoto, mas tome cuidado! Esse vestido foi caro e mamãe não vai me dar outro. – Disse a garota séria de nariz arrebitado enquanto observava Fourth lavar suas roupas.

— Okay. – Não fez questão de olhar para ela, finalizou seu serviço com Drisella em seu encalço, enchendo seus ouvidos.

Dado onze da manhã, Nattawat se apressou em largar a jardinagem de lado para preparar o almoço, as mulheres sempre muito exigentes lhe cobravam a refeição meio-dia em ponto, então não poderia dar vacilo ou iria apanhar da madrasta, como das outras vezes. E agora, enquanto cozinhava arroz, sentiu a presença da mais velha atrás de si, perto de mais.

— Garoto, hoje eu estou com vontade de comer algo com carne de porco. – Seu tom de voz lhe causava arrepios, suas mãos tremeram levemente mas não foi imperceptível aos olhos da mulher, que sorriu. — Prepare o quanto antes, sim? E não nos entupa de temperos fortes.

Fourth adorava comidas mais apimentadas ou com temperos mais rebuscados, e acima de tudo amava vegetais, entretanto, consumir qualquer coisa verde se tornou raridade naquela casa, claro, tudo para não satisfazer o paladar do menino. Elas faziam de propósito e pouco se importavam em agradá-lo com mínimas coisas.

— Sim, senhora. – Concorcou quase sussurrando.

— Muito bem.

(...)

Passavam das uma da tarde, então assim que limpou a cozinha, finalizou o jardim e cumpriu com outras tarefas de limpeza, Fourth se lavou e vestiu uma roupa mais "apresentável", mesmo sendo tão velha e fina, e saiu. Brin o obrigava a trabalhar vendendo biscoitos assados de coco na entrada da cidade, onde se localizava o início do comércio e também por ter uma boa movimentação das pessoas locais e até estrangeiros. Elas mesmo não moviam os dedos para ganhar o dinheiro do dia (contavam com a pensão mínima do ex-marido) e ficavam às custas do menor que deveria voltar para casa com pelo menos mil baths no bolso. Essa era a regra.

Enquanto vendia educadamente os biscoitos que ele mesmo fazia, notou que a Moonlight estava muito agitada, como se um evento estivesse prestes a acontecer em breve. Carruagens, homens e mulheres engomados passavam pelos enormes portões com total elegância. Alguns trabalhadores eram encarregados de transportar caixas e embalagens de grande porte para dentro dos muros indo em direção ao esplendoroso castelo afastado do povo. Se localizava no topo de uma montanha não tão íngreme, mas cercada de verde e muros tão grandes quanto os que fazia segurança da cidade, os meros cidadãos de Moonlight sequer sabiam como era grandioso em riqueza aquele lugar, alguns deles já tiveram a chance de apreciar de perto devido eventos da corte real, mas nem chegava a dois porcento da população. Fourth se pegou imaginando inúmeras vezes como deveria ser a vida lá dentro, como seria acordar em um ambiente tão bonito em contraste com o porão sujo em que dormia ao longo desses 12 anos com aquela família.

— Oeh! N-não deixe cair essas caixas, por Buda! – Gritou um homem de meia idade, baixo e bem arrumado. Era um dos funcionários da corte.

— Agilizem isso logo rapazes, pelos céus! – Pediu uma mulher loira de traços orientais, enquanto guiava funcionários rumo à estrada do castelo. — Preciso desses tecidos nas mãos do rei antes do pôr do Sol.

As próximas duas horas seguiram com o mesmo ritmo, apressado, movimentado, e agora, com a cavalaria avisando a chegada de um membro da família real. Os outros comerciantes que gritavam a plenos pulmões assim como Fourth se calaram e interromperam as vendas; os cidadãos que entravam e saíam da cidade em seu transporte a cavalo se espremeram em um canto liberando passagem; então os homens de trajes medalhados formaram uma barreira de segurança para uma melhor escolta.

A carruagem era a mais bela que o menino Fourth já vira nos seus 19 anos. As outras não se comparavam a essa nem nos detalhes: Pequenos pedras preciosas de cor clara enfeitavam o acabamento das bordas, a madeira de carvalho tingido de branco praticamente brilhava na luz do Sol junto à todo ouro que a moldava; as rodas também possuíam fios de ouro e os desenhos transmitiam delicadeza no acabamento final, e os tecidos que cobriam algumas partes da carruagem (principalmente as janelas) eram cobertas por pura seda perfumada.

Dentro desse grande transporte real se encontrava o amado e encantador príncipe da cidade de Moonlight, cujo nome era Gemini Norawit.

"CINDERELA" - Versão GeminiFourthOnde histórias criam vida. Descubra agora