Capítulo 3 - Alteza

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Boa leitura bixcoitinhos🥺

Fourth despertou pela madrugada com a respiração acelerada e lágrimas molhando seu rosto, levou a mão esquerda até o pingente que ganhara de seu pai quando ainda era vivo e o apertou, fazia isso toda vez. Mais outro de seus sonhos o levaram a lembranças boas de mais, e que agora só restava a saudade, na cena, seu pai ainda era vivo e eles aproveitavam o dia com muitas risadas, carinho e brincadeiras inventadas pelo homem mais velho. Lembranças como essas sempre dominavam sua mente nessas horas da noite, mas o lado negativo era que acompanhado desses ótimos momentos vinha o dia em que seu pai saiu à trabalho e nunca mais voltou.

A morte repentina do homem ainda o atormentava mesmo passado tantos anos, e mesmo agora com Nattawat tendo 19 anos completos, a falta de seu progenitor ainda é muito presente. O garoto só queria tê-lo perto de si pois era a única família que tinha e o amava verdadeiramente, não disfarçava um afeto como sua madrasta Brin que demonstrou carinho para com ele nos primeiros anos de casados com seu pai, mas após sua morte começou a tratá-lo como um cachorro sem raça.

Não conseguiu voltar a dormir pela terceira vez naquela semana devido aos sonho. Levantou do colchonete e sentou na beira da janela do porão, lugar onde passou a dormir depois que tudo desmoronou, por pura maldade de Brin. Da janela suja, conseguia ver a luz da Lua apagando para que o Sol em breve pudesse surgir, e assim se fez, Fourth passou mais uma noite em claros, então assim que o movimento nos cômodos de cima começaram a ficar mais altos, se arrastou até os degraus desgastados que dava para o andar de cima e esperou que Brin destrancasse o porão, era assim todos os dias.

Entretanto, no cair da noite após a refeição ela o trancava no "quarto" e só sairia na manhã seguinte, e o ainda fazia se sentir grato por ter mandado construir um pequeno banheiro no espaço que já não era tão grande.

— Hora de acordar, garoto. Estamos famintas hoje, não é meninas? – Brin soltou uma risadinha enjoativa e esperou o afilhado subir as escadas.

Fourth revirou os olhos quando a mulher deu de costas. Não poderia se dar o luxo de enfrentá-la de frente pois seus braços ainda continham os arranhões de unhas de Anastasia, sua outra meia-irmã, por causa da noite de ontem: Nattawat se recusou a preparar uma tigela de macarrão por estar terrivelmente cansado após as longas horas de trabalho.

Assim que degustaram o café da manhã, as três mulheres saíram rumo ao centro de Moonlight alegando que fariam algumas "comprinhas" às custas das moedas de ouro que o menor conseguira no dia anterior. Nenhuma delas questionou tamanha quantia, eram interesseiras de mais para se importar de onde teria vindo aquele dinheiro, então pegaram a estrada primeiro e deixaram com que o menor caminhasse a pé, pois elas fizeram uso de carroça. E sair do meio da floresta rumo ao centro era uma caminhada cansativa que Fourth se dispunha a fazer todos os dias por ser proibido de usar a carroça de Brin, que antes fora de seu amado pai.

Novamente no mesmo lugar de sempre no centro comercial, Nattawat se empenhava em vender mais biscoitos, vez e outra entregava algumas sacolinhas para comerciantes famintos e em troca ganhava mais moedas de prata, e como das outras vezes, guardou três delas na bolso da bermuda surrada com cuidado, para que pudesse gastar mais tarde com seu passatempo favorito: livros.

Logo que terminava o serviço, aproveitava a breve ausência das moças em casa para ficar pela floresta, mais precisamente na beira do mesmo lago enquanto fazia leitura dos livros que comprava. Tais literaturas vinham de doações diretamente do palácio até algum comerciante, e geralmente pertenciam ao príncipe ou a rainha.
E enquanto esperava as horas passarem para correr até a banca literária, se dedicou na sua venda embaixo daquele Sol que novamente lhe esmurrava a cabeça.

"CINDERELA" - Versão GeminiFourthOnde histórias criam vida. Descubra agora