Capítulo 4 - Noite do baile

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Aviso: possíveis gatilhos e conteúdo sensível❗
Boa leitura bixcoitinhos!🥺

Se alguém perguntasse ao menino o que de fato estava sentindo agora, não poderia dizer com palavras, Fourth se sentia afetado ao extremo para reagir. Seu corpo ainda trêmulo mal conseguia se sustentar de pé, mas decidiu colocar a culpa na falta de sono e no cansaço do dia a dia.

Quando aquela majestosa carruagem traçou o caminho de volta ao Palácio sem ao menos ter visitado outros lugares da cidade, Nattawat deduziu que o príncipe havia se disposto a descer ao mercado apenas para provar seu humilde biscoito. Certo, aquilo poderia ser apenas uma conclusão precipitada ou algo parecido, contudo a situação era estranha e desconcertante. Fourth passou o restante das horas trabalhando com o coração aquecido no peito, ao menos sabia o porquê, mas o simples fato de ter sido visitado pelo príncipe pessoalmente, ter sido tocado e elogiado por ele...bem, isso deixaria qualquer um feliz, certo?

No céu, a Lua começara a ganhar forma, as lamparinas iam se acendendo graças aos lampiões, o fluxo de cidadão reduzia indicando que já passava das oito horas da noite. Então Fourth desmontou a pequena barraca, pois incrivelmente não tinha sobrado nenhum biscoito para contar história, e isso era consequência da aparição do príncipe que o fez ganhar crédito no mercado e cair na curiosidade de todos, o que duplicou as compras do seu produto. Seria eternamente grato à ele por isso.

Com seus pertences em mãos, arrastou o corpo até a estrada escura, caminhando floresta adentro sem se preocupar com seus problemas e com o perigo da noite, aliás estava bastante acostumado. Vivera todos esses anos morando no meio das árvores que nada o aterrorizava mais, talvez quem viesse da cidade sentiria pavor em andar com pouca iluminação por aquela região, mas não ele.

Agora parando embaixo da árvore de sempre e de frente para o lago de água límpida, Fourth retira de sua bolsa de palha um dos livros que comprou antes de retornar para casa. Sabia que as mulheres estariam ocupadas em qualquer afazer e nem se importariam de procurá-lo no meio do mato, a menos que ele chegasse atrasado para preparar o jantar. Como agora, que por causa do ótimo dia que teve hoje e com a distração dos livros, nem percebeu que pela posição da Lua, já passava das dez da noite. Agarrou tudo que lhe pertencia e correu de volta para casa, chegando lá com o coração disparado com muito medo, e com toda razão.

— Moleque! Então você chegou? – O grito de Brin ecoou antes que ele realmente tivesse tocado na fechadura da porta. Seu coração se apertou e fechou os olhos, e depois girou a maçaneta.

— Fourth você é mesmo muito estúpido. Sabe exatamente o que acontecerá a ti por ter nos deixado com fome! – Se aproximou Drisella já com a mão direita estendida lhe acertando um tapa estalado no rosto. — Por que você demorou tanto?

Pegando o garoto pelo braço, que resmungava pelo tapa, Brin o arrastou até a cozinha e o jogou bruscamente em direção ao fogão.

— Vou ser relevante contigo. Se fizer a refeição em alguns instantes ficará livre de surras por hoje, certo? – Disse Brin com graça na voz e olhou para as meninas.

Abraçando a sua bolsa com força, olhou para as mulheres em sua frente e balançou a cabeça em concordância, então Anastasia riu com escárnio acompanhado de Drisella e saíram do cômodo, e Fourth ouviu xingamentos e reclamações vindos da sala. Brin permaneceu de pé perto da porta o olhando se mover às pressas para cozinhar algo descente, porém, antes de sair, disse num sussurro apenas para que ele pudesse escutar.

— Espero que tenha aproveitado o dia de hoje, Fourth. Amanhã não precisará ir a cidade.

Seu corpo paralisou no lugar, seus lábios se mexeram tentando pronunciar algo coerente a uma mentira mas ele sabia que seria em vão. A essa altura Brin já estava ciente da cena no centro de Moonlight, e com toda certeza o fato de Fourth ter ganhado visibilidade não agradou a mulher, mas por qual razão? Ele não entendia o motivo disse ter sido tão ruim aos olhos dela, pelo menos o príncipe o ajudou, mesmo sem perceber, a vender mais biscoitos em um dia do que em anos.

"CINDERELA" - Versão GeminiFourthOnde histórias criam vida. Descubra agora