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Deinert

Escrever músicas sem vida amorosa alguma é uma tragédia mas eu faço o que posso, ou o que eu acho que posso.

Eu crio cenários imaginários na minha cabeça e escrevo sobre eles, é quase esquizofrenia.

Você diz que precisa pensar
Eu não consigo parar de pensar em você
Ela é a mulher que você quer que te abrace?
Estarei aqui quando precisar de mim

Ao ouvir a porta abrindo joguei o caderno pro alto e taquei o violão pra longe.

Ele me olhou como se eu fosse louca.

Eu ia te chamar pra almoçar...você tá ocupada?

Não, vamos. — levantei amassei o papel do caderno e joguei no lixo antes de sair e trancar o quarto.

Ele bagunçou meu cabelo como de costume e eu tapeei sua mão.

Prendi meu cabelo num rabo de cavalo no carro já que estava bagunçado demais da conta, nem havia passado um pente nele hoje.

Noah sorria enquanto eu me olhava no espelho do carro.

— Tá cheirosa. — ele respirou fundo.

— Obrigada. — sorri com todos os dentes.

Fomos ao mesmo restaurante que de costume quando saimos juntos. Perguntei pra ele sobre a roupa que deveria vestir hoje como se ele fosse meu estilista particular.

— Você sabe que eu não sou seu melhor amigo gay né? — ele perguntou antes de bebericar o suco, me fazendo rir.

— Óbvio, você é só gay. — ele se cuspiu o suco pra longe me fazendo rir a beça.

Terminamos o almoço mas permanecemos na mesa nos divertindo com as conversas sobre as férias.

— Os pais dela são bem legais, só são meio tapados, mas acho que são coisas de pais. — ele riu meio triste e eu toquei sua mão num impulso. — Ela quer conhecer os meus pais.

Ah...

Ela não sabe ainda.

— Olha, eu posso te emprestar os meus, eles só não falam inglês. — tentei quebrar o clima ruim e ele sorriu bobo.

Se eu pudesse eu faria.

A mãe de Noah teve ele nova e hoje namora caras bem mais velhos e o pai de Noah ele nunca o conheceu. Ele tem um irmão de 17 anos chamado Lucca fruto de um dos relacionamentos de sua mãe mas nada muito íntimo.

— Você precisa falar pra ela. — eu o encorajei.

— Eu não sei se somos tão íntimos assim, é algo que dói, que é meu sabe. — ele apertou a minha mão.

Respirei fundo. Deve ser muito difícil.

— Você que sabe. — falei antes de pedir um milkshake.

— Acho que ela está sendo invasiva. Meus pais não namoram com ela, quem namora sou eu, ela não tem nada que se meter com isso. — ele disse emburrado.

Intrusive thoughts | noart Onde histórias criam vida. Descubra agora