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Urrea

Hoje os resultados das audições das meninas sairão, todos nós estávamos na porta do auditório esperando pela lista.

Sina estava quieta inconformada com a sua audição mas dava para perceber que ela tinha um pingo de esperança.

Senhora Salazar colocou o papel na parede e um amontoado de pessoas se formou.

Vi o sorriso de Sofia murchar ao ler seu nome no papel, ela começou a chorar num canto no corredor afastado.

— Ei! — um cara do futebol americano disse. — Sina, você conseguiu, você é a dorothy.

Verificamos a lista e realmente, ela era a dorothy.

Sina que estava atrás de mim paralisou e começou a pular de alegria, me dando um abraço.

— Consegui! — ela se animou. — Não sei como, mas consegui.

— Claro que conseguiu, você é a melhor!

— Vamos comemorar! — Josh disse erguendo um garrafa de cerveja.

Quem trás cerveja para a faculdade?

O amontoado se moveu até a porta e eu vi Sofia sentada chorando numa muretinha.

Eu fui até ela e ela não me olhou no rosto.

— Não é só coisa da minha cabeça, eu tenho certeza. — ela começou. — Eu vejo vocês cantando. Eu vejo vocês dançando, eu vejo ela te olhando, por que você só não consegue me ver, como seu amor, como sua namorada.

Ela despejou toda essa culpa sobre mim fazendo eu me sentir um lixo.

Sina e eu somos movidos pela mesma paixão, é claro que vamos ter uma conexão mais forte que habitual.

Eu gosto da minha namorada, claro que gosto.

Nunca a trai e nunca o faria.

Eu tentei pra caramba inibir meus sentimentos por qualquer outra pessoa que não fosse ela nesses 4 meses.

Mas tudo que movia Sina, me movia também.

Tudo que eu amava no universo, ela também amava.

Nossas dificuldades eram diferentes mas se completavam de alguma forma.

Nós somos uma colisão.

— Você consegue desmentir? Pelo menos.

Eu permaneci quieto.

— Você é apaixonado por ela?

E teria como estar perto de Sina Deinert e não ser se encantar por ela?

Se apaixonar por ela.

Eu só...

Não consegui.

— Se você quiser mesmo deixar a nossa história para trás, siga para essa festa idiota.

Não pude distinguir se ela estava me chamando de idiota ou se a festa era idiota, já que ela falava em meio a soluços.

Dei o primeiro passo para trás.

— Tem muitas maneiras diferentes de matar por dentro alguém que ama. — ela disse. — Uma delas é não a amando o suficiente. — ela limpou o rosto. — Só a ame melhor. — ela disse antes de eu sair do campus universitário e entrar na área dos dormitórios.

Passei pela porta de Sina e Sabina, bati duas vezes e Sina me atendeu deixando só a cabeça para fora da porta.

— Dorothy, vai querer carona? — eu perguntei e ela sorriu.

— Claro. — ela disse abrindo mais a porta relevando seu corpo enrolado na toalha. — Sofia não vai se importar?

Gelei.

— Ela já vai estar lá. — eu sorri e ela também. — Nos vemos mais tarde, passo aqui daqui uma hora.

— Ok. — ela sorriu e eu fui em direção ao meu quarto.

Josh passava perfume em todas as partes possíveis de seu corpo, o que me fez rir.

— Sofia te mandou aquilo, espero que não se importe de eu ter aberto, mas fiquei muito curioso. — ele revelou apontando para um pacote cheio de roupas na cama.

Todos os presentes que eu a dei, ela devolveu.

— Ah, e tem bilhete. — Josh disse e pigarreou. — Para mim foi algo bem real.

No pacote haviam minhas camisetas de banda, algumas pulseiras, colares...

Deixei tudo onde estava para olhar depois.

E minutos depois estava na porta de Sina e Sabina pronto para buscá-las.

Bati duas vezes na porta e Sina atendeu enquanto colocava os brincos.

— O que acha? — ela rodou com o vestido branco colado. — Está bom?

— Maravilhosa serve? — zoei e ela saiu comigo até o carro. — E a Sabina?

— Deve estar se escorando em alguém na festa agora mesmo, ela foi mais cedo porque tem vergonha de chegar mais tarde. — ela sorriu e eu também.

Nos fomos no carro ouvindo a demo da nossa primeira música que vai ser lançada nas plataformas digitais, sorrindo e cantando.

Chegamos na casa de festas universitárias e logo fomos ao bar.

Esse povo da nossa universidade faz festa por qualquer coisa, mas confesso, essa é uma ocasião especial.

— Vodka para mim e água pra loirinha. — disse para o barman e Sina revirou os olhos.

Ela roubou o shot da minha mão e o virou por completo, logo ela sumiu na multidão em busca de Sabina.

Eu fui atrás de Josh, mas era impossível enxergar alguém naquele lugar mas segui minha intuição no meio da multidão.

A galera das artes no geral é bem animada e na maioria das vezes quem não teve amor dos pais, ou teve um relacionamento ruim. Mas isso não anula o fato de sermos extremamente talentosos.

Dancei com pessoas diferentes até me cansar, perdi todos os meus amigos de vista, que ótimo!

Voltei ao bar e me embebedei com tequila até minha garganta borbulhar, mostrando seu limite.

Uma garota se sentou do meu lado bebericando meu copo.

Ela era muito bonita, por sinal.

Trocamos uma ideia por um tempo, nada de muito novo, o mesmo papo de "o que faz da vida?".

Fui até o dormitório com ela e ela se deitou na minha cama após tirar o casaco.

E eu me deitei ao lado dela.

Intrusive thoughts | noart Onde histórias criam vida. Descubra agora