2. Punição

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Hinata admite que fez merda e que se meteu em uma grande enrascada. Admite que tentar forçar a paixão foi uma péssima escolha. Admite que errou em disparar aquela flecha mesmo com seu arco danificado.

Para falar a verdade, Hinata admite várias coisas em relação as suas péssimas decisões de vida. Só não consegue admitir estar apaixonado por Kageyama Tobio.

O ruivo respira fundo e tenta fingir que isso não aconteceu. Que ele vai entrar por aquela porta e irá odiar Kageyama igual sempre odiou. O mais profundo ódio existente em seu corpo perante aquele ser humano.

Então, Hinata se encoraja a entrar na sala justamente quando o sinal toca.
Ele encara justamente o maior que passa por ele, indo embora. Outros alunos começam a atravessar Shouyo e ele permanece que nem um idiota, com o coração acelerado.

Foi pelo susto, tenta se convencer. O coração acelerado é pelo susto de ter "esbarrado" com Kageyama, apenas isso. Nenhum outro motivo.
Hinata caminha atrás de seu alvo.

Kageyama para na máquina de bebidas e pega um leite em caixinha para ir tomar no caminho de volta para casa. O menor engole em seco e faz questão de manter uma distância segura. Ele sabe que está sendo patético, não sente nada além de ódio pelo moreno.

Tobio chega em casa, indo ao seu quarto. Hinata se senta no chão e tenta ordenar os pensamentos, enquanto encara a arrumação milimétrica do quarto do outro.

É impossível uma simples flecha ter poder o suficiente para fazer um cupido se apaixonar por alguém que odeia tanto. Deveria ser impossível.
Completamente impos...

Kageyama retira a blusa e o ruivo automaticamente encosta o rosto no chão, não querendo ver. As bochechas estão ardendo e seus lábios tremendo.

Hinata levanta o rosto e encara as costas nuas de Kageyama antes do maior terminar de colocar a camiseta. O cupido já havia visto o outro sem camisa várias vezes, por que justo agora ele sentiu tanta vergonha?

Shouyo bate no rosto três vezes e solta o ar preso em seus pulmões. Precisa relaxar, precisa tomar um pouco de ar.

Com calma, ele vai até a janela, encarando o dia ensolarado que se estende adiante. O céu está tão azul e tão recheado de nuvens branquinhas igual algodão doce. Ele sorri vendo essa paisagem. É tão bonito admirar a beleza do céu.

Pronto, Hinata está totalmente focado de novo. Ele se vira e dá de cara com Kageyama, o olhando. Hinata congela por alguns instantes. Então, Shouyo se toca que na verdade o maior está encarando a janela, o que é meio óbvio já que humanos não podem ver cupidos.

Você tem que relaxar, ele pensa, sacudindo a cabeça.

Miwa chama o irmão e ele desce para o andar inferior. Hinata permanece no quarto porque sabe que Kageyama não vai sair de casa. Ela o chamou para ajudá-la a limpar a casa e isso deve demorar aproximadamente algumas horas.

Hinata observa o quarto inteiro do humano e se permite sentir o cheiro de seu perfume tão gostoso. É viciante essa fragrância. Então, sem perceber, Hinata está deitado na cama de Kageyama, com a cabeça enterrada em seu travesseiro.

O ruivo está se sentindo tão leve e em paz ao redor daquele cheiro tão familiar.

— Hinata!?

Ele pula rapidamente e coloca a mão na testa em um gesto de continência. Estreita os olhos e relaxa a postura quando vê que se trata de Yachi, pendurada na janela.

— O que você estava fazendo, Hinata?

— O que você está fazendo aqui!? — Rebate de volta.

— Não se responde uma pergunta com outra!

Amor por Acidente - KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora