4. Que diabos?

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O pequeno ruivo estava saltitante indo em direção ao ginásio. Hinata já havia esquecido de certos olhos azuis profundos e irritados. Ele estava muito feliz de poder finalmente jogar vôlei.

Chegando na porta, pôde escutar o som dos tênis reverberando para fora do ginásio. Isso fez seu coração disparar e ele teve que se conter para não se jogar para dentro da quadra.

O barulho da bola sendo cortada então... Os olhos castanhos do pequeno brilhavam só de ouvir. A admiração o encorajou a colocar um pé para dentro do ginásio, e o brilho de Shouyo desapareceu, ficando apenas em choque.

Ele era alto. Sua presença dentro de sala de aula era deveras impressionante visto a força que tinha, mas dentro de uma quadra, aquela aura poderia deixar qualquer um enjoado de verdade.

Shouyou apontou para a figura, incrédulo.

— Mas que merda você está fazendo aqui!?

Kageyama estava com as mãos para cima, prestes a levantar uma bola, que acabou por quicar em sua cabeça e ir para o chão. Tobio baixou os braços e inflou o peito.

— Estou jogando vôlei — respondeu o óbvio, virando-se para encarar quem quer que fosse. Kageyama não conteve a surpresa. — Você?

— Eu!

Exceto pelos dois, o ginásio estava incrivelmente vazio.

Hinata observou bem a quadra, a rede e o carrinho de bolas. Se voltou para o moreno, ajeitando a alça da mochila.

— Treinando sozinho?

— Tem mais alguém aqui?

Kageyama se abaixou e agarrou a bola que havia deixado cair no chão. Hinata mostrou a língua para o outro.

— Precisava ser grosso?

— E você precisava ser burro desse jeito?

— Só sabe rebater os outros?

Kageyama deu nos ombros e jogou a bola dentro do carrinho. Hinata deu alguns passos para frente e agarrou a borda do carrinho.

— Ei, ei! Por que guardou?

— Não quero treinar com você me vendo.

— Treina comigo!

Tobio quase arregalou os olhos pela vontade do outro. Ele se recompôs e ergueu uma sobrancelha.

— Por que eu deveria?

Hinata possuía um certo brilho ao redor de si. Era como se ele fosse um pequeno solzinho, e sua força de vontade havia mostrado sua verdadeira forma só com o olhar que dirigiu para Kageyama.

Tobio engoliu em seco. A familiaridade naqueles olhos... a familiaridade presente em todo o garoto a sua frente. Onde é que ele já havia encontrado o ruivo?

Hinata pegou a bola.

— Você é o quê?

— Levantador.

Shouyo pulou de alegria e se aproximou mais. Jogando a bola para o outro.

— Levanta para mim!

Vendo que dizer “não” provavelmente não adiantaria, Tobio bufou.

— Só uma...!

O pequeno balançou a cabeça várias vezes e se dirigiu para o meio da quadra, largando o casaco e a bolsa no chão. Kageyama jogou a bola de volta no outro, apontou para cima e Hinata entendeu o que ele estava pedindo.

Ao jogar a bola para cima da cabeça de Tobio, ele ergueu os braços e o movimento tão leve e delicado do toque atingiu a bola, a mandando para frente. Hinata sentiu como se fosse um ímã que atraía tanto a bola como a palma de sua mão.

Amor por Acidente - KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora