7. Aproximação

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Hinata estava sentado em sua carteira conversando alegremente com Tadashi antes das aulas começarem de fato. A conversa era boa, estava se desenrolando muito bem se não fosse pela cena seguinte.

Uma mão pesada desceu com tudo até a mesa de Shouyo, assustando o ruivo e Yamaguchi, que virou imediatamente para ver a quem pertencia àquela palma.

— Mas que merda você está fazendo?
— Kageyama perguntou, visivelmente furioso.

Hinata se recuperou do susto e o encarou indignado.

— Tô sentado no meu lugar, ué.
Shouyo jura ter visto fumaça sair da lateral da cabeça do mais alto.

— Por que foi atrás da minha irmã?

Ah. Era disso que Kageyama estava falando então. Hinata mal se lembrava direito do que havia acontecido porque havia tido um sonho muito bom, acordou atrasado e estava tendo uma conversa leve e divertida com seu amigo. Mas agora, com a acusação do outro, as memórias transparecem em sua mente.

— Meu amigo só queria retocar o cabelo, eu estava junto e acabei indo com ele. E eu ia saber que era justo o salão que sua irmã trabalhava?

— Não sabia? Qual a porra do seu problema, hein?

Hinata continuava com a cara de quem-não-fazia-ideia-do-que-estava-acontecendo, isso irritava ainda mais Tobio.

— Cara, eu quem deveria fazer essa pergunta para você — retrucou, pacifista. — Desde que eu entrei nessa escola você vem me observando que nem um maníaco assustador. Eu só queria descobrir por que diabos você continuava a me encarar.

Kageyama ficou vermelho de repente. Não pelas palavras de Shouyo, mas pela reação dos alunos presentes na sala de aula. Ele enfim havia se tocado que a cena roubava a atenção de todos. O peito subia e descia, meio em pânico.

— Se tá legal? — Hinata perguntou, se levantando para a diferença de altura ser um pouco menor. O pequeno não ligava para os olhares curiosos.

Tobio abriu a boca para falar algo, mas sua orelha esquentou com os cochichos que começavam a irromper por todo o lado. Sua mente começando a falar junto de todas aquelas vozes baixas, e isso preenchia sua cabeça de uma forma desesperadora. Ele não sabia fazer calarem a boca. Ele só queria que calassem a boca.

— Kageyama? — A voz saiu tão mansa e cautelosa.

Os olhares se cruzaram.

E as memórias também entraram em conflito.

O mundo ao redor deles parecia parar, e ambos se recordam como se fosse um sonho tão distante e antigo. Não era a primeira vez que Hinata havia visto o maior naquele estado. O terror presente em seus olhos azuis. E não era a primeira vez que Tobio escutava esse timbre no ruivo, essa calma e preocupação. Como se ele tivesse escolhido como soaria sua voz, porque isso poderia aterrorizá-lo mais do que já estava.

O professor quebrou esse contato, mandando os dois sentarem.
Kageyama obedeceu, dando um encontro com o braço do ruivo sem querer. Hinata não xingou, apenas sentou, meio petrificado encarando as costas de Tadashi.

Eles realmente já haviam se conhecido antes?

A dúvida pairava sobre ambos com mais urgência para saberem a resposta agora.

Tobio disse para si mesmo na tarde de ontem que iria deixar essa história para lá. Precisava ignorar o que quer que fosse que estivesse sentindo e pensando, porque não fazia sentido algum. Mas quando Miwa chegou em casa às pressas e ele tentou recusar a conversa, percebeu que um sorriso tinha se formado nos lábios dela após falar um único nome. E ela sorriu mais ainda quando enfim percebeu que Kageyama ficou parado, piscando algumas vezes tentando raciocinar melhor.

Amor por Acidente - KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora