Arremetida

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Arremetida

substantivo feminino

1.

ato ou efeito de arremeter; arremetimento.

2.

atitude de investir com fúria ou ímpeto; investida.

3.

ação impetuosa que demonstra grande coragem.

4.

conflito, embate, disputa

Draco Malfoy está fugindo de Harry Potter.

Ao menos era essa a impressão que Potter deu à situação, e visto que faziam duas semanas completas desde que o loiro esnobe lhe enviara uma longuíssima carta de duas linhas. Não sabia como havia feito para conseguir terminá-la, visto seu conteúdo de altamente difícil compreensão.

Sarcasmos à parte, a situação inteira tendia a querer fazê-lo rir. Ao mesmo tempo que se sentia irritado, e um tanto frustrado, conseguia achar ironia com humor na situação.

Não havia como não achar irônico ter Draco Malfoy desse lado da moeda, visto que era ele mesmo que vivia dando fugas nada sutis. Fugas irascíveis eram sua especialidade.

Segurando mais uma vez a folha, e fitando a muito letra pomposa, cheia de curvas e traços grossos e finos, como se o antigo sonserino escrevesse em itálico, teve vontade de amassar o papel, mas não o fez, se contentando a ler novamente a tão longa e expressiva frase:

"Preciso de uma folga, alguns dias, entrarei em contato quando voltar a estudar a caixa, não há necessidade de retórica."

Duas linhas e a assinatura floreada. Foi isso que recebeu exatos 17 dias atrás. E continuava o irritando até demais.

Depois de muito pensar, só havia uma razão lógica para aquilo tudo. Malfoy estava fugindo de si, por alguma razão, não fazia muito sentido, mas suas próprias fugas dificilmente faziam também, e após toda a situação em Hogwarts, Harry duvidava bastante das faculdades mentais do sonserino.

Logo, para Harry, o loiro estava fugindo de si.

E aquilo fazia mais sentido do que deveria. Pois, em momentos como esse, que ele notava de modo bem nítido, não havia evoluído nem 1% como ser humano e estava bem longe de ser alguém melhor.

Sua maior vontade era de ir à casa de Draco Malfoy e fazê-lo explicar seu sumiço, nem que fosse na base de muita violência física e talvez verbal. Como queria fazer aquilo...

Harry gostaria de chegar consigo mesmo e falar que conseguiu, que era um ser humano melhor, evoluiu, e fora por isso que sua postura havia mudado tanto no último mês, mas preferia ser honesto além de tudo, afinal sua honestidade era uma das poucas qualidades suas que nunca havia lhe abandonado, principalmente no refúgio de sua mente gostava de contar com ela.

Por isso, ele só respirou fundo, guardou a maldita carta e foi preparar um chá para si, engolindo imagens sanguinárias de um tal Draco Malfoy.

Fazia um mês e três dias desde sua conversa com Hermione, onde confessou mais coisas do que seria digno e ouviu da boca dela que seria bom voltar para terapia, e Harry sabia disso, era óbvio que sabia, não era tão estupido como parecia. Sabia que precisava desabafar, falar com alguém, ver outros pontos de vista, precisava de terapia, sabia plenamente disso.

Assim como sabia que psicólogo algum trabalharia sozinho na sua mente, ainda mais sem ajuda de um psiquiatra. E era aí que as coisas se tornavam complexas.

Não era fácil para si confiar em uma pessoa, quem dirá em duas, e pior, uma delas lhe dando drogas. Era definitivamente complexo. Mas, de certo modo, Draco tornou as coisas um tanto mais fáceis com suas piadinhas infames sobre sua própria experiência com terapia e medicamentos.

Vital ☆ DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora