Do passado ao presente - macó

Para sempre

Pov Fernando

Eu acordei, mas tudo ainda estava ali. Olhei para o relógio e tinha exatamente 1h desde que Maraisa entrou na sala de cirurgia

- Cunhado, tem alguma coisa errada- Maiara falou alto ao entrar no quarto

- Como assim?

- Já faz uma hora que ela está lá dentro, se está tudo certo porque essa demora toda? Eu tô com medo- ela falava chorando

Eu também estou, mas preciso ser apoio para elas

- Fica aqui que eu vou ver se falo com alguém - falei dando um beijo na cabeça da minha cunhada e indo atrás de alguma informação

- Boa noite, queria uma informação

- Diga, senhor- a atendente educadamente me respondeu

- Eu queria saber sobre a paciente Carla Maraisa Henrique Pereira, ela entrou a algum tempo na sala de cirurgia e não tivemos mais informações- tentei explicar da forma mais calma possível

- O que o senhor é da paciente?

- Sou esposo, você tem como me ajudar?- eu já não conseguia mais disfarçar o nervosismo

- Só um minuto, vou até a sala que a paciente se encontra- ela então se retirou e entrou em um corredor enorme

Eu andava de um lado para o outro até que vejo a atendente voltar com uma outra pessoa ao lado

- Boa noite, sou enfermeiro que está acompanhando a cirurgia da paciente Carla, por favor, me acompanhe

Eu seguia os passos rápidos do homem

- Bom, entre aqui nessa sala- ele pediu abrindo a porta de uma espécie de vestiário

- É o seguinte, a paciente está bem, está sedada e a cirurgia está acontecendo conforme o esperado- ele falava calmante

- E porque a demora toda?

- É uma cirurgia delicada, envolve uma região muito sensível e importante. O cirurgião particular dela teve uma conversa com a médica que iria realizar o procedimento e eles alinharam algumas condutas. Ele deu algumas orientações para facilitar a recuperação dela e para que não fosse feito nada que prejudicasse o trabalho dela, já que o nariz é uma parte importante para quem trabalha com a voz. Caso você queira, existe um espaço onde você pode ver, de longe, a cirurgia acontecendo. Você não terá nenhum contato com a paciente, verá apenas por uma parede de vidro, deseja ir?

- Sim, eu quero - fui rápido na minha resposta

- Então vista essas roupas, pode ser por cima dessa que você está e me acompanhe

Segui suas ordens e em um piscar de olhos eu estava com um pijama cirúrgico, touca na cabeça e uma touca nos pés

Caminhei a passos largos até onde eu poderia ver a minha mulher, e quando eu a vi foi um misto de dor e alívio

Dor porque eu a via de uma maneira que eu nunca vou esquecer, ela estava deitada em uma maca, tinha vários fios ligado a ela, eu ouvia seu coração bater através do aparelho, ela parecia dormir em um sono tranquilo. Ao lado de onde estava a doutora havia um amontoado de panos que limparam o sangue que ainda saia saiu do rosto dela... O  seu nariz tão delicado agora estava sendo reconstruído. Ela parecia não sentir dor, mas eu sentia, sentia uma dor profunda no meu coração, queria ter protegido ela disso, mas não fui capaz, eu falhei

Encostei minha testa no vidro e me permiti chorar, estava uma tensão muito grande em mim, meu corpo doía, minha cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento