BASEADO EM GÊNESIS 24: 11 - 15
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Na noite daquele mesmo dia, estavam todos sentados em tapetes confortáveis para desfrutar da última refeição do dia.Havia fartura de alimentos, de histórias e de risadas.
Assim que viu seu primogênito se aproximando, Abraão se dirigiu com rapidez aos servos para que preparassem tudo do bom e do melhor. Fizeram como havia mandado, incluindo a comida favorita de Isaque e de Ismael, carne de caça assada, uma especialidade dos cozinheiros de Abraão.
Ismael por si só havia construído uma família grande. Estando há três décadas casado com sua esposa egípcia, Weret, o irmão mais novo de Isaque já tinha chegado à impressionante marca de dez filhos homens. O mais velho, Nebaiote, havia nascido no primeiro ano de casados enquanto seus irmãos tinham idades mais espaçadas do primeiro. O segundo mais velho, Quedar, já se distanciava por uma década.
De acordo com Isaque, Ismael já era pai de uma nação inteira. Se todas as mulheres do povo-que-haveria-de-ser por meio de seu meio-irmão fossem férteis como Weret, o mundo inteiro se encheria de descendentes de Abraão.
Como se não fosse o suficiente, Weret ainda estava grávida novamente. Caso sua barriga não estivesse já pelas últimas semanas da gravidez, isso seria notável apenas pela forma como ela quis adicionar tâmaras amassadas ao seu cozido.
Isaque sufocou uma risada quando viu o servo que trouxe a refeição expressar nojo e surpresa com o ato da cunhada.
— Minha mãe, isso é nojento. – Nebaiote quis disfarçar com um sorriso, mas Isaque estava perto o suficiente para ouvir.
Weret apoiou carinhosamente a mão cheia de ouro no rosto do filho adulto como se ele fosse uma criança.
— Não sou eu que quero, querido. É o seu irmão quem está pedindo. – Ela virou a cabeça para o lado em um piscar de olhos. Seu semblante mudou de terno para enfurecido. — Tema, Hadade! Deixem Jectur em paz! Vem, meu amor. Mamãe está aqui.
— Vais mimar esse menino, amor.
— Deixe ele, Mael. Logo nosso próximo filho vai nascer e ele não será tão caçula assim. Ele tem que aproveitar. – Weret afagou o próprio nariz no filho enquanto este tentava pegar os penduricalhos do cabelo da mãe.
— Avô, já contei que sou um ótimo arqueiro? – Perguntou Massá, de dez anos.
— Conte para mim, meu filho. – Respondeu o patriarca. A partir desse ponto, todo o tema da conversa se voltou para a caça.
Isaque não perdeu a oportunidade de narrar para sua família sua última aventura com o leão. Isaque amava contar histórias, por isso se preocupou em transmitir aos seus familiares, principalmente aos mais novos, toda emoção que sentiu. Falou, gesticulou, encenou! Ele se divertiu tanto.
— E então, tio?
— E então, jovem Mibsão, ele retesou todo o corpo! Pude ver os seus músculos totalmente contraídos e então... ele atacou! Pulou em cima de mim! Era o meu fim! Mas quando eu abri os olhos, vi que não estava ao lado dos anjos e cercado de branco, ouro e marfim; estava com a minha espada enfiada em seu pescoço! Fui livrado da morte pelo nosso Deus!
— Uau! Uma vez eu vi um leão também, sabia, tio?
— Sério Hadade? Me conta mais sobre isso.
Era bom ter a Tenda Principal cheia. Era bom ter todos ali. Isaque e Abraão sabia que todos haviam vindo por ocasião da morte de Sara, mas nenhum deles sequer prestou condolências. Poderia ter sido mais cordial fazê-lo, mas não se atreveram a reavivar atristeza do ocorrido. Vieram para trazer vida, alívio e alegria e era isso que estavam fazendo.
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O Cântaro e o Deserto
SpiritualO CÂNTARO E O DESERTO Do luto surgiu alegria. Da tristeza, contemplação. No deserto, um cântaro mudou o rumo da história. . . . E se os heróis tivessem sentimentos? E se chorassem de quando alguém que amam morre? E se odiassem comer figos porque...