CAPÍTULO 4

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BASEADO EM GÊNESIS 24: 16 – 58
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Rebeca acordou com um excelentíssimo humor.

Tinha costume de acordar junto do alvorecer, com luzes douradas infiltrando sua janela. Apenas em alguns dias podia vislumbrar o início do dia e geralmente esses eram os seus dias favoritos.

Esse era um desses dias.

Acordou alguns minutos mais cedo e pôde observar. Seu irmão mais velho, Labão, sempre dizia que ela tinha sido mimada por obter o melhor quarto.

Sempre que acordava com esses poucos minutos de antecedência, entendia perfeitamente a frase.

Do Leste, emergia o astro-rei em toda sua glória matutina.

Admirada, Rebeca dobrou-se sobre o batente da janela como uma moça apaixonada.

— Rebeca, o que faz aí? – Perguntou seu irmão lá embaixo, no primeiro andar. — Vou contar para o nosso pai!

Com um susto, voltou para perto de sua cama. Estava sem véu e sem roupas adequadas para ser vista em público. Onde estava com a cabeça? Ela sabia a resposta. Sua cabeça estava no céu, nas nuvens, junto ao Deus que as fizera.

Passado o susto inicial, orou aos pés de sua cama.

Querido e amado Deus, grande e bendito é o Teu nome. Obrigada por essa dádiva de ver mais uma vez o sol nascer. Obrigada por mais um dia de vida e obrigada pela vida dos meus familiares. Não sei o que me espera para hoje, mas sei que em tudo está a Tua mão. Te agradeço e Te louvo por me ouvir.

Rebeca vivia em uma casa pouco melhor que simples, na região de Padã-Arã, na antiga Mesopotâmia. Não era muito ambiciosa ou mesmo tinha qualidades excepcionais, mas sempre fora gentil e muito bela, embora nem sempre concordasse com a última parte. Na casa de seu pai, Betuel, não havia muito mais do que dez empregados. Não eram muito prestigiados mesmo entre os mercadores e de acordo com seu avô, suas vidas nunca mais foram as mesmas desde que Abraão partiu rumo a uma terra estranha com Ló, seu sobrinho.

Não tiveram muitas outras notícias de Abraão desde então, apenas que estava prosperando como um rei em ascensão e que tinha tido filhos e que prosperava cada dia mais.

— Débora, o que acha? Qual o melhor para o dia de hoje?

Rebeca segurava duas túnicas frente ao corpo. Uma era mais colorida, porém, de um tecido um pouco mais pobre. A outra era mais cara e nobre, mas de cores mais entediantes.

— Eu gosto das duas.

— Débora, a senhora tem que ter uma opinião. Vamos, ama querida, ajude-me.

Rebeca olhou para Débora com lindos olhos pidões.

— Mas para que isso, minha querida? Sou só uma velha. Não tenho motivos para ter opiniões, ninguém se importa.

— Eu me importo! A senhora é minha única amiga.

— Muito bem, então posso saber a ocasião?

— Acordei animada hoje e sinto que algo especial vai acontecer.

— Então a túnica colorida.

— Mas não é tão fina e...

— Hã-hã-hã. Minha senhora Rebeca pediu a minha opinião e eu a dei. Fique com o colorido, sei que é o mais estimado por ti.

Rebeca confiou no conselho de sua ama e guardou o mais fino. Selecionou um ainda mais simples, mesmo que belo, para usar ao longo do dia em sua casa. No cair da tarde, quando fosse ao poço buscar água, usaria o outro.

O Cântaro e o DesertoOnde histórias criam vida. Descubra agora