BASEADO EM GÊNESIS 24: 1 – 10
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.Como seu pai conseguia?
Um mês atrás Isaque não estaria cansado essa hora da manhã, mas agora tudo mudou.
Ele sempre soube que um dia assumiria o cargo de chefe da família, mas parecia cedo demais.
Questões da mais suma importância ainda eram responsabilidade de seu pai, mas todo o resto agora estava sob seu comando. Inclusive os problemas. Principalmente os problemas.
Ele sentia tanta falta da pequena tenda onde vendia e onde negociava produtos e rebanhos na cidade hitita. Daria tudo para ter que se preocupar apenas com clientes de má-fé e leite azedo novamente.
Mas agora era isso.
Essa é a sua nova realidade, Isaque. Acostume-se com ela. Dizia para si mesmo.
Chamado pelos cananeus e por todos a seu serviço de príncipe, nem Isaque e nem seu pai tinham uma cidade inteira ao seu comando. Na verdade, sua linhagem real era mais celestial do que humana. Entre os humanos, se descontar a postura e as riquezas de um príncipe, sua família era quase como a de comerciantes comuns com terras férteis em Quiriate-Arba.
Mas mesmo sem comandar por sobre uma cidade, todos os servos ao seu comando eram treinados e versados na arte do combate. Em seu pequeno reino simbólico todos o amavam e viviam ali de bom grado. Além disso, agora viam nele – e não em seu pai – a solução para todos os mais diversificados problemas.
Na noite anterior uma serva egípcia, Núbia, se reuniu aos seus antepassados.
— Ela era tão jovem! Não tinha nem cem anos! – Pranteou outra serva, a neta da falecida Núbia.
Havia um choro inacabável no lugar. Coube a Isaque consolar os seus parentes e decidir onde sepultar a falecida para cumprir os ritos fúnebres. Mesmo que ele mesmo não estivesse tão consolado. Mesmo que não tivesse nem mesmo feito a última refeição. O pobre rapaz ficou da hora undécima até o cantar do galo cuidando desses assuntos.
Acordando antes do amanhecer, deu início ao funeral com cânticos dos sofredores. Puxou de memória a mesma canção que tinha aprendido no sepultamento da própria mãe e foi acompanhado por todos os homens maduros que sabiam a música.
Poucas horas depois, decretou uma semana de descanso a todos os familiares. Eles mereciam isso.
Agora era a vez de cuidar do problema que trouxe um de seus pastores.
— O que houve, Abrão? Por que me chamou?
— Mestre Isaque, é um desastre! – O velho Abrão desesperou-se. Lágrimas surgiram em seus olhos. — As ovelhas! Elas... elas...
Quando o velho homem desabou em lágrimas, Isaque o amparou com um abraço. É inexplicável o amor que um pastor sente por suas ovelhas. Mesmo um dono de rebanho como ele poderia não as amar tanto quanto o faz o pastor que delas cuida.
Isaque foi até um poço próximo, encheu seu cântaro de água e o entregou ao servo.
— Acalme-se, meu amigo. Beba um pouco e me conte.
Cabisbaixo, o homem o levou num passo lento e triste até uma cena terrível. Ovelhas despedaçadas. Seus pescoços destroçados. Os corpos dos animais tingiam boa parte da terra de sangue.
Os olhos de Isaque se arregalaram.
— Quantas?
— Dez. Não é um número alto, mas pode aumentar. Sem contar que eu e os outros pastores corremos risco com essa ameaça. Meu companheiro Mardoqueu foi seriamente ferido. É uma fera descontrolada! Um leão cruel! E ele ainda levou a minha favorita. – A voz do homem quebrou. — Eu estava juntando dinheiro para comprar e dar de presente para a minha filha. Ela se tornou uma moça não tem muito tempo e sempre me ajudou a cuidar desse rebanho. Pobre Ana! Pobre ovelhinha! Pobre Mardoqueu! Pobre de mim e de meus companheiros pastores!
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O Cântaro e o Deserto
SpiritualO CÂNTARO E O DESERTO Do luto surgiu alegria. Da tristeza, contemplação. No deserto, um cântaro mudou o rumo da história. . . . E se os heróis tivessem sentimentos? E se chorassem de quando alguém que amam morre? E se odiassem comer figos porque...