Capítulo 6

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BASEADO EM GÊNESIS 24: 65 - 67
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É impossível dizer que Eliézer não tentou, mas seu mestre Isaque simplesmente parecia não estar lá.

Eliézer falou os pontos mais importantes da viagem de ida e volta e contou tudo sobre a sua chegada em Padã-Arã. De peito estufado e voz firme o homem proclamava o seu relatório pessoal.

Infelizmente, tirando qualquer momento em que Rebeca era mencionada, Isaque mal prestava atenção em toda a narrativa.

— Senhor Isaque! Estás me ouvindo?

— Meus pensamentos estão longe, bom Eliézer. Em alguns dias serei um homem casado com a mais bela mulher.

— O senhor me honra me chamando de bom, mas errou em dois detalhes. O primeiro é que precisas prestar atenção no que falo e o segundo é que a mulher mais bela é a minha esposa. Não me faças repetir essa história uma terceira vez.

Isaque assentiu, se esforçando para focar em Eliézer agora. Mesmo com muito esforço, não parava de pensar em Rebeca, que agora caminhava pelo acampamento que logo seria seu também.

Ele queria tanto saber o que fazia, no que pensava, com quem estava..., mas não. Seu trabalho era ouvir o relatório e deveria focar nisso. Prometeu a si mesmo que se esforçaria.

Guiada por Ilias a mando de Eliézer, Rebeca foi rapidamente informada sobre os lugares principais do acampamento. Ele tinha falado muitas palavras e nomes, mas alguns ela conseguiu assimilar.

Isaque morava mais ao sul de onde estavam.

A maior e mais bela tenda pertencia à Abraão e chamava-se Tenda Principal.

Ao longe, junto aos carvalhais, tinha um altar de pedra bem-feito. O próprio Abraão o havia erguido para honrar a Deus.

Ao Leste, era o caminho que os pastores utilizavam para levar suas ovelhas.

Todas essas áreas eram repletas de barracas, e isso surpreendeu Rebeca. Não havia uma casa erguida sequer. Nem uma única construção de pedra. Talvez isso fosse prepotente de sua parte, mas era imaginado que príncipes morassem em fortalezas.

Como se soubesse seus pensamentos, Ilias comentou que eles eram nômades. No momento, estavam de acampamento armado ali há mais de cinco anos, mas nunca se sabia quando precisariam se mudar novamente.

— Então nunca moraram em casas de verdade?

Ela conseguiu ouvir o longo, longo suspiro de Débora. Provavelmente foi rude, mas Ilias não pareceu ofendido. Ele apenas deu um sorriso e olhou de soslaio para Rebeca.

— Não temos motivo. Gostamos da leveza de não ter uma morada grudada ao chão. Gostamos de fazer do nosso povo e do nosso Deus a nossa pátria. E nossas tendas são casas de verdade, devo acrescentar.

Rebeca sentiu as bochechas formigarem.

— Senhor Ilias, peço-te o seu

— Com licença, mas o que vejo aqui?

Um homem alto saiu da tenda principal. Ilias, sobressaltado com sua presença, abaixou a cabeça e levou o punho ao próprio peito. O homem, mesmo velho e barbudo, não aparentava ser frágil. Pelo contrário; todas as atenções do lugar pareciam orbitar em torno dele.

Rebeca supôs corretamente ser Abraão. Antes que pudesse se apresentar por si mesma, Ilias falou ao chefe.

— Senhor Abraão, esta é Rebeca, filha de Betuel, filho de Milca e de Naor, filho de Terá, vosso pai. Com ela trouxemos sua ama de leite e uma outra serva que a acompanhará.

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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