Mão-de-obra

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Trabalhar. Era só nisso que Quinn precisava focar hoje. Depois de terminar um relacionamento que ela não estava engatada, ouvir xingamentos e surtos de sua ex não a deixava com o melhor dos humores. Graças a Deus seu trabalho era muito braçal e não lhe dava tempo para pensar muito e era um motivo para ignorar as inúmeras ligações de seu celular, que ela fazia questão de manter longe.

Quinn trabalhava em uma empresa de "faz-tudo" na qual ela era a única mulher, mas os rapazes sempre a respeitaram. Muito disso talvez se desse por seus 1,80 de altura e de sua estrutura física e força, que deixava muitos marmanjos no chinelo. Principalmente quando eles se juntavam para fazer pequenas competições saudáveis de força como marinheiros, abdominais ou levantamentos de peso, que Quinn ganhava a maioria delas.

Hoje um grupo de quatro mãos-de-obra, como eles se chamavam, estavam fazendo esse serviço em uma casa gigantesca, mas infelizmente estavam quase terminando o serviço, fazendo apenas os últimos retoques e vistorias.

- Consegui um trabalho em uma outra casa nessa rua. - Raul, um de seus colegas comentou enquanto pintava os cantos de uma parede. - É coisa simples. Dá pra ser feito em uma semana ou menos. Apenas revitalizar os muros de um quintal, mas não vou poder fazer. O chefe me escalou pra o serviço dos Dubeux, vai ser pesado demais e nos dias de folga eu não vou conseguir ir. Alguém se interessa? É dinheiro puro, por fora, sem porcentagem. O chefe não vai nem ficar sabendo.

- Eu não posso, todo tempo livre que estou tendo preciso ficar com a Maria, ela está prestes a ter bebê. - um deles comentou.

- E eu preciso descansar, tô morto. - um segundo comentou.

- É, eu também. - foi a vez do terceiro.

- Quinn? - Raul perguntou.

Quinn suspirou quando finalizou uma parede e pegou um pedaço de pano para limpar as mãos.

- Quanto?

- Três mil. Mas você precisa levar o material.

Quinn deu de ombros.

- Tenho de sobra na minha casa. - ela pensou um pouco e decidiu aceitar, tudo o que ela estava precisando era de mais trabalho e ficar fora de casa o máximo possível durante esse tempo que Ray, sua ex, estava em surtos. - É, tô dentro. Posso ir nos dias da minha folga.

- Ótimo. Vou te mandar os detalhes do trabalho e passar seu contato pra esposa desse cara que fechou o serviço comigo. Ele vai estar viajando a trabalho e deixou ela cuidando de tudo. Não tem crianças na casa, vai ser um serviço tranquilo. Mas é pra começar amanhã.

- Ok. Fechado.

No final do dia, quando tinha chegado em casa e se preparava para um banho, Quinn recebeu uma mensagem de texto de um número desconhecido:

Rua Silvester, n 7687. Amanhã 9h. Att. Miranda Miller.

Ela respondeu com um "ok" e antes de enviar a mensagem precisou recusar mais uma chamada de Ray, sua ex. Colocando o celular no modo "não perturbe", Quinn tomou um banho e depois de comer algo, se deitou. O cansaço mental e físico tomou conta e ela logo adormeceu.

No dia seguinte, ela se levantou cedo. Tomou seu café da manhã reforçado, se exercitou e depois de separar todo o material que precisaria para aquele primeiro dia, o colocou em sua caminhonete e partiu para o serviço. Meia hora foi o tempo que ela levou para chegar ao destino e depois de pegar umas latas de tinta foi até o portão de entrada da casa destinada, ela precisaria dar mais algumas viagens para levar todo o material necessário, mas quanto mais ocupada, melhor, não é mesmo?

Ela tocou a campainha e aguardou.

Quando a porta foi aberta, ela viu a mulher mais linda que seus olhos já avistaram. Era uma mulher jovem, devia ter algo perto dos trinta anos. Ela era alta, quase da sua altura e tinha cabelos escuros, cheios e longos, além dos olhos azuis piscina e uma boca carnuda. Todo o conjunto de feições parecia ter sido esculpido por um anjo ou algo do tipo, mas Quinn manteve o profissionalismo, apesar da atração instantânea.

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