ANGEL
Cinco anos.
Eles estavam fazendo cinco anos de namoro hoje e Daniel sequer lhe deu um beijo.
A memória ruim dele não devia afetá-la mais, mas ela achou que ao menos no aniversário de namoro deles ele fizesse algo de especial para ela, como no começo de tudo, quando ele havia comprado um colar de brilhantes que agora vivia guardado em seu porta joias.
Durante a semana ela até criou a ilusão de que ele estava apenas fingindo que não se lembrava para poder surpreendê-la, mas quando a noite da data chegou ela percebeu o quanto era idiota.
Talvez realmente não fosse grande coisa, talvez ela estivesse exagerando, aquele era só mais um dia comum de semana e Daniel era um cara ocupado.
Que ele trabalhava muito, era verdade, mas nas últimas semanas ele estava trazendo trabalho para casa, e se eles já não tinham muito tempo juntos, agora isso só piorava...
Enquanto tomava uma taça de vinho e descansava no sofá depois de um longo dia organizando a casa sozinha, Angel olhava para seu namorado que estava mexendo em seu precioso macbook na mesa de jantar.
Há pouco mais de um ano eles haviam decidido morar juntos. Angel pensou que as coisas fossem melhorar a partir daí, mas ela não viu nenhum esforço dele para isso. Ela se esforçava sozinha naquele relacionamento e por mais que ela reclamasse e eles brigassem por causa disso, nada nunca mudava.
Muitas vezes ela não se sentia como a mulher dele, apenas como uma pessoa que estava ali para ajudar nos serviços domésticos que ele não tinha tempo para fazer. Angel se sentiu frustrada quando percebeu que essa era sua vida agora... Ela estava fadada a um relacionamento sem emoção e isso nunca mudaria.
O pior de tudo isso é que ela não conseguia ficar sem ele.
Nas três vezes que eles haviam terminado durante esses cinco anos, Angel voltava na primeira oportunidade que tinha, acreditando nas promessas e nas lágrimas dele.
É... Talvez ela merecesse isso. Afinal de contas, ela só estava até hoje com ele por escolha própria. Mas foram muitos anos de história para serem jogados no lixo somente por uma carência dela.
Como sua mãe sempre lhe falava, ela não tinha do que reclamar, ao menos ela tinha a sorte de não ser traída. Daniel trabalhava e mantinha a casa já que ela havia perdido o emprego recentemente, então mesmo ele sendo um namorado desatento, ela não deveria reclamar.
E se ela o deixasse, para onde ela iria? Sua mãe morava com sua avó e seus milhares de primos, seu pai morava em outro estado com a esposa e ela não tinha irmãos. Ela só tinha o Daniel, por mais triste que parecesse.
Voltando a encher sua taça de vinho branco, ela se sentiu frustrada mais uma vez por achar que eles ao menos transariam essa noite. Ela havia se depilado, se perfumado, colocado uma lingerie sexy por baixo de suas roupas de dormir, mas quando percebeu que ele não parava de trabalhar, preferiu se render à uma garrafa de vinho.
Talvez ainda acontecesse se ela tivesse paciência e sorte.
Angel não lembrava quando tinha sido a última vez que eles haviam feito sexo. Nem como foi e nem se ela havia chegado ao orgasmo. Provavelmente não, ela lembraria já que isso era uma coisa rara.
Cansada de ficar apenas olhando para ele, Angel se levantou e foi até ele, o abraçando por trás da cadeira e dando um beijo em seu rosto.
- Que horas você termina?
Daniel suspirou e esfregou o rosto com uma mão.
- Eu não sei, amor, preciso terminar o contrato de uma licitação para entregar amanhã cedo e finalizar duas ainda hoje, fiquei sobrecarregado no trabalho e não consegui finalizar.
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Contos Lésbicos
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