Piquenique do Outro Lado - {MikaYuu}

Procurar pistas

A todos os integrantes do Outro Lado o dia foi angustiante, com exceção de Shiho que não tinha uma identidade de grupo forte, e de certa maneira com bem menos intensidade para Mika opondo-se a Shinoa, que passara o dia preocupada com a outra garota.

A dita por sua vez teve um dia aterrorizante, onde o estômago não deixou de doer nenhum minuto, e o medo era latente. Ficou sendo questionada sobre tudo várias vezes, manteve mentiras, mas também contou verdades que pareciam não chegar a lugar algum, escutou sobre um tal de número oito de forma recorrente, o nome Guren e Ferid também.

Estava confusa, nada parecia fazer sentido, ao chegar da noite tudo que podia esperar era pelo sono, onde desejava esquecer pelo menos um pouco o seu dia aterrorizante.

Yuichiro, apesar de um pouco ingênuo, levou um dia estressante, tanto por odiar estar na escola, quanto pela mensagem de sua colega, que rendeu alguns longos minutos de teorização entre os membros pelo WhatsApp.

Ao chegar em casa tinha-se um clima esquisito pairando o ar, como uma premunição de que o futuro seria ruim. Decidiu de imediato ir jogar uma partida de Overwatch, mas ao posicionar-se na frente do pc sentiu uma inquietude anormal, a qual nutriu forças para acreditar que passaria em breve ao distrair-se.

Logo no início pareceu fazer efeito, como um entorpecente esqueceu-se momentaneamente de tudo, do sonho, da escola, da louça suja na pia, que deveria tirar a roupa da máquina de lavar e a estender, esqueceu-se até que em cerca de duas horas seu pai estaria em casa, apenas não esqueceu do loiro de lentes azuis, e sabia que não tinha se esquecido, pois vez ou outra no meio da partida lembrava-se dele, da conversa que tivera com seu pai e quase tinha um mini infarto repentino enquanto o rosto corava, estava quase se estressando por não ser capaz de tirá-lo dos pensamentos.

Para sua infelicidade, o jogo não foi capaz de manter sua mente afastada por muito tempo, pois depois de perder a terceira partida, ter gritado forte com seus pulmões, voltou a ter seu estômago se contorcendo.

Desligou o computador e foi tomar banho, em seguida, já vestido, ficou andando de um lado para o outro cantarolando as aberturas de seus animes favoritos, até que repentinamente deu o horário de seu pai chegar em casa e ele chegou, naquele momento em que o apartamento fica alaranjado e a penumbra da noite tornava-se mais amigável.

—Yuu, estou em casa. —Guren disse, e o filho que já estava por perto se materializou ao seu lado com o rosto pálido. —O que foi? —ergueu uma sobrancelha perguntando desconfiado.

—Nada. —disse enquanto balançava o corpo sem pausas.

—Sério, se estiver acontecendo alguma coisa pode me contar, tá? —falou com ternura, o que de certa forma fez Yuu estranhar, pois esperava que seu pai fosse zoar de si -como normalmente fazia- e não parecer compreensivo. —Afinal hoje mesmo eu tenho algo para conversar com você. —o mais novo congelou, e o repertório de coisas que talvez não deveria ter feito percorreu sua cabeça, era sempre isso, coisas demais erradas.

—Eu fiz alguma coisa? —perguntou cauteloso.

O adulto que ia até a cozinha pegar um copo d'água passou pela louça amontoada na pia, e direcionou um olhar oblíquo e profundo ao menino, foi até a lavanderia e deparou-se com as peças secas no varal, e a máquina cheia.

—Você acha que fez alguma coisa? —perguntou.

—Não. —respondeu arrastado, movendo as íris evidenciando ainda mais sua mentira. —Talvez. —sussurrou.

O mais velho suspirou e estranhamente calmo falou.

—Vai lavando a louça enquanto eu falo o que eu quero falar. —o filho assentiu.