CAP 2 - Cavalos, cervos e javalis

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Daenerys encaminhou-se para fora da tenda velozmente, vários pares de olhos curiosos acompanhando seus passos.
Pensou em montar Zephyria e voar para longe de Kingswood - ela não estava ali no momento, mas viria, se assim sua montadora desejasse - como uma maneira de buscar refúgio em um lugar onde pudesse se sentir incluída.
Poucas horas se passaram desde que havia chegado, mas já se sentia irritada por imaginar que dessa vez sua experiência perto de seu pai seria diferente.

Dany reconheceu um corcel branco com manchas marrons ao lado dos outros cavalos dos homens que estavam no acampamento, e soube que aquele pelo menos era de Essos - mais especificamente de algum de seus servos -.
Suas mãos foram ao encontro do pito da sela enquanto pisava no estribo, passando a outra perna sobre o cavalo e ajeitando-se no assento.
Sentiu-se estranha por conta do tempo que fazia desde que montou um cavalo pela última vez, mas logo agarrou as rédeas e comandou para o animal correr - o que ele fez de imediato -.

Partiu para dentro da mata, sem olhar para o lado em momento algum, desviando-se da estrada para um caminho mais tortuoso e fechado, sentindo não somente a brisa fresca contra seu rosto, mas também alguns vestígios de folhas e galhos que o vento trazia.

Todas as mágoas do passado que ela tentou sufocar a todo custo para levar uma vida leve estavam se manifestando naquele momento, subindo por suas veias lentamente.
Não havia uma justificativa que Viserys pudesse usar para convencê-la de que não pretendia ignorar sua existência ao cogitar nomear alguém para herdar o trono de ferro.
Mesmo passando os últimos anos longe de Westeros, ela sempre manteve o rei informado sobre os seus passos na região de Essos, de modo que ele poderia enviar-lhe uma carta no momento em que decidisse que era momento para casar ela ou sua irmã, ou por qualquer outro motivo. Mas ele não o fez.
Ela não saberia dos planos de seu pai se não tivesse retornado.

Ela afrouxou as rédeas - agora distante o suficiente para não escutar o burburinho do acampamento - sentindo que não precisava mais correr tão desesperadamente.
Olhando ao redor, ela percebeu que o caminho que estava trilhando era muito belo. A simplicidade de Kingswood continha algo atraente.
Daenerys não conhecia a floresta perfeitamente, pois essa era a segunda vez em que ia até lá. Contudo, tinha um certo conhecimento sobre trilhas e saberia reconhecer se estivesse perdida.

O cavalo trotava devagar sobre uma via parcialmente enlameada, ao compasso de que Dany esticava o pescoço para observar o céu alaranjado acima de si, sabendo que a tarde estava indicando seu fim.

Até que de repente o vulto de um animal passou ligeiro na frente do corcel. O mesmo se ergueu sobre as duas patas traseiras, derrubando Daenerys sobre a lama e correndo na direção oposta a dela.

Ela tentou se colocar de pé, mas sentiu o impacto de sua queda pesar sobre seus quadris, voltando ao chão de imediato por conta da dor.








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Na manhã daquele mesmo dia, muito antes da princesa aparecer, Harwin saiu com um pequeno grupo de caçadores em busca do cervo branco que o rei tanto queria.
Seguiram diversos caminhos e analisaram de perto os rastos do animal, mas o maldito se escapava sempre que se aproximavam minimamente. O máximo que conseguiram foi sua última localização, logo enviando uma mensagem para o rei sobre isso e retornando ao acampamento para planejar seus próximos passos.

Ele mal havia colocado os dois pés sobre o chão do acampamento quando um cavalo passou rapidamente por ele, não o atropelando graças ao movimento ligeiro que ele fez para desviar-se.

- Que porra. - Um rapaz ao seu lado resmungou analisando o rastro de poeira que ainda permanecia após a passada do corcel. - Se não olha para os lados, não monte, infeliz.

O carrasco da tormenta Onde histórias criam vida. Descubra agora