CAP 11 - Em carne e sangue

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103 d.C — passado











Terra das Sombras, Essos














As montanhas obscuras das Terras das Sombras se localizavam em um cabo que era delimitado pelo Mar de Jade a oeste e Estreitos de Açafrão a sul e sudeste. Uma cadeia de altura e dimensões notáveis, repleta de mistérios espalhados e ventos uivantes.
Daenerys soube no instante em que chegou — perante o ambiente desamparado e pitoresco — que tudo o que ouvira sobre, não era tão distante da realidade.

Quando deixou Qarth, voou pelo céu de Essos — desistindo da ideia de voltar para Westeros tão cedo — até chegar a Lys, onde foi muito bem amparada por pouco mais de seis semanas. Foi uma estadia tranquila — diferente da anterior — conheceu a bebida que eles tomavam por lá, mas preferiu o gosto suave do leite fermentado. Não precisou pagar por vestidos caros ou joias, isso lhe foi concedido por inúmeros comerciantes. Em troca, eles empregavam seu nome para afugentar assaltantes.
Sua rotina se baseava em festas, pequenas rondas — montada em Zephyria — sobre a cidade e grande número de homenagens. 
 
Foi durante uma festa que conheceu Izai, um estudioso e viajante bastante curioso. O homem era surpreendente, sempre lhe contando histórias e fatos dos quais ela era completamente alheia. Em poucos dias ela obteve tanto conhecimento sobre plantas medicinais e a geografia de Essos que poderia lecionar os menores. 
Isso, é claro, não fora tudo que ouviu da boca de Izai. Ela — que já tinha uma curiosidade tendenciosa sobre as Terras das Sombras — parou para escutar ele revelar o que viu uma vez que pisou lá. O homem disse que lá havia dragões enormes e demônios horripilantes, que era pura sorte não os encontrar ao colocar os pés no solo. Ele obviamente não podia provar que suas histórias eram verdadeiras — um comerciante até mesmo desmentiu, dizendo que eram terras solitárias, mas não havia nada de novo — então Daenerys decidiu tirar suas próprias conclusões. 

Dany pisou um amontoado de pedras pequenas, firmando sua postura antes de prosseguir. Na mão direita, segurava um chicote de uma só tira, com um cabo de couro negro que havia ganhado de um certo comerciante. 
Zephyria grunhiu em alerta quando ergueu o pescoço na direção das cavernas da montanha a qual pousaram. Já haviam voado sobre o local e nada impressionante foi avistado, então a jovem decidiu arriscar ir mais de perto.

Se acalme. — A Targaryen ordenou. 

Seus pés subiram alguns metros em passos curtos e hesitantes. Parecia ser puxada por uma energia magnética, como uma canção dos ventos conduzindo seu caminho para uma direção desconhecida que apenas o destino sabia qual era.
Estava cada vez mais perto de algo que lhe fugia do conhecimento — sua garganta se fechava em um aperto, indicando isso —. A entrada à sua frente era tão alta que ela quase não conseguia enxergar o fim e lá para dentro era escuro. Apenas escuro.
Uma áurea trevosa impregnava as raízes do solo o qual ela pisava, conseguia sentir seu núcleo esquentar de antecipação. Era como se uma legião de demônios da noite — aqueles que ouvira nas histórias nefastas — pudesse sair a qualquer momento. 

Seus olhos não enxergam muito mais do que algumas pedras penduradas no topo quando adentrou. Ainda pode escutar um rugido de Zephyria, mas não parou de caminhar rumo às estranhas da caverna. Era como se uma hipnose a tivesse cativado e ela não poderia desvencilhar-se.
Seus planos iniciais não incluíam averiguar cavernas muito provavelmente perigosas, mas ela sempre acabava por deixar seu instinto impulsivo vencer.

Chegou a um ponto tão profundo de escuridão, que seus outros sentidos era tudo que tinha — visto que sua visão estava completamente limitada —. Suas botas pisaram algo denso como uma mistura de lama e terra, mas o odor era rançoso demais para ser aquilo. 
A cada passo, tornou-se dificultoso erguer os joelhos para seguir em frente, até que foi puxada para o chão, caindo de modo que suas mãos afundassem na viscosidade misteriosa. Mesmo de luvas a textura era incômoda. O cheiro era fétido, lhe lembrava seus últimos momentos em Qarth. 

O carrasco da tormenta Onde histórias criam vida. Descubra agora