CAP 8 - Que mal há?

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Daenerys permaneceu solenemente sobre o quarto da rainha, fazendo-lhe companhia enquanto esperavam pelo rei. O bebê era como um pequeno filhote agarrado ao corpo da mãe, alimentando-se em silêncio após ter sido limpa.
O rei entrou após um tempo, acompanhado de Otto - tão ligeiramente que sua presença foi notória -.

- Alicent? - O monarca caminhou até a cama, sentando-se ao lado da esposa, ao passo de que Otto sustentou-se a beira. - Oh, você estava com pressa para nascer, certo? - Brincou enquanto recebia a filha em seus braços.

- É uma menina, meu rei. - A Hightower acrescentou com um sorriso de orelha a orelha.

- Os deuses me abençoam com mais uma doce garota. O que mais eu poderia desejar?

- Minhas felicitações, Vossa Graça. - Otto manteve um sorriso casto na face, seus olhos não escondiam sua curiosidade clara ao notar a princesa.

- A princesa Daenerys foi extremamente gentil ao ficar ao meu lado, meu rei. - Alicent quis explicar antes que fosse questionada pelo pai. - E não somente isso, como também há alguns dias me recomendou um chá que creio eu que possa ter ajudado a facilitar o processo.

- É mesmo? - O monarca dividiu os olhares entre a esposa e a primogênita. Seus dentes logo se revelaram sem nenhuma sutileza. - Meu coração se enche de alegria e ternura. Minha família unida é sem dúvidas tudo que desejo.

- Fiz o que qualquer mulher faria em meu lugar, Majestade.

- A princesa é ternamente agradável. - Otto se pôs a questionar. - Me permite perguntar seu nível de conhecimento sobre chás, Vossa Graça?

A Targaryen estreitou os olhos. A Mão do Rei teria dúvidas sobre suas intenções ou natureza de intelecto?

- Aprendi muito em Essos. Não tenho conhecimento tal como os Meistres, mas não sou alheia ao básico de ervas medicinais. - Com sua resposta, o rei limpou a garganta com um grunhido falho, chamando a atenção de ambos.

- Bem, continue mostrando o que sabe. Estou orgulhoso. - Ela não duvidava. Era de se esperar que ele estivesse. - Creio que seja hora de pensar em um nome para ela.

Daenerys não tinha uma conexão emocional com seu pai, mas podia perceber, nos olhos cansados, sua vontade.
Viserys tentou nomear a primogênita de Alyssa - em homenagem a sua mãe - a ideia nunca foi decretada como decisão final, mas era o que ele acreditava que acabaria por ser. No entanto, Daerys concebeu a filha em Pedra do Dragão - o que deveria ter sido uma breve visita ao lugar, mas transformou-se em um parto apressado - e decidiu perante os trovões que atingiam o céu aquela madrugada, qual nome acompanharia a filha durante sua jornada.
A princesa sentia que aquilo nunca o deixaria, mas ele teve a chance de fazer de acordo com sua vontade, e não o fez.

- O que acham de Maella? Talvez Rhalla? - Ele propôs. Enquanto Alicent esfregava a palma das mãos uma contra a outra, seus olhos se curvaram sobre a criança. Daenerys sentiu uma pontada no estômago ao fazer menção de expressar seus pensamentos, e mesmo sabendo que poderia se arrepender em determinado momento, insistiu em manter-se a favor da rainha.

- Está é a primeira filha da rainha. Enquanto um menino nasce sob o olhar atento do pai, uma menina surge para iluminar os passos da mãe. - O lado do rosto que estava sob o olhar atento de Otto esquentou-se como um minério sob as chamas. - Não é justo que a mãe escolha o nome?

Viserys endireitou-se. Devido à tensão criada, o quarto da rainha pareceu encolher ao tamanho de uma ervilha. Dany resistiu à vontade de coçar a pele fina das unhas, contentando-se em manter as mãos cruzadas atrás das costas.​
Seus olhos percorreram o teto até a cama e depois traçaram uma linha da lareira até a parede do outro lado. Ela sentiu os olhos relutantes de Alicent pousarem sobre ela, e então uma risada rouca soou.​

O carrasco da tormenta Onde histórias criam vida. Descubra agora