05- Controle

160 14 18
                                    

                      🐺DANTE🐺

Quase perdi o controle...

Ao chegar no corredor em que ficavam os produtos de cabelo me deparei com uma confusão de aromas vindos do corredor vizinho, nada que eu não tenha presenciado várias vezes em minha vida, apenas alfas idiotas competindo pela atenção de um ômega. Parecem um bando de animais que não conseguem controlar seus lobos.

Se tinha um  ômega ali, nem estava correspondendo e eles continuavam insistindo.

Depois de pegar o que precisava comecei andar pelo corredor em direção ao caixa de pagamento, mas chegando no final deste, algo me fez parar subitamente. Eu conhecia aquele cheiro, muito fraco mas eu tinha certeza, era ele.

                        🍂🍂🍂

Eu poderia reconhecer o cheiro que me fez despertar para o primeiro rut em qualquer lugar.

Aconteceu pouco tempo depois da minha adoção, meus pais que sempre faziam doações para o orfanato, passavam por lá um dia e ficaram sabendo que eu não comia a três dias, todos pensavam que minha tristeza se dava ao fato de não ter sido adotado pelo casal anterior, quando na verdade era pura mágoa pela traição sofrida. Por ter sido abandonado. 

Eles vieram até mim e perguntaram se queria ir para casa com eles, aceitei de maneira indiferente e fui.
Até hoje me desculpo pela forma que agi no começo, mas meus pais sempre dizem que é perfeitamente normal um adolescente ter esse tipo de comportamento ao ser adotado tardiamente.

Logo na primeira semana tive um surto de raiva, sem saber porque aquilo tinha começado. Olhei para a maldita pelúcia azul de coelho que não tinha conseguido deixar para trás e a peguei na intenção de rasgar a fim de descontar minha frustração.

Foi a primeira vez que senti aquele cheiro e a primeira vez que chamei por meu papá, algo estava muito errado e eu fiquei completamente desesperado com tantas sensações nunca antes experimentadas. 

Uma agonia tremenda, um calor insuportável, uma raiva mal direcionada… até vontade de morder aquele maldito coelho de pelúcia senti.

No orfanato não explicavam nada sobre rut ou cio, provavelmente só dopavam os alfas e ômegas.

Meus pais entraram correndo no quarto ao me ouvir gritar e por ambos serem alfas entenderam na hora o que acontecia, papá Lorenzo só chorava desesperado falando que não deveria ser daquele jeito e meu pai Gio me segurava tentando me acalmar.

Não sei quando ele pegou a pelúcia, mas me fez cheira-la dizendo que me ajudaria.

Aceitando qualquer dica que pudesse me ajudar, inalei aquele perfume, e aquele aroma era…  algo como uma torta de amoras recém saída do forno que combina com o inverno, que é doce, mas que não é enjoativo, é algo que  marca a pele e a gente continua amando mesmo assim.

Por alguns segundos ajudou acalmando meu lobo, mas ele precisava de mais, precisava da fonte real daquele cheiro e com isso a agonia voltou, fui para o banheiro, arranquei toda roupa e me tocava desesperado sem entender o porquê de tudo aquilo.

Foram 3 dias em agonia, quando tudo passou fui levado ao médico para verificar se estava tudo bem comigo e tivemos a confirmação de que era um Alfa, um Alfa com genes dominantes. 

 Ao voltar para casa me sentei à mesa de jantar com minha nova família e eles me explicaram tudo sobre Alfas, ômegas e Betas. 

Se eu tivesse algum tipo de informação prévia sobre esse assunto não teria sofrido tanto. No fim, a pelúcia realmente me ajudou a passar para a fase “adulta” como disse Fellipo.

Na Boca do Lobo (Omegaverse)Onde histórias criam vida. Descubra agora