Dois stalkers.
Dois assassinos.
Duas almas que se reencontram em meio ao caos.
Nos recantos esquecidos de Baltimore, Maryland, Lana Berger é uma garota à deriva, engolida por uma obsessão que cresce como uma sombra silenciosa, tão inescapáve...
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2218 palavras
Eu posso ver Charlotte daqui onde estou sentada. Ela está em frente ao túmulo, sentada sobre a grama verde, sob o sol forte, dilacerada. Ela pediu para ficar sozinha, mesmo depois de ter insistido para que eu a acompanhasse mais uma vez ao cemitério.
Joseph Vitali sofreu uma parada cardíaca há uma semana. Já tinha problemas de saúde e quase morreu outras vezes; de certa forma, Charlotte sabia que isso estava próximo. Mas isso não diminui sua dor.
Olho ao redor. O cemitério é grande, bonito e bem organizado. Flores espalhadas e poucas pessoas; é aconchegante. Ou seria, se não fosse um cemitério.
Dou mais algumas olhadas ao redor e, de repente, meu olhar trava em uma figura distante, muito distante. Além das árvores, um homem me observa fixamente, com uma postura neutra e semblante sério. Não é alguém que eu já tenha visto antes, não mesmo. Um fio de desespero desperta dentro de mim, mas não desvio o olhar. Ele também não se move.
Finalmente desvio o olhar por um instante ao ver Charlotte se aproximando, mas, quando volto a olhar para as árvores, ele já não está mais lá.
Estou alucinando?
— Vamos? — ela pergunta, já próxima o suficiente.
Assinto e me levanto, segurando sua mão para sairmos dali o mais rápido possível. Vamos direto para minha casa. Charlotte tem dormido aqui desde a morte do pai; ela diz que não consegue ficar sozinha em sua casa, e eu não me importo com sua presença aqui.
— Está tudo uma droga — ela bufa, se jogando na minha cama.
Eu a observo por um momento, sem saber o que dizer. O quarto está silencioso, exceto pela respiração pesada de Charlotte.
— Eu sei — respondo, por fim, enquanto me encosto na parede.
Ela vira o rosto para mim, os olhos inchados de tanto chorar.
— Não, você não sabe — sua voz treme. — Não é como se perder alguém fosse importante pra você.
— Sim, eu sei — insisto, sem me abalar com suas palavras.
Ela me encara, melancólica, e balança a cabeça, suspirando.
— É... você sabe — desvia o olhar para o teto. — Foi mal.
Me aproximo lentamente e me deito ao seu lado, também olhando para o teto.
— Talvez eu não sinta como você agora, mas estou aqui, não estou?