Capítulo 4

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Alane sempre exalou feminilidade, era quase uma bonequinha. Mas acho que, como toda mãe sente quando um filho é homossexual, Aline sentia. Aline sabia que a filha nutria sentimentos por Yasmin, ela sempre soube. E ela sabia que não podia pressionar a filha em relação à isso, porque os sentimentos de Alane só cabiam à ela. Em meio a tantos sentimentos, Alane sentiu medo. O medo fez Alane temer a rejeição. O medo fez Yasmin não demonstrar o quanto ela amava Alane. O medo fez Aline temer como sua filha enfrentaria o mundo lá fora. Medo. Todos sentimos medos. O medo só não pode ser maior do que a vontade de amar.

Filha, tudo bem? — Aline tocou no braço da mais nova, chamando sua atenção. Alane estava distante, parecia pensativa.

— Tudo sim. — Aline sabia que era mentira, mas quis deixar sua filha se abrir no tempo dela. — Ainda precisa da minha ajuda? Eu vou ver a Yas. — A mais velha negou, deixou um beijo na bochecha da filha, e observou ela sair da cozinha. A morena passou entre as mesas, que agora estavam cheias, e, antes de sair, deu um breve sorriso em direção à mesa de Fernanda e Pitel.

— Tá escorrendo uma baba aí na tua boca. —Pitel brincou. Fernanda ficou boba por um simples sorriso de Alane.

— Que baba o quê, tá maluca, porra? — Fernanda deu risada, ela estava ciente de que só achava Alane bonita. Que mal teria de investir em um caso de férias?

Alane não demorou em chegar na casa de Yasmin, afinal, ela eram vizinhas. Quando viu que Brunet estava distraída, se aproximou por trás da mulher, envolvendo os olhos da loira com suas mãos. Alane se permitiu sentir um pouco do perfume de Yasmin, quando se aproximou mais da mesma. Ela abaixou um pouco sua cabeça para poder aproximar sua boca da orelha de Yasmin.

— Adivinha quem é? — Yasmin entrou na brincadeira, já sabendo quem era a dona das mão delicadas, e da voz mais doce, e aveludada, já ouvida por ela.

— Deixa eu pensar...— Ambas riram juntas. Alane tirou as mãos, fazendo Yasmin virar e contemplar o rosto dela.

— Eu estava com saudades. — A paraense falou, quase, em um sussurro. Estava contendo a vontade de beijar a loira.

— Eu também estava com saudades. — A loira também queria poder beijar Alane ali mesmo, sem se importar com ninguém, mas o receio falou mais alto. — As coisas estão complicadas. — Alane se contentou em fazer um carinho em sua bochecha, como forma de dizer que Yasmin podia contar com ela.

— Você quer ir para outro lugar? — Por um momento, Alane esqueceu do seu combinado com Fernanda. Ela seria a guia turística da carioca.

— Por favor. — As duas começaram a caminhar para outro lugar longe dali. O caminho que Alane e Yasmin pegaram, passava próximo ao resturante de sua mãe, onde Fernanda e Pitel ainda estavam.

— Aquela ali né tchua namoradinha, não? — Pitel fez um sinal com a cabeça para mostrar algo atrás da carioca. Fernanda se virou para olhar.

— Ela e a melhor amiga ciumenta. — Fernanda fez uma careta ao lembrar do modo como foi tratada por Yasmin. A loira era arrogante.

— Não pode ser egoísta, tem que dividir a bonitinha com tu. — Pitel gargalhou, ela adorava sacanear com a cara de Fernanda.

Sereia - Alane e Fernanda.Onde histórias criam vida. Descubra agora