Capítulo 6

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— Giovanna Pitel, você é inacreditável! — Fernanda esperou até que elas estivessem no quarto, para externalizar todo seu ódio mais profundo. — Você não tinha nada que chamar a Alane pra ajuda a gente! — Cruzou seus braços.

— Foi mais forte que eu! — Pitel segurou sua vontade de sacanear a carioca. Se rendeu à caminhar até a poltrona, para observar Fernanda inquieta.

— Você causou um climão! — Começou a andar de um lado para outro. — E ela ainda tava lá com a melhor amiga...namorada...não sei como é definido entre elas. — Suspirou, se jogando na outra poltrona.

— Mas vocês num conversaram? Ela não te contou nadinha? — A cacheada se aconchegou na poltrona para ouvir a resposta da amiga.

— E conversamos, mas ela nomeou aquela loira como "melhor amiga". — Fernanda fez as aspas com os dedos, enquanto desdenhava da mentira de Alane.

— Às vezes, elas podem ter uma amizade colorida. — Pitel deu de ombros. Definitivamente, não era isso que Fernanda queria ouvir da melhor amiga.

— Que seja, que façam bom proveito uma da outra. — Se levantou, pegando uma roupa que ela já havia deixado separada antes de sair, e caminhou direto para o banheiro.

— Eu num entendo Fernanda. — Pitel disse para si mesma, enquanto negava com a cabeça.

Fernanda sentiu que estava perdendo, ela odeia se sentir como uma perdedora. Como uma pessoa competitiva, era frustrante sentir que estava perdendo uma oportunidade com Alane. Não que a paraense fosse um troféu, mas Fernanda viu que não teria mais chances só pelo desejo gritante que estava escancarado naquele beijo. Era frustrante sentir que estava perdendo Alane, sem ao menos, tê-la.

Fernanda se martirizou por seu pensamento derrotista. Ela não pode se incomodar tanto com quem Alane beija, ou deixa de beijar, afinal, elas se conheciam há apenas dois dias. Para Fernanda, dois dias, não era tempo suficiente para sentir nada além de...desejo? É, era isso. Ela estava desejando Alane, porque Alane é atraente e bonita. Isso é um fato.

Enquanto Fernanda era punida por seus pensamentos, Alane estava sendo punida por seus sentimentos. Yasmin, quase sempre, anulava as dores de Alane em relação ao relacionamento de ambas. Era como se as circunstâncias da situação de Yasmin fossem mais válidas e mais dolorosas do que as de Alane. Isso não é um fato.

O passo mais difícil da vida de Alane, foi contar que era lésbica. Ela criou milhões de cenários de como seria a reação de sua mãe, se apegando aos piores cenários possíveis. Tinha muita coisa em jogo, tinha a admiração de sua mãe por ela, tinha a visão que ela passava para as pessoas, tinha o julgamento, a rejeição. Alane passou por cima de tudo isso para ficar com Yasmin, e mesmo assim, Brunet insistia em anular todo o esforço da paraense. Amar escondido é cansativo.

— O que está pensando? — Aline perguntou para a filha, tomando cuidado na abordagem, para não assustar Alane que parecia perdida em pensamentos.

— É tudo tão injusto...— A mais velha sabia que Alane vinha guardando muita coisa. Aline se sentou ao lado da filha, demonstrando apoio para que ela pudesse falar. — Eu fiz tudo por ela. Por que ela não pode fazer por mim também? — A voz embargada indicava que Alane queria chorar. — Eu só...Eu só queria que ela reconhecesse que isso também me machuca, que não é só ela que sofre. Eu fiz tudo que eu pude, eu que me coloquei na vida dela, eu que tive que ceder a minha vida pra ter ela. — Alane não precisava de muito para desabar em lágrimas.

— Eu sinto muito. — Envolveu a mais nova em um abraço carinhoso, mantendo ela ali em seu peito. — Se vocês realmente se gostam, vocês vão ter que passar por cima disso tudo. É difícil manter algo quando só uma pessoa quer. — Alane ouvia sua mãe, enquanto se tranquilizava de seu choro. — Você é luz. Não deixe que apaguem o seu brilho. — Finalizou deixando um beijo no topo da cabeça da filha. Alane ficou quieta, pois havia entendido o que sua mãe estava falando.

Tanto Alane, quanto Fernanda, não conseguiram pregar o olho àquela noite. Fernanda até conseguiu cochilar por alguns minutos, mas foi acordada pela cortina que Pitel deixou aberta ao acordar, e Alane até tentou dormir, ficou boas horas com os olhos fechados, mas o sono não chegada até à paraense.

— Parece que alguém acordou com o pé esquerdo. — Pitel brincou ao ver o estado que Fernanda estava. A carioca tinha acabado de levantar com uma cara de poucos amigos.

— É com esse pé que eu vou meter uma bicuda na sua cara. — Pitel a olhou incrédula, um coice doeria menos.

— Se anima, lembra do que tem hoje? — Pitel estava escorada na porta do banheiro olhando Fernanda escovar os dentes. Como resposta, Fernanda a olhou pelo espelho e franziu o cenho. — Tua bonitinha vai vim aqui pra nós dar uma voltinha. — Fernanda arregalou os olhos, ela não lembrava desse combinado. — Pela tua cara, nem tava lembrando mais disso.

— Claro que não! Se você não fosse tão inconveniente, não teríamos que vê-la hoje. — Fernanda tinha acabo de cuspir o enxaguante bucal.

— Eu tô tentando te ajudar, minha parceira. Se depender de tu, tu num troca nem um abraço com a garota. — Fernanda riu alto. — E eu tô mentindo? Parece que tá é fugindo da bonitinha. — Cruzou os braços, arqueando uma sobrancelha para a melhor amiga.

— Primeiro, eu não quero nada com ela. — Fernanda estava vasculhando sua mala. — E Segundo, eu nunca fujo de nada. — Tirou algumas peças de roupas dali.

— E terceiro, eu reconheço autoenganação. — Fernanda revirou os olhos, seguindo calada para o banheiro. — Quem cala, contente! — Pitel gritou para a amiga.

— Vai se fuder! — A carioca gritou alto o bastante para que Pitel ouvisse.

Fernanda se jogou embaixo da água fria do chuveiro, esperando que todos seus pensamentos presos em Alane escorressem pelo ralo junto com a água. Ela se negava a dizer que estava sentindo algo além de um desejo carnal por Alane, afinal, fora isso que sempre sentiu com outras mulheres. Desejo.

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Um beijo na boca de todos vocês ❤️

Não sei se vocês repararam, mas mudei a capa da fanfic, achei tão bonitinha.

[não revisado]

Sereia - Alane e Fernanda.Onde histórias criam vida. Descubra agora