Capítulo 10

301 39 41
                                    

✦ • ⎯⎯⎯⎯ 🪷 ⎯⎯⎯⎯ • ✦

Olhando seu reflexo no espelho do banheiro, Fernanda se deu conta do quanto estava sujeita à Alane. Ela nunca – em hipótese alguma–, tinha baixado a guarda dessa forma, como quando estava com a paraense. Talvez fosse o desejo falando mais alto, já que Alane parecia ser uma de suas presas inalcançáveis. Mas, quem ela estava tentando enganar? Ela que havia se tornado a presa de Alane.

Fernanda sempre foi boa quando o assunto era sedução. Tudo em Fernanda emana a luxúria. Ela sabia que seu olhar era arrebatador, que o seu sorriso lascivo era capaz de deixar qualquer mulher de joelhos, e que podia contar com sua destreza dentro de quatro paredes. Mas com Alane era diferente. Ela não conseguia enxergar Alane como um "caso de férias", Alane deveria ser mais que um simples caso.

Enquanto negava seus sentimentos para si mesma, Fernanda ligou o chuveiro, deixando que a água escorresse, e levasse sua frustração ralo abaixo. Era patético pensar que estava criando sentimentos por alguém que tinha conhecido um pouco mais de 48 horas. Ou era só uma pontada de decepção por saber que Alane tinha outra pessoa, ou porque ela sabia que nunca conseguiria ultrapassar limites com alguém comprometido. É muito frustrante querer alguém que não é seu.

Afastou todos esses pensamentos e desligou o chuveiro. Agarrou a toalha seca que Alane havia lhe entregado, juntamente com as roupas emprestadas e um pacote de peças íntimas lacrado, e se secou. Ao vestir as peças íntimas, que couberam perfeitamente, Fernanda desdobrou as roupas, vendo que se tratava de um conjunto de moletom azul marinho. Quando pegou a primeira peça, pôde sentir o aroma do perfume de Alane que, mesmo sendo tão conhecido por ela, não tinha como não se sentir envolvida por aquele cheiro forte de flores e baunilha. Uma mistura que era tão excêntrica, mas também, tão natural.

Ao ouvir batidas abafadas vindas da porta do quarto, Fernanda gritou um "Já vai!" audível para quem quer que estivesse batendo, e se vestiu rapidamente. Em questão de segundos, a carioca abriu a porta do banheiro, e depois caminhou até a porta do quarto, tratando de também abri-la, somente para ver a figura de Alane parada ali na entrada de seu prórprio quarto. A mais velha abriu espaço, e a paraense entrou no cômodo, sem antes, dá uma rápida encarada em como Fernanda estava, já que aquelas roupas eram dela, e elas tinham uma, considerável, diferença de estatura.

— Mais um pouquinho, e ficava apertado. — O seu comentário descontraído, arrancou uma longa gargalhada de Fernanda. Estava nítido que a roupa havia ficado grande na carioca.

— Pô, Alane! Que sacanagem! — A mais velha continuou rindo, sendo acompanhada pela paraense.

— Parei. — Alane levantou as duas mãos na defensiva, e parou em frente à Fernanda.

— Acho que já tá na hora de eu ir. — Fernanda levantou mais seu olhar para que seus olhos encontrassem os de Alane. Era até engraçado, o esforço que a carioca fazia para manter seu olhar no rosto da paraense.

— Eu vou te levar. — A mais alta disse de prontidão, com o ânimo mascarada em seu rosto.

— Não precisa, tomei muito do seu tempo hoje. — Recusou, muito de contragosto. Por Fernanda, ela passaria horas com a presença de Alane, mas sabia que deveria manter limites.

— Eu faço questão. — Levou uma das mãos até o ombro de Fernanda. — Digamos, que ainda faz parte do passeio de hoje. — Fernanda negou com a cabeça, enquanto sorria.

Sereia - Alane e Fernanda.Onde histórias criam vida. Descubra agora