06 | Class of 2013

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Tw: menção a depressão

Tw: menção a depressão

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Mia Welsh

Eu odeio andar. Não andar normalmente, e sim longas distâncias. Eu nunca poderia ser uma daquelas pessoas que fazen maratona de caminhada, eu provavelmente desiatiria depois de dois quilômetros.

Após o teste de guitarrista, onde eu me tornei oficialmente uma guitarrista de uma banda de verdade, eu tentei ligar para a minha irmã e pedir para que me buscasse, mas ai lembrei que fui avisada que ela iria para a praia com o Alden e só voltaria de noite, então não tive outra opção a não ser ir andando até em casa.

Não é como se fosse extremamente longe, mas também não é perto. Foi uma caminhada e tanto e eu cansei mais do nunca.

Assim que cheguei em casa, fui recebida pelos dois gatinhos ruivos Fred e George. O nome deles é referência aos gêmeos caóticos de Harry Potter e pode-se dizer que eles fazem jus ao nome que tem.

Liguei para Tess e Evy o mais rápido possível para poder contar a grande novidade sobre a banda. Elas ficaram mais do que animadas e praticamente surtaram pelo telefone quase me deixando surda.

Nós conversamos quase a tarde inteira por ligação e quando viemos a desligar, eu me lembrei da minha mãe. Eu preciso contar isso para ela também, ela vai ficar mais do que feliz.

Liguei uma, duas, três, quatro, quinze vezes. Todas caíram na caixa postal sem nenhum sinal de retorno. E então eu mandei incontáveis mensagens para ela, na esperança de uma resposta.

Não teria porque ela não me responder. Ela não trabalha, não dedica todo o seu tempo a cuidar da casa e nem sequer tem hobbies que dediquem tempo.

A minha mãe pode muito bem ter caído em uma crise de depressão e simplesmente não vai ter ninguém para ajudar ela. Isso pode parecer pesado, mas desde que Lia veio morar aqui em Los Angeles eu tive que tirar a minha mãe de no mínimo dez crises. Em seis anos.

É um processo difícil, longo e que requer paciência. Meu genitor (Sim, genitor, pois ele não merece o título "pai") nem nos seus dias mais pacientes e amorosos seria capaz de ajudar ela um por cento que seja.

Deve ser por isso que ela se separou dele, porque ele é um merda insensível. Eu tenho poucas memórias dele e da minha mãe como um casal e todas elas são ruins.

O som da porta da frente se abrindo me tira completamente do meu transe. Desço até o meio da escada e vejo a minha irmã e o Alden presos em seu próprio mundo perfeito com seus dois gatos.

Eu me sinto uma intrusa nessa casa, nessa cidade, nessa escola, nessa estado, nesse lado do país, em tudo que envolva estar aqui. Eu só queria um abraço da minha mãe.

Eu pensei que estava me sentindo em casa aqui, mas eu percebi que estou terrivelmente errada. Eu nunca na vida me senti tão deslocada. Não importa o quanto eu finja e tente me convencer.

Já dizia Melanie Martinez: "Syrup is still syrup in a sippy cup".

Eu não sei exatamente em qual momento disso tudo eu caí sentada na escada e comecei a chorar, mas sei que isso aconteceu. Acho que o barulho chamou a atenção dos dois que vieram ver a origem do tal.

Alden, ao ver meu estado, foi em direção a cozinha provavelmente para preparar um chá calmante ou algo assim. Já a minha irmã se sentou ao meu lado e me abraçou fortemente.

Ela não pediu por explicações, não me bombardeou com perguntas. Ela simplesmente me abraçou e ficou assim até ouvir que eu me tranquilizei.

— Você quer me contar o que aconteceu? — Lia me perguntou com o tom mais tranquilizador possível.

Eu procurei no fundo da minha mente o verdadeiro motivo para eu estar assim para não sair simplesmente desabafando coisas sem sentido.

— Eu não me sinto em casa e eu to morrendo de saudades da mamãe — Fiquei orgulhosa de mim mesma porque consegui falar isso sem começar a me embolar em lágrimas novamente.

— Oh, meu amor, me desculpa por não te incluir muito. Eu juro que eu vou tentar passar mais tempo com você. Eu me senti exatamente assim quando me mudei e tudo que eu menos queria é que você passasse pela mesma coisa — Ela respondeu fazendo carinho no meu rosto e limpando as ocasionais lágrimas que rolavam involuntariamente.

Alden veio, entregou uma xícara de chá para a minha irmã e saiu de novo, nós deixando sozinhas.

— Bebe esse chá, Mimi, vai fazer bem para você — Ela me entrega a xícara e da um beijinho na minha testa quando eu começo a beber.

Quanto mais do chá que eu ingeria, mais sono chegava e continuava chegando sem parar. Lia tirou o vidro da minha mão quando percebeu que eu praticamente dormia acordada e a última coisa que me lembro em seguida é encostar no ombro dela e só acordar no dia seguinte na minha cama.

ELECTRIC TOUCH, Walker ScobellOnde histórias criam vida. Descubra agora