Walker Scobell
Consolar pessoas nunca foi o meu forte. Independentemente da situação, eu nunca sabia o que falar ou fazer, mas quando vi Mia chorando na sala de aula sabia que não podia deixá-la daquele jeito.
Confesso que fiquei morrendo de medo da Sra. Williams me negar de ajudar ela e depois me humilhar na frente da sala como sempre. Surpreendentemente, isso não aconteceu.
Peguei a minha garrafinha térmica de água que estava cheia e tirei a Welsh de lá, a levando para uma parte atrás do campo de futebol bem escondida e que quase ninguém conhece.
Antigamente, aqui foi um parque para as crianças, hoje em dia só resta um banco balanço preso a uma árvore.
Ajudo ela a sentar no banco e me sento ao lado dela a olhando com preocupação. Pego a mão da garota para tentar transmitir segurança.
Ela me olhou sorrindo levemente ao meio as lágrimas e eu sorri de volta. Isso definitivamente é o contrário de odiar ela. Por que ela tem que ser tão difícil de odiar?
- Então, Mia, o que aconteceu? - Finalmente perguntei o que estava martelando a minha cabeça e ela desviou o olhar.
Será que eu não deveria ter perguntado?
- Eu não sei... Eu fiquei nervosa porque não consegui nem começar a resolver e me desesperei. Eu só não quero ficar muito pra trás que a turma sabe? Mas eu tô, eu to milhas pra trás. - Ela desabafou e meu coração doeu por ela.
Essa foi uma das primeiras vezes que eu realmente percebi o quanto de sotaque ela tem. E eu achei tão fofo. Acho que ela se força a falar igual o pessoal daqui para não zoarem, mas não consegue forçar enquanto chora.
Na minha opinião, ela nunca jamais deveria se forçar a falar igual os outros. O sotaque dela só a torna mais única.
Deus, como eu queria poder falar isso para ela, mas não tenho intimidade para isso e provavelmente nunca vou ter.
- Mia, eu tenho certeza que logo logo você vai ta até melhor que todo mundo naquela sala. Você quer que eu te ajude com esse conteúdo e com os outros que você não entende?
- Você faria isso? - Ela me olha com os olhos brilhando pelas lágrimas.
- Claro, eu gosto de ajudar e você é a minha dupla em química - Falo isso e logo em seguida a garota me surpreende com um abraço rápido.
- Muito obrigada, de verdade - Ela diz secando as lágrimas.
- Não precisa agradecer. Você vai tocar na festa de sexta? - Pergunto mudando de assunto.
A feição no rosto dela imediatamente muda, se tornando animada e extremamente feliz.
- Sim!! Eu to muito ansiosa. A gente vai ensaiar todos os dias essa semana e eu já comecei a decorar a partitura das músicas que a gente vai tocar - Ela explica com um grande sorriso.
- Mas tinha alguma música que você já sabia tocar ou todas são desconhecidas?
- Tem umas duas que eu já sabia tocar um pouco, mas o resto não. E nem tenta descobrir as músicas, eu vou ser fiel ao sigilo. A não ser que a Momona te conte, eu não vou contar.
Ela fala com pura determinação e eu sou obrigado a rir. Eu não estava rindo dela especificamente, e sim da situação.
- Esse não era o meu plano, mas eu aposto que consigo fazer você falar pelo menos um nome.
A garota na minha frente começou a rir também e respondeu entre as risadas:
- Você ta confiante demais, Scobell. Eu não vou contar nada.
- Só uma? Eu fico te devendo um favor. - Faço a minha melhor carinha de coitado e parece funcionar, pois ela suavizou a expressão de teimosia.
- A gente vai abrir o show com Party Monster do The Weeknd.
- JURA? EU AMO ESSA MÚSICA - Eu fico parecendo uma criança toda vez que alguém fala das minhas músicas favoritas.
A garota abriu um sorriso de orelha a orelha depois do meu surto de animação e conversou com um aceno de cabeça.
- Você é muito mais legal do que parece, loiro.
- Você também é muito mais legal do que parece.
Talvez em um outro universo onde ela não é melhor amiga da minha inimiga poderíamos ser de fato amigos ou algo assim.
Mas definitivamente não nesse universo. E isso doeu lá no fundo.
- Eu não quero voltar pra aula de química - Ela comenta jogando a cabeça para trás cansada.
- Eu quero muito menos. Ver a cara da bruxa Williams é um pesadelo. - Eu respondo no mesmo tom de cansaço.
- Por que você odeia tanto ela?
Então, eu conto para Mia todas as coisas que essas bruxa fez comigo e ficamos muito tempo falando mal dela. E muito tempo mesmo.
Ela criou apelidos e fez piadas simplesmente impossíveis de não rir. A garota definitivamente me surpreendeu com o seu senso de humor.
Mas uma surpresa boa, muito boa.
Além de linda, é engraçada? A vida não é nada justa com o meu coração.
Eu não sei exatamente quanto tempo eu e a Welsh ficamos conversando sobre as mais diversas coisas, mas sei que foi muito mais que o tempo restante da aula. O nosso material com certeza foi jogado na diretoria pela querida da professora.
Mia olha no relógio de pulso dela e seus olhos quase pulam para fora em surpresa.
- Walker, é quase hora do almoço.
- Então você ta me dizendo que a gente ta conversando a quatro horas e não o percebemos?
- É, tipo isso.
Por algum motivo, isso me deixa muito feliz e eu sorrio largamente.
- A gente fala pra caramba. Melhor irmos antes de perder o almoço, Mia.
- Você não precisa me chamar pelo nome o tempo inteiro. Pode usar algum apelido.
Isso me deixa pensativo por uns segundos, até que eu descido o perfeito.
- A sua aparência me lembra uma princesa da Disney. Seu apelido vai ser... - faço uma pausa dramática de alguns segundos - princesinha!
Ela da uma risada breve e concorda.
- Ta bom, loiro, você que escolhe. Mas na frente dos outros você é Scobell e eu sou Welsh.
Nós trocamos um aperto de mão e saímos do lugar escondido atrás do campo onde, silenciosamente, ficou decidido como o nosso lugar para conversar.
O nosso lugar para se esconder dos obstáculos.
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ELECTRIC TOUCH, Walker Scobell
Fanfic𝐓𝐎𝐐𝐔𝐄 𝐄𝐋𝐄́𝐓𝐑𝐈𝐂𝐎 || Onde Walker se apaixona secretamente pela nova guitarrista da banda da escola. ✵ Após 𝐌𝐈𝐀 𝐖𝐄𝐋𝐒𝐇 se mudar para o outro lado do país tentando fugir de problemas, ela con...