10 | I Know Places

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Walker Scobell

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Walker Scobell

Consolar pessoas nunca foi o meu forte. Independentemente da situação, eu nunca sabia o que falar ou fazer, mas quando vi Mia chorando na sala de aula sabia que não podia deixá-la daquele jeito.

Confesso que fiquei morrendo de medo da Sra. Williams me negar de ajudar ela e depois me humilhar na frente da sala como sempre. Surpreendentemente, isso não aconteceu.

Peguei a minha garrafinha térmica de água que estava cheia e tirei a Welsh de lá, a levando para uma parte atrás do campo de futebol bem escondida e que quase ninguém conhece.

Antigamente, aqui foi um parque para as crianças, hoje em dia só resta um banco balanço preso a uma árvore.

Ajudo ela a sentar no banco e me sento ao lado dela a olhando com preocupação. Pego a mão da garota para tentar transmitir segurança.

Ela me olhou sorrindo levemente ao meio as lágrimas e eu sorri de volta. Isso definitivamente é o contrário de odiar ela. Por que ela tem que ser tão difícil de odiar?

- Então, Mia, o que aconteceu? - Finalmente perguntei o que estava martelando a minha cabeça e ela desviou o olhar.

Será que eu não deveria ter perguntado?

- Eu não sei... Eu fiquei nervosa porque não consegui nem começar a resolver e me desesperei. Eu só não quero ficar muito pra trás que a turma sabe? Mas eu tô, eu to milhas pra trás. - Ela desabafou e meu coração doeu por ela.

Essa foi uma das primeiras vezes que eu realmente percebi o quanto de sotaque ela tem. E eu achei tão fofo. Acho que ela se força a falar igual o pessoal daqui para não zoarem, mas não consegue forçar enquanto chora.

Na minha opinião, ela nunca jamais deveria se forçar a falar igual os outros. O sotaque dela só a torna mais única.

Deus, como eu queria poder falar isso para ela, mas não tenho intimidade para isso e provavelmente nunca vou ter.

- Mia, eu tenho certeza que logo logo você vai ta até melhor que todo mundo naquela sala. Você quer que eu te ajude com esse conteúdo e com os outros que você não entende?

- Você faria isso? - Ela me olha com os olhos brilhando pelas lágrimas.

- Claro, eu gosto de ajudar e você é a minha dupla em química - Falo isso e logo em seguida a garota me surpreende com um abraço rápido.

- Muito obrigada, de verdade - Ela diz secando as lágrimas.

- Não precisa agradecer. Você vai tocar na festa de sexta? - Pergunto mudando de assunto.

A feição no rosto dela imediatamente muda, se tornando animada e extremamente feliz.

- Sim!! Eu to muito ansiosa. A gente vai ensaiar todos os dias essa semana e eu já comecei a decorar a partitura das músicas que a gente vai tocar - Ela explica com um grande sorriso.

- Mas tinha alguma música que você já sabia tocar ou todas são desconhecidas?

- Tem umas duas que eu já sabia tocar um pouco, mas o resto não. E nem tenta descobrir as músicas, eu vou ser fiel ao sigilo. A não ser que a Momona te conte, eu não vou contar.

Ela fala com pura determinação e eu sou obrigado a rir. Eu não estava rindo dela especificamente, e sim da situação.

- Esse não era o meu plano, mas eu aposto que consigo fazer você falar pelo menos um nome.

A garota na minha frente começou a rir também e respondeu entre as risadas:

- Você ta confiante demais, Scobell. Eu não vou contar nada.

- Só uma? Eu fico te devendo um favor. - Faço a minha melhor carinha de coitado e parece funcionar, pois ela suavizou a expressão de teimosia.

- A gente vai abrir o show com Party Monster do The Weeknd.

- JURA? EU AMO ESSA MÚSICA - Eu fico parecendo uma criança toda vez que alguém fala das minhas músicas favoritas.

A garota abriu um sorriso de orelha a orelha depois do meu surto de animação e conversou com um aceno de cabeça.

- Você é muito mais legal do que parece, loiro.

- Você também é muito mais legal do que parece.

Talvez em um outro universo onde ela não é melhor amiga da minha inimiga poderíamos ser de fato amigos ou algo assim.

Mas definitivamente não nesse universo. E isso doeu lá no fundo.

- Eu não quero voltar pra aula de química - Ela comenta jogando a cabeça para trás cansada.

- Eu quero muito menos. Ver a cara da bruxa Williams é um pesadelo. - Eu respondo no mesmo tom de cansaço.

- Por que você odeia tanto ela?

Então, eu conto para Mia todas as coisas que essas bruxa fez comigo e ficamos muito tempo falando mal dela. E muito tempo mesmo.

Ela criou apelidos e fez piadas simplesmente impossíveis de não rir. A garota definitivamente me surpreendeu com o seu senso de humor.

Mas uma surpresa boa, muito boa.

Além de linda, é engraçada? A vida não é nada justa com o meu coração.

Eu não sei exatamente quanto tempo eu e a Welsh ficamos conversando sobre as mais diversas coisas, mas sei que foi muito mais que o tempo restante da aula. O nosso material com certeza foi jogado na diretoria pela querida da professora.

Mia olha no relógio de pulso dela e seus olhos quase pulam para fora em surpresa.

- Walker, é quase hora do almoço.

- Então você ta me dizendo que a gente ta conversando a quatro horas e não o percebemos?

- É, tipo isso.

Por algum motivo, isso me deixa muito feliz e eu sorrio largamente.

- A gente fala pra caramba. Melhor irmos antes de perder o almoço, Mia.

- Você não precisa me chamar pelo nome o tempo inteiro. Pode usar algum apelido.

Isso me deixa pensativo por uns segundos, até que eu descido o perfeito.

- A sua aparência me lembra uma princesa da Disney. Seu apelido vai ser... - faço uma pausa dramática de alguns segundos - princesinha!

Ela da uma risada breve e concorda.

- Ta bom, loiro, você que escolhe. Mas na frente dos outros você é Scobell e eu sou Welsh.

Nós trocamos um aperto de mão e saímos do lugar escondido atrás do campo onde, silenciosamente, ficou decidido como o nosso lugar para conversar.

O nosso lugar para se esconder dos obstáculos.

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⏰ Última atualização: May 26 ⏰

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ELECTRIC TOUCH, Walker ScobellOnde histórias criam vida. Descubra agora