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— Pedro Tófani point view —
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– Eu estava atônito.
João me encarava com as sombrancelhas arqueadas. Eu havia acabado de provar o feijão tropeiro que ele e giovana prepararam.
Busquei em minha mente palavras ‘pra descrever o sabor da comida, sem ferir os sentimentos do meu melhor amigo.
Aquilo ‘tava incomestível.
– E aí, pê? – João quebrou o silêncio, ansioso pela minha avaliação.
– Bê.. – Comecei. – ‘Tá..bom! ‘Tá bem gostoso – Disse, prensando os lábios.
– Pedro, ‘cê sabe que você não me engana, ‘né? – Ele respondeu, arqueando as sombrancelhas novamente – ‘Tá tão ruim assim?
Assenti com a cabeça, e vi João escorregar na cadeira, soltando uma lufada de ar frustada.
– O que você acha da gente pedir alguma coisa? A gente nem precisa falar ‘pra Gio sobre o feijão tropeiro! – Perguntei, e o vi sentar novamente.
– Desculpa ter acabado com o nosso almoço – João disse, com a voz embargada.
– Bê..‘tá tudo bem! Não tem como acabar com algo que a gente nem começou direito – Digo, entrelaçando minha mão com a sua – Olha, se você preferir, ao invés da gente pedir algo, eu cozinho e você me ajuda!
João assentiu sorrindo.
– Então..o que você vai fazer? – Ele perguntou, se levantando. Nossas mãos ainda estavam entrelaçadas.
– Que tal lasanha? – Sugeri, e logo vi um bico em seus lábios.
– Lasanha, amô? Tem certeza?
– O que você sugere? – Perguntei, me aproximando do garoto.
Nossas respirações se misturavam com tamanha proximidade. Nossos quadris se encostavam. Retirei um cacho que caia sobre sua testa, e vi sua pupila dilatar.
Se continuassemos assim, a profecia de Giovana se concretizaria, e ela teria que nos aguentar como amigos por muito mais tempo.
– ‘Que tal nhoque? – Ele respondeu, depois de longos minutos.
Soltei uma risada anasalada, ‘já sabendo o quão previsível João era.
