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— João Romania point view —

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— João Romania point view —

– Ei, ‘cê topa passar na locadora? – Pergunto ao moreno sentado a minha frente.

– Com essa roupa? De jeito nenhum! – O mesmo responde, me encarando indignado – ‘Só se você me emprestar alguma roupa sua..

– Ah ‘nem, Pedro! Vamos logo, nem troca de roupa! A locadora é pertinho daqui, e você fica incrível vestindo qualquer coisa – Confesso, vendo Tófani me lançar um sorrisinho sem graça.

Maldito sorrisinho.

– ‘Tá bom, me convenceu! Você dirige – O moreno se levanta da mesa, enquanto se dirige a pia – A gente vai mesmo deixar essa louça aqui?

– Óbvio! Uma louça a mais, uma a menos, não faz diferença! Vamos logo, Pedro Palhares – O moreno levanta as mãos, em sinal de rendição, e me segue até o quintal.

Nos acomodamos no carro, e iniciamos o caminho até a locadora mais próxima.
Pedro travou uma batalha sobre quem iria escolher a música no rádio, e é óbvio que eu o deixei ganhar.

O garoto deu play em “pro dia nascer feliz” na voz do Cazuza, e gritou a plenos pulmões.

– Me dê de presente o teu bis, pro dia nascer felizzz – O moreno terminou sua cantoria, dirigindo o olhar pra mim.

Sorri genuíno, porque é o que eu mais faço desde quando conheci Pedro Tófani. Ou seja, sorrio genuíno desde a minha infância.

Assim que chegamos na locadora, vi o olhar do meu melhor amigo se perder naquele mundo de filmes.

Locadoras não eram mais tão populares iguais eram em épocas passadas, mas, algumas ainda estavam conservadas. E a nossa sorte, era que em São Paulo, ainda existiam algumas das mais incríveis.

– ‘Tá, qual filme a gente vai alugar? – Perguntei ao moreno que observava os filmes, encantado, ao meu lado.

Não era a primeira vez que trazia Pedro aqui, mas é lindo o jeito que ele é genuíno com coisas já vistas e vividas.

– ‘Que tal um filme de terror? – Pedro sugeriu e eu o encarei com as sombrancelhas arqueadas – ‘Ok, vetando filme de terror.

– Eu te trouxe aqui ‘pra você escolher, no mínimo, um filme de romance, Pê! – Respondo, e o vejo revirar os olhos.

– Romance, bê? Sério mesmo? Vamos assistir uma comédia, ‘que tal? – Ele sugere, novamente.

– Pode ser! Catch me if you can? – Pergunto, e Pedro assente, com um sorriso.

Nos dirigimos até o caixa, e alugamos o filme.

– Bê, e como vão as coisas com seu admirador secreto? – Pedro começou, assim que adentramos o carro.

Eu senti minha garganta fechar.

Eu não sabia, ao certo, como me sentir em relação a ele. Era confuso. Eu queimava por Pedro a cada dia, mas me sentia um monstro por não dar satisfações ao meu “admirador”.

Era sufocante.

– ‘Ah..eu não recebi mais nenhuma carta – Rio sem graça, batucando meus dedos no volante – ‘Dá até pra acreditar que ele desistiu de mim.

– Desistiu, João? Quem desiste de você, por deus! – O moreno diz, soltando um suspiro – Talvez o correio só esteja atrasando a chegada da carta.

– ‘É..talvez só esteja mesmo – Respondo, e a conversa se encerra comigo aumentando o volume do rádio.

Eu sempre fui muito positivo, sempre muito intenso, e muito corajoso pra bancar todos esses adjetivos.

Mas as vezes, eu pagava o preço por ser assim. E é o que está acontecendo agora.

Eu queimaria para ter Pedro, mas não aguentaria ver meu “admirador” sofrendo. Por mais que eu não o conheça – eu acho que não o conheço – eu odiava a sensação de ter alguém sofrendo por algo que eu fiz ou escolhi.

E isso me sufocava.

Senti-me puxado de meus pensamentos quando chegamos a minha casa. Pedro saltitava, ansiando ver o filme.

Era uma graça.

– ‘Ei, posso tomar posse da sua cozinha de novo ‘pra fazer bolo de caneca? – Pedro perguntou, e eu o olhei incrédulo.

– Desde quando você tem que me pedir permissão, Pedro Augusto? A casa é tão sua quanto minha!

– Eu sou uma pessoa educada, João Vitor! – Ele respondeu, com um tom irônico.

– Tia Ana te criou muito bem, palmas ‘pra ela! – Decidi entrar na brincadeira. Pedro empurrou meu ombro, e seguiu para a cozinha.

Me dirigi para a sala, e coloquei o filme no aparelho de DVD. Decidi esperar por Pedro ali, já que da minha sala, conseguia ver um pedaço da cozinha.

Pedro se movimentava por lá com experiência. Ana, sua mãe, sempre foi uma ótima cozinheira. E era ótimo que seu dom tivesse passado para ele.

Eu amava o jeito que Pedro sempre adorou cozinhar, seja para mim ou para os nossos amigos, ou até ‘pra própria família. Era um hobby dele, e eu o  admirava.

– Lavei a louça, ‘tá? – Pedro veio em minha direção, com duas canecas nas mãos. O cheiro estava maravilhoso.

– Eu falei que não precisava, amô! – Rebati, e o moreno me mostrou a língua, sentando-se ao meu lado.

Dei play no filme, e ficamos ali.

No nosso retrato mais fiel.

– Pedro Tófani me criou muito bem, tão low profile quanto ele.

– Nanda.

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