C A P I T U L O 0 1

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Não posso deixar que isso aconteça, não tenho escolha, farei tudo o que for possível para impedir esse casamento. Ethan, é meu.

Já fazem quase cinco minutos que a ligação foi encerrada

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Já fazem quase cinco minutos que a ligação foi encerrada. Não movi nem mesmo um músculo nesse meio tempo. Creio, que se fosse clinicamente possível, até mesmo meu coração teria ficado em silêncio por respeito à minha dor.

Me sinto deslocado do meu corpo. Como uma alma em uma experiência extracorpórea, espero as câmeras escondidas aparecerem ou meus olhos se abrirem e eu acordar suado, notando que se tratava apenas de um pesadelo. Mas nada disso acontece, é claro.

Ainda estou sentado em minha sala, com o café esfriando e o sanduíche molhado pelas lágrimas que eu derramei. Corro as mãos até meu peito e esmago meu coração, numa tentativa de apaziguar a dor que habita em seu interior.

Conheço Ethan desde os cinco anos de idade, ele foi meu primeiro amigo quando não conhecia ninguém. Eu era apenas uma criança coreana, desajeitada em um país novo em que eu não falava mais do que algumas palavras. Os adultos riam de mim, falando coisas que eu desconhecia o significado. As crianças não me entendiam o suficiente para sequer tentar se aproximar.

Isso, por si só, já explica o motivo de o meu pequeno coração ter batido mais forte, quando, ainda no jardim de infância, ele se sentou ao meu lado e me ofereceu uma mordida do seu sanduíche. 

Eu não entendia o que ele dizia, mas isso não era necessário quando ele abria um amplo sorriso com um dos seus dentes faltando e seus olhos azuis da cor do céu pareciam brilhar.

Dividimos muitas refeições e trocamos muitos sorrisos, até eu aprender o básico de inglês para conversar com ele e só então descobrir seu nome.

— Meu nome é YoonJay, e o seu? — Eu finalmente pude falar.

— Sou Ethan — ele aponta para si com suas pequenas mãozinhas. Em seguida, tenta repetir meu nome e sua língua se enrola e nada sai, me fazendo dar uma gargalhada — Jay, vamos te chamar de Jay.

Como se, apenas isso fosse o necessário para me introduzir ao seu ciclo social. Ethan agarra minha mão na sua e me puxa em direção ao resto dos meninos gritando com um tom de voz feliz.

— Gente, ele é o Jay. Ele é legal! — Ele anuncia, essa foi a primeira vez que me lembro de sentir meu rosto corar.

O tempo foi passando, e minha amizade com Ethan ficando cada vez mais forte. Aos sete anos, éramos praticamente inseparáveis. Vivíamos grudados o máximo de tempo possível. Até mesmo as nossas famílias já se conheciam e sempre passávamos os finais de semana juntos, jogando no meu Nintendo velho ou correndo por sua casa. 

Eu não entendi, na primeira vez, quando meu coração doeu no dia em que vi ele dar a mão para uma garota. Quis gritar com ele quando me disse que não poderia ir embora comigo, pois acompanharia Sophie até sua casa. Eu não entendi, por que ele iria querer fazer isso, quando podia apenas passar o tempo comigo? Ele era o suficiente para mim, então, por que eu não era o suficiente para ele?

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