Capítulo 8

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— Não acredito que o seu padrasto é o nosso professor! — Taehyung tem a boca aberta em choque enquanto comíamos no refeitório.

— Imagina eu.. nem sonhava que isso ia acontecer, eu sei que ele é professor, mas mesmo assim. — Digo, levando uma porção de arroz à boca.

— Ele não dava aula em faculdade? Porque ele resolveu dar aula pra adolescentes rebeldes? — Questiona.

— Eu ouvi algo sobre ele não gostar de dar aulas pra adultos imaturos, acho que se ele for ter que lidar com gente imatura, que seja adolescentes, então.

— Faz sentido. — Concorda. — Ei, mudando de assunto, o que rolou entre você e o Jackson na festa? — Ele me olha de uma forma suspeita.

— Como assim? Não aconteceu nada! — Respondo. — Porque a pergunta?

— Hum.. ele ficou me perguntando se você tinha namorado, eu tava meio bêbado, então não sei se falei besteira, mas acho que ele está interessado em você. — Revela.

— Eu não percebi, mas ele não era afim de você?

Taehyung revira os olhos.

— Fala sério, isso foi ano passado, somos só amigos agora, de verdade, Yoongi que é cheio de insegurança, as vezes me cansa. — Suspira. — Eu gosto dele, mas odeio quando ficam me cobrando, a gente nem namora, mas ele fica no meu pé, isso é um saco! — Desabafa.

Eu o encaro e assinto.

— Bom, é óbvio que ele gosta muito de você, ele só tem medo de te perder pra outra pessoa. — Falo.

— A gente não perde o que não tem, jimin. — Ok, isso foi cruel, mas não posso julgar.

Taehyung nunca foi de ter compromisso sério, ele sempre gostou de ser livre e de ficar com quem quisesse, yoongi sabia disso, acontece que eles dois estavam ficando a um tempo e Yoongi talvez esteja se entregando demais, ele pode acabar se machucando caso meu amigo resolva acabar com isso.

— Seja claro com ele, então, dê um ponto final nisso ou então tente algo sério, você vai acabar magoando ele. — Aconselho.

Ele suspira.

— Acho melhor acabar com isso, então.

◇◇◇

Não posso negar que Jeon Jungkook é um ótimo professor, quer dizer.. todos adoram ele, as aulas principalmente.

Ele é o tipo de cara que sabe ser brincalhão e sério na hora certa, ele ensina bem e não trata ninguém diferente.

Bom, pelo menos é o que eu achava.

— Park, um F? O que está havendo com você? — Ele fala baixinho em frente a minha carteira na sala de aula, enquanto distribui as notas do teste surpresa de inglês que passou para todos nós a pedido da professora Irene que havia faltado.

— Eu só.. não estava preparado. — Pego a folha abruptamente, com vergonha dos olhares curiosos em cima de nós dois. — Eu vou melhorar.

— Espero que sim. — Ele me lança um sorriso fingido e passa para a próxima carteira. — Charles, Parabéns, A+!

— Thank you, teacher. — O filho da puta diz na maior cara de pau, como se não fosse um intercambista da Austrália.

Imbecil.

Mas uma coisa eu tenho que admitir.. sou péssimo em inglês.

O sinal para o fim das aulas da primeira semana tendo Jeon como meu professor toca.

Ótimo, menos uma semana no inferno.

Caminho até a saída junto de Taehyung, o pai dele veio buscá-lo como sempre fazia e eu caminho sozinho até a parada de ônibus, Hoseok ficou doente e por isso não veio pra escola nessa primeira semana, mas me disse que virei na próxima, pelo menos vou ter companhia na ida e na volta da escola.

Ficar sozinho na parada de ônibus ao meio dia de uma sexta feira não é muito bom, é bem deserto na verdade, apesar de ser um bom bairro, ainda sim não posso baixar a guarda, há muita gente má intencionada por aí.

Olho para os lados e nem sinal do ônibus, até que sinto meu celular vibrar com uma ligação.

Jungkook.

— Que foi? — Pergunto seco, não estou com muita paciência pra ele hoje.

Onde você ? — Ele indaga, sem parecer se importar com meu tom rude.

— Em Nárnia. — Rio sozinho da minha própria infantilidade.

Jimin.. manda sua localização pra mim. — Pede.

— E se eu não quiser? — O desafio apenas para irritá-lo.

— Já esqueceu do nosso acordo? — Isso foi o suficiente para me fazer bufar e mandar minha localização pra ele antes de desligar.

Cinco minutos depois o carro de Jeon estaciona em frente a parada onde estou ainda sozinho, a janela se abre e ele me encara.

— Entra. — Seu pedido parece mais uma ordem.

— Porque? — Faço pouco caso.

— Porque ou você vem comigo ou vai a pé pra casa. — Diz, parecendo perder a pouca paciência que tem.

— Eu vou de ônibus!

— Tá vendo algum ônibus vindo? — Nego. — É porque não tem! Estão de greve, vai ficar aí até que horas? Entra logo, sua mãe pediu pra eu te levar pra casa.

Ah, minha mãe, claro.

Sem muita opção eu caminho até o outro lado do carro e entro no banco do passageiro, jeon fecha a janela e liga o ar, ele dirige em silêncio até parar em um sinal vermelho.

— Coloque o cinto. — Pela primeira eu o obedeço sem questionar, não tô afim de discutir mais.

Sinto seus olhos em mim mesmo sem vê-lo, ignoro isso e olho para fora da janela, o sinal volta a ficar verde e ele segue dirigindo.

— Como foi a primeira semana de aula? Você gostou? — Sua voz agora sai mansa, sem rastros de aborrecimento.

— Hum.. — Murmurei, sem vontade de responder.

— O que significa "hum"?

— É uma afirmativa, ué. — Respondo.

Ele fica em silêncio por alguns segundos, chego a pensar que ele desistiu de puxar assunto, até que sinto sua mão esquerda em minha coxa, um aperto fraco é deixado ali.

Oi?

Olho para ele surpreso, sem entender sua atitude repentina.

— Se sente mal? É por causa do teste? — Questina ainda com a mão sobre minha coxa, mas focado do trânsito.

— Eu tô bem. — Digo, mas não faço nada a respeito de sua mão em minha perna, nem sei porque, mas ele não a tira até chegarmos em frente a minha casa, ao estacionar, ele acaricia minha coxa e retira sua mão dali.

— Se precisar de ajuda com algum matéria, me avise, jimin, posso te ajudar, uh? — Insinua.

— Eu não preciso, sei me virar sozinho. — Desprendo o cinto de segurança.

— Mas não precisa, pode sempre falar comigo, sobre qualquer coisa, além de ser seu professor, eu sou padrasto, e posso ser seu amigo também. — Diz.

Que papo estranho, fala sério.

— Já disse que não preciso, Obrigado. — Abro a porta do carro e saio a fechando.

— Jimin! — Olho para trás quando ele abre a janela do carro e me encara. — Nos vemos mais tarde. — Sorri do jeito esquisito dele e fecha novamente a janela escura dando partida para longe.

Eu juro que não entendo o que esse cara quer.

MEU PADRASTO | JIKOOK HOTOnde histórias criam vida. Descubra agora