Angelo de Orleans Alencastre era um dos mais carismáticos e inteligentes lídres da civilização, no ano de 2733 era o PCM (Presidente do Conselho de Ministros), estava tendo um lindo sonho em que ganhava outro prêmio da Sociedade Astrofísica da UNSP (Universidade de Nova São Paulo). Seu sonho foi interrompido pelo despertador, ele era uma das pouqíssimas pessoas que não perdia o sono pela notícia de três estrelas candidatas a Sol II, como era chamada a nova estrela anfitriã que a humanidade tanto queria.
Angelo nem pensou em se levantar, mas abriu os olhos e viu o rosto sereno de seu marido, Gabriel Mendes Schwarzschild. Angelo pensou na sorte que tinha de viver naquela época, 700 anos atrás um gênio da ciência ser chefe de estado e casado com outro gênio era quase impossível, mas a cidade subterrânea que salvou a humanidade era composta só de cientistas.
A humanidade floresceu como uma sociedade técnica, todos acreditavam que falta de conhecimento técnico significava morte, então ninguém tinha menos de 130 pontos de QI. Angelo se sentou, pegou um copo e cospiu uma pastilha higienizadora, ela cuidava da saúde bucal durante a noite e impedia o bafo matinal, mas por habito todos escovavam os dentes antes de dormir e depois de acordar mesmo com a pastilha.
Angelo deveria ir ao banheiro se arrumar, precisaria fazer várias reuniões que definiriam o destino do mundo inteiro, mas não queria abandonar aquele rosto sereno do Gabriel. O Gabriel Schwarzschild era um homem um tanto pálido, com cabelos negros e barba curta, rosto quadrado que o fazia parecer mais másculo do que era e um tanto italiano.
Angelo deu uns beijos e abraçou o Gabriel que sonhava com o que todos sonhavam, a Terra se alinhando na órbita de uma estrela grande e branca classe A0V, o mundo desacelerava soltando jatos de plasma na direção oposta da órbita, de repente a estrela explodia numa supernova e o mundo era destruído.
Houve um estrondo no quarto e Gabriel acordou meio exasperado.
"Desculpa amor, esqueci a maquete do Anel de Dyson na cama e ela caiu quando eu chutei por acidente." Disse Angelo acariciando os cabelos negros.
Gabriel ainda bêbado de sono pensou em xingar o Angelo, o pesadelo não era culpa dele mas tinha que descontar em alguém, não conseguiu com a pastilha higienizadora na boca, ele a cospiu no copo e se lembrou.
"Angelo, precisa ir pras reuniões!" Ele ainda estava tentando se lembrar de alguma coisa que o sonho sugeria, sabia que era importante mas o pensamento passou tão vagamente que poderia não ser nada.
"Só depois de ultrapassar o seu Raio de Schwarzschild." Disse Angelo com uma piada sobre sexo que Gabriel detestava.
"É horizonte de eventos seu bocó, vai logo Presidente!" Disse Gabriel, quando acordava de mal humor era melhor ficar longe.
"Eu sei, sou notório-saber em astrofísica senhor Gabriel Horizonte de Eventos." Brincou Angelo, já não ia conseguir o que queria e agora fazia piadas só para irritar mesmo. "Se quiser fazer meu trabalho se candidate para deputado ou Arconte na próxima eleição."
"Talvez eu faça isso, mas por enquanto eu posso ter uma conferência com o Arconte, ele gosta de você mas é um homem sério e negligenciar questões de sobrevivência mundial é crime de Estado." Disse Gabriel que sabia que Angelo tinha um certo medo da figura do Arconte, só a necessidade de uma reunião com ele já fazia Angelo ficar com medo como se sua mãe chamasse seu pai pra te bater.
"Ah, tá bom, chato! Mas eu adoraria ver você concorrer com sua arqueinimiga Lilivati." Disse e saiu correndo pro banheiro sabendo que seria acertado por qualquer coisa ao alcance de Gabriel.
"Não fala o nome daquela vaca!" Gabriel acertou a porta do banheiro com um pedaço de meteorito que ele tinha de enfeite fazendo um estrondo.
"Tentar matar o PCM também é crime de Estado!" Disse Angelo com a voz abafada de dentro do banheiro.
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Os Astrocratas
Science FictionO capitão de uma nave de exploração interestelar detecta sinais de rádio da Terra, os primeiros sinais de rádio que saíram da atmosfera foi a transmissão das olimpíadas na Alemanha nazista em 1936. Depois disso ocorrem catástrofes na humanidade e pr...