𝘾𝙊𝙍𝘼𝙕𝙊́𝙉 - 𝘈𝘳𝘵𝘦𝘮𝘪𝘴 𝘏𝘪𝘥𝘢𝘭𝘨𝘰

15

— Olha, Damiano, não sei o que está tramando, e sinceramente, não quero nem saber.

Sai caminhando rapidamente de volta para a mesa, sentindo-me perturbada:

— Artemis, quero ir embora, agora.

Ele levantou-se, pagou a conta e saímos às pressas, quase correndo. Permaneci em silêncio durante todo o caminho, minha mente estava uma confusão.

Pode parecer um drama desnecessário, mas sinceramente, não faço ideia do que o futuro reserva.

À medida que o casamento se aproximava, a atmosfera na Alpha III ficava cada vez mais tensa. Um jantar importante estava marcado, e eu iria para cuidar da Hera.

A expectativa da festa All Black ainda me deixava um pouco nervosa, mas o conjunto de calça pantalona e blusa canelada preta me deixou confiante. Além disso, ter a outra babá ao meu lado foi reconfortante.

Ao chegar, Hera nos braços, encontrei Juan:

— Que bom que veio. Precisamos conversar. — Ele sorriu de forma forçada.

— Conversar? — perguntei, curiosa.

Ele me conduziu a um local mais reservado, ainda segurando Hera:

— Diana, hoje é uma noite importante, cheia de surpresas... Gosto muito de você, é uma pessoa fundamental para nossa família, especialmente para Artemis e Hera. Mas existem... limites, que devem ser respeitados. Não me importo com o que você e meu filho fazem, desde que isso não me cause problemas. Espero que entenda o que estou dizendo.

Assenti, retornando à festa, onde Artemis me esperava, segurando firme minha cintura:

— Que bom que veio.

Segui até a mesa junto a ele, a conversa com Juan me deixou-me um tanto perturbada, tentando processar tudo o que ele havia dito. Enquanto isso, no evento, a atmosfera estava carregada de tensão.

A festa seguia seu curso, meu olhar repentinamente se fixou em uma figura distante entre os convidados, meu pai. Uma onda de emoções tumultuou meu peito ao vê-lo ali, inesperadamente. Seu rosto exibia as marcas profundas do incêndio que o separou de mim há tanto tempo, e parte dele estava deformada pelas cicatrizes. Era uma visão perturbadora, como se o passado estivesse se materializando diante dos meus olhos.

As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto sem controle, enquanto eu tentava entender o que estava acontecendo. Era uma mistura de sentimentos surpresa, confusão e dor.

Subi até o heliponto do prédio, meu coração batendo forte enquanto tentava conter as lágrimas. Ao ver as cicatrizes no rosto de Lorenzo, senti um choque.

Aquela visão trouxe de volta lembranças dolorosas do incêndio, momentos de medo e desespero que eu havia tentado deixar para trás. Sentei-me em um canto isolado do heliponto, olhando para o horizonte, enquanto as lágrimas escorriam silenciosamente pelo meu rosto.

A imagem de meu pai tão marcado pelas chamas era quase insuportável de se ver, e a confusão de sentimentos dentro de mim era avassaladora.

Com o passar dos minutos, consegui me acalmar. A brisa suave batendo no meu rosto ajudou a secar as lágrimas, mas eu ainda não me sentia pronta para enfrentar a situação lá embaixo.

Chegou a hora do jantar, e Artemis veio me encontrar no corredor, guiando-me de volta para a mesa. Sentei-me com um sentimento de insegurança, segurando Hera em meus braços, que parecia ansiosa por minha presença a cada instante. Ela não queria ficar com mais ninguém além de mim.

Eu só queria sair dali a qualquer custo, minha cabeça latejava em um ritmo insuportável. Artemis permaneceu ao meu lado o tempo todo, oferecendo-me apoio em silêncio.

Um arrepio percorreu todo o meu corpo quando vi Lorenzo se aproximando de nós. Eu estava de pé ao lado de Artemis, segurando Hera nos braços enquanto ela dormia. Não havia como simplesmente escapar da situação.

— Dina... — ele disse, olhando-me com olhos marejados, assim como os meus estavam.

— Pai... — minha voz falhou, incrédula diante do que estava diante de mim.

— Essa é minha neta? — ele perguntou, sorrindo enquanto lágrimas escorriam por seu rosto.

Eu mal conseguia articular uma resposta. Não havia palavras suficientes para descrever o turbilhão de emoções que eu estava sentindo naquele momento.

— Sim, Senhor Alverde. Esta é Hera.

— Ela é linda — ele disse, ainda olhando para mim.

Por mais indelicado que parecesse, eu simplesmente não conseguia desviar o olhar. Nada naquele momento parecia fazer sentido. Eu havia enterrado meu pai, e agora ele estava ali na minha frente.

— Bem, parece que nesta família só há deuses — ele riu junto com Artemis, fazendo referência aos nomes.

Ele se afastou, e a preocupação estampada no rosto de Artemis não passou despercebida por mim.

— Acho melhor irmos embora. Está tudo bem para você? — Ele perguntou, sua voz carregada de ansiedade.

Assenti, incapaz de formular uma resposta coerente. No carro, o silêncio entre nós era insuportável . Artemis não parava de me olhar, e sua mão na minha coxa transmitia a urgência de uma conversa iminente.

— O casamento é daqui a 3 dias. — Ele finalmente quebrou o silêncio.

Permaneci quieta, incapaz de processar suas palavras.

— Eu não quero casar com ela, Diana. Eu quero casar com você. — Sua declaração veio como uma tempestade, mas tarde demais para ser eficaz.

— Artemis, não... É tarde demais para isso. — Minha resposta foi um sussurro, mal audível até para mim mesma.

Assim que chegamos em casa, fui direto para o quarto da Hera. Enquanto a colocava no berço, ouvi o resto da família chegando. Sabia que mais uma briga se aproximava quando vi Juan e Artemis entrando no escritório. Sentei-me na ponta da escada, preparando-me para a iminente discussão que se desenrolaria diante de mim.

— Eu não me importo que você e a Diana mantenham um relacionamento! — A voz de Juan ecoou pelos corredores, carregada de raiva contida. — Já disse para você que o amor atrapalha tudo! Eu não quero saber se você quer ou não casar com Valentina. Você vai casar com ela, e ponto final. E não ouse passar por cima da minha decisão. Não faça nada arriscado antes desse casamento, ou eu não vou responder como seu pai, vou responder como um Hidalgo!