5

87 4 0
                                    

Eu apenas segui a ordem, sinceramente eu já queria ter sumido a partir do momento em que Sofia pisou no cômodo.

Enquanto esperava ele voltar, tentei entreter a bebê o máximo que podia . Ouvi uma breve discussão vinda do escritório, ouvi portas baterem e em seguida os passos até a porta do quarto.

Artemis entrou silenciosamente , pegou Hera nos braços e foi até a janela. Já eu, me sentei na poltrona no canto da sala, observando como ele admirava. Era um momento íntimo dos dois, deixei-os a sos.

Embora tentasse me distrair, algo me incomodava profundamente. Mesmo passando da meia-noite, decidi ir até o quarto.

Abri a porta suavemente e, no canto escuro do quarto, vi Artemis deitado na poltrona com a bebê adormecida em seu peito. Ambos estavam mergulhados em um sono tranquilo, e o calor do quarto os envolvia. Artemis estava sem camisa...

Fiquei ali, observando-os por pelo menos cinco minutos antes de me dar conta da realidade. Não queria interromper aquele momento tão íntimo. Foi quando ele acordou.

— Você me assustou — disse ele, num tom sonolento.

— Desculpe, não era minha intenção...

Artemis me olhou de cima a baixo, e eu fingi não perceber:

— Por que está tão quente aqui dentro? — perguntei, tentando disfarçar o nervosismo.

Ele se levantou, colocando Hera delicadamente no berço.

— Ela gosta de ambientes quentes — explicou Artemis.

— 26 graus, Artemis? — debochei, tentando desviar o olhar do seu corpo.

Ele sorriu de leve.

— Você sabe que não consegue disfarçar muito bem sabia?

— Não entendi o que você quis dizer — respondi, mantendo a expressão neutra, apesar do rubor em minhas bochechas.

— Desculpe pelo jeito que falei com você mais cedo...

— Ah, não precisa se desculpar...

— A minha mãe é meio maluca — Ri baixo quando ele disse.

Artemis senta na poltrona:

— Senta aí .

Ele apontou para a cadeira ao lado:

— O que faz acordada a essa hora? — perguntou com curiosidade.

— Não consegui dormir... Você ficou aqui desde que eu saí?

— Sim, pensei que você fosse voltar.

— Já tinha acabado meu horário de expediente. Aliás, onde está a outra babá? — questionei, notando sua ausência.

— Eu a dispensei. Não queria ninguém me rondando aqui dentro. Tirando você... — sua voz soou um tanto áspera.

— Esta semana está tensa, parece que seus pais estão em cima de você...

— Não só parece, estão. Querem me enfiar em um noivado — ele desabafou, com um suspiro .

Fiquei sem reação por um momento, processando a informação.

— É, também fiquei assim quando me contaram .

Ele disse soltando um pequeno riso pelo nariz:

— Mas por quê? — eu indaguei , inclinando levemente na cadeira.

— Tudo nessa família se baseia em negócios. No ano passado, Ares se meteu na mesma enrascada. A sorte é que a garota também não queria ele. Agora, essa maluca fica me perseguindo, querendo casar comigo.

Fiquei quieta por um tempo , os olhos de Artemis ficaram vagando pelo espaço.

— Nunca pensou em ninguém como pensa na Claudia? — perguntei sem pensar.

Artemis me olhou impressionado:

— Eu acho que fui  um pouco indelicada... —  eu disse enquanto desviei o olhar brevemente.

— Não, você me fez uma pergunta interessante. Me fez pensar agora ...

Ele respondeu, mantendo o contato visual comigo:

—  Talvez eu pense em alguém igual pensava na Claudia...

— Quer me contar quem é ? — dei um risinho.

— Talvez algum dia... A verdade é que Claudia era única. Eu nunca conheci alguém como ela, alguém que entendesse meu mundo da maneira que ela entendia. E agora... agora tudo parece tão vazio... mas aí, de repente tudo mudou.

Continuei o olhando com atenção :

— Acho melhor ir dormir, já tá bem tarde pra você estar acordada.

— Que horas são?

— Duas e meia da manhã...

Levantei de vagar indo até o berço:

— Não se preocupe, vou ficar aqui até amanhecer. Aliás amanhã não se preocupe em acordar cedo, vou sair com ela e só vamos voltar por depois do meio dia.

Assenti ainda olhando para Hera:

— Boa noite Artemis.

— Boa noite Di.

𝘾𝙊𝙍𝘼𝙕𝙊́𝙉 - 𝘈𝘳𝘵𝘦𝘮𝘪𝘴 𝘏𝘪𝘥𝘢𝘭𝘨𝘰 Onde histórias criam vida. Descubra agora