10

73 3 0
                                    

Graças aos céus, a outra babá desceu com Hera nos braços, que chorava muito. Pedindo licença, deixei a mesa imediatamente.

Artemis logo surgiu no quarto de Hera, aproximando-se de mim e beijando minha têmpora:

— O que aconteceu lá embaixo, Artemis?

— Não faço ideia.

— Parece que seus pais sabem mais do que estão dizendo.

Ele se afastou, e eu também, dirigindo-me à janela em busca de um pouco de ar fresco. Artemis veio atrás de mim:

— Oque  tá escondendo? — perguntou ele.

Fiquei em silêncio por um momento, ponderando minhas palavras:

— Artemis, eu não gosto de falar sobre meu passado.

— Então há algo que está escondendo?

— Talvez seus pais possam te contar o que aconteceu.

— Quero você me conte.

Assenti andando pelo quarto:

— Minha vida mudou há 10 anos. Meus pais morreram em um acidente na fazenda, e meu irmão se feriu tentando salvá-los. Tínhamos um patrimônio considerável, mas meu irmão perdeu tudo.  Resumindo, não tenho mais vida em Buenos Aires.

Artemis não sabia oque dizer, ele só véi até mim e me abraçou:

— Sinto muito por você.

No dia seguinte, passei a manhã sozinha, não tinha ninguém em casa. Enquanto brincava com Hera no jardim, uma das empregadas se aproximou de mim, informando que alguém me aguardava do lado de fora da mansão. Deixei Hera aos cuidados da outra babá e fui verificar.

Ao sair, dei de cara com Diego. Antes que pudesse processar o que estava acontecendo, a porta atrás de mim se fechou e Diego me prensou contra ela.

— Finalmente descobri aonde você mora, cachinhos! — disse ele, com um riso sinistro próximo ao meu rosto.

Tentei me manter calma:

— Eu quero a porra do meu dinheiro!

— Diego, eu não tenho esse dinheiro, e você sabe que não tem direito a nada.

Ele pressionou meu rosto com força contra a porta de madeira, suas ameaças ecoando em meus ouvidos. Por sorte, Apollo apareceu na hora certa.

— Diana?! — Apolo veio correndo na minha direção.

Ao notar a presença de Apolo, Diego me soltou e fugiu às pressas.

— Diana, você está bem? — perguntou Apollo, preocupado.

Eu só consegui assentir. Ao entrarmos na casa, fiz  Apolo prometer que iria manterem segredo, não quero preocupar Artemis.

QUEBRA DE TEMPO, 1 de junho de 2024.

Hera já estava com 7 meses, estava cada dia mais linda. Infelizmente, as coisas por aqui não têm sido fáceis.

Embora eu e Artemis tenhamos nos aproximado muito, ainda há algo que nos incomoda.

Artemis está noivo, e ele não pode fazer nada para mudar isso. As brigas em casa aumentaram a um nível absurdo. Sofia insiste em pegar no pé de Artemis, Juan só se importa com os negócios, e esse casamento é só por interesse.

Para a infelicidade de alguns, a então noiva de Artemis, Valentina, vem jantar aqui pela primeira vez. Eu, claro, não estou convidada para esse jantar, e agradeço muito por isso.

Estava no quarto, mal havia acordado, e para piorar a situação, Artemis também estava lá. Sofia bateu na porta com força, e eu me vesti rapidamente para atender:

— Bom dia, Senhora Hidalgo.

— Bom dia. Hoje teremos o jantar de apresentação da noiva de Artemis. Quero que Hera esteja impecável e que você se certifique de cuidar dela.

— O horário do jantar não está no meu expediente.

— Você será paga pelo horário. Era só isso.

A vontade que eu tinha de empurrá-la escada abaixo era enorme, mas me contive. Ao entrar no quarto, encontrei meu amor dormindo como um anjinho, talvez o sono fosse o único momento em que ele tinha paz.

Me deitei de volta na cama, e senti as mãos dele puxarem minha cintura:

— Quem era?

— Sua mãe.

— O que ela queria? — Ele levantou, despertando.

— Veio me dizer que tenho que estar no jantar, para cuidar da Hera.

Ele ficou em silêncio:

— Não quero que ela fique perto de você. Você não vai ao jantar.

— Não quero problemas com a sua mãe.

Artemis ficou um pouco nervoso:

— Por que não quer que eu vá? — perguntei.

— A Valentina é uma pessoa horrível, e a minha mãe também não é das melhores. As duas  juntas em um ambiente fechado não vão ser legais. Não é uma boa ideia Di.

— Infelizmente, sou apenas a babá.

Levantei-me e fui em direção ao banheiro:

— Meus pais mencionaram a fazenda da sua família.

— O que disseram?

— Que você é muito rica e que não entendem o que você está fazendo aqui.

— Não contou a eles?

— Deveria?

— Só disseram isso?

— Na verdade, minha mãe está pegando muito no seu pé. Ela acha que você tem algum interesse em estar aqui.

Fiquei em silêncio:

— O mundo é pequeno, lembra daquela nossa conversa? Às vezes, é o destino.

Artemis olhou pra mim com uma expressão pensativa, como se estivesse processando tudo o que acabou de ouvir. Se aproximou de mim e segurou uma de minhas mãos :

— Talvez eles estejam certos, Diana. Talvez haja algo mais nos unindo aqui, mais do que podemos perceber.

𝘾𝙊𝙍𝘼𝙕𝙊́𝙉 - 𝘈𝘳𝘵𝘦𝘮𝘪𝘴 𝘏𝘪𝘥𝘢𝘭𝘨𝘰 Onde histórias criam vida. Descubra agora