Taças

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Katherinne


Na panela, o molho de tomate e vinho borbulhavam na água da pressão, enquanto a frigideira refogava o alho com azeite e frutos do mar em fogo baixo. O cheiro forte do Bouillabaisse se misturava com o sabor da caçarola assada e nada poderia ser tão prazeroso quanto a junção de uma nourriture tão bem feita.

Apesar disso, pensei por um instante que a cozinha poderia ser meu alicerce, que de certa forma me traria um pequeno alívio da angústia que queimava meu peito, mas não consigo me sentir completamente em paz quando penso em Castiel, que porventura está sentado na cadeira a minha frente, comendo da minha comida e me observando com seus olhos escuros.

Bobagem minha imaginar que depois de tanto atraso ele não viria, me fazendo questionar se eu deveria ter feito uma bandeja maior de comida ao invés de esperar um pouco de bom senso vindo de um homem como ele. Lembro-me de ter pedido para que ele guardasse nosso segredo, mas se Dake não souber sobre nós pela boca de Castiel, saberá pela dos meus pais.

Como em silêncio evitando percorrer meus olhos pelo ruivo, que parecia tão incomodado quanto eu perante a presença dos mais velhos, Castiel riscava o garfo na porcelana do prato até provocar pequenos ruídos estridentes, baixos o suficiente para não tirar a atenção da intensa conversa que perpetuava entre os demais convidados.

Observo por um momento o semblante temeroso de minha mãe, que comia com pressa e esquivava seus olhos dos meus, tentando talvez disfarçar desesperadamente o incômodo com a ilustre presença de seu ex genro, o mesmo que a 7 anos atrás ela desejou que tivesse morrido.Por outro lado, meu pai não parece sequer recordar quem ele é ou o que ele foi na minha vida, talvez porque naquela época ele estivesse muito ocupado sendo uma planta, sem presença paterna e sem perspectiva, apenas observando o que minha mãe fazia comigo e com meu relacionamento da adolescência.

Apesar disso, consigo entender que Castiel desapareceu da minha vida por escolha, mas Lucy foi um grande incentivo durante o tempo que ficamos juntos, seus julgamentos insensíveis o fizeram ir embora, junto de sua condição financeira, o sonho com a música e a precedente morte de seu pai quando éramos mais jovens; mas não o julgo, eu também teria ido embora se tivesse a chance de me livrar de uma sogra narcisista e uma namorada insegura.

— Filha... — Lucy me chama a atenção cutucando minha perna direita com a ponta do seu pé. — Podemos conversar um instante em particular? — Dake interrompe a conversa com Gabin e direciona sua atenção a mim e minha mãe.

— Conversar a sós? Mas estamos jantando todos juntos.

— Eu sei querido, mas isso é coisa de mulher sabe, preciso da ajuda de Kate. — Lucy parece estar esperando a aprovação de Dake para que possa se ausentar da mesa. Enquanto isso, imagino mil possibilidades para o desfecho da nossa conversa e me pergunto se existem explicações suficientes para esclarecer a Sra. Poulin sobre o repentino aparecimento do ruivo.

— Está bem, mas não demorem muito.

Levantei-me junto de minha mãe e caminhei apressadamente até o quarto de Adam. Lucy fechou e trancou a porta, parando em minha frente enquanto carregava consigo a seriedade em seu olhar.

— Pode me explicar o que está acontecendo, Kate? — Seus braços estão cruzados e o barulho do seu pé direito batendo no chão me deixava cada vez mais nervosa.

— Não tenho uma explicação para te dar, foi uma surpresa pra mim também.

— Está mentindo.

— Não estou mentindo, tudo isso é apenas uma coincidência. Dake foi contratado pela namorada do Castiel para ser seu empresário de banda, mas não pude contar nada sobre o nosso passado, ele ficaria louco se soubesse.

Reencontros - Castiel Amor doce +18Onde histórias criam vida. Descubra agora